Continua indomável o desafio da
vida, assim como permanece inderrogável a própria vida. Viver, meus filhos -
temos dito - é sinônimo de aprender, aprender como o estudante que, sempre de
série em série, por vezes naufraga na questão difícil, repetindo o ano para
firmar seu entendimento, ante a amplitude da sabedoria do Espírito.
Assim a vida: cumpre-nos considerá-la
Escola das escolas que se situam nos prédios, nas vilas, nos casebres e nas
mansões, onde quer, enfim, que se reúnam criaturas de Deus para o santificado
ministério da convivência no mundo.
Na vida, somos todos - meus filhos -
professores e alunos uns dos outros. Aprendemos e ensinamos. Não sabemos o
quanto ensinamos e o quanto aprendemos: lutamos. As posições que a vida nos
confere não querem significar que saibamos mais - nem que não o saibamos -,
mas, simplesmente, que precisamos aprender mais.
Não nos dá a criança lições
belíssimas, desde os primeiros momentos, e quando principia a descobrir o mundo
que a rodeia, dando pancadas - sem suficiente coordenação motora - nos objetos,
conquanto deseje exprimir a máxima curiosidade saudável, o desejo irrefreável
de aprender e o carinho que o sorriso não oculta nas faces rosadas, a
suplicar-nos também carinho e amor?
Deus nos faz pequeninos para que
saibamos o que é ser grande.
A criança, meus filhos, é o
testemunho de que na vida existe sempre um lado belo, porque bela é a evolução.
A vida é tão sublime que, não obstante crivá-la o homem de espinhos, ela não
deixa de ser o dom absoluto no Universo. Nem mesmo o suicida corta o fio de uma
etapa existencial por desejar a morte, propriamente dita, mas, sim, por
pressentir os horizontes da vida, e desejar, no íntimo, alucinadamente,
vivê-los. Para nós, ainda é assim: o supremo dom, o grande paradoxo.
Cultivemos o entendimento da vida
qual nos fornece o Espiritismo, procedendo com amor face aos bebês que dão
pancadas nos objetos fascinantes que lhes mostra o mundo. Procuremos
entendê-los como os que ainda não sabem expressar-se. Eles têm intensa
necessidade de nosso Amor.
Assim como a mãe será responsável
pelo filho que abandona, nós responderemos pelo que não fizermos em favor dos
milhares de Espíritos que ainda engatinham na escadaria da Evolução.
Muita Paz.
A
Escola das escolas
Bezerra de
Menezes
Reformador (FEB) Janeiro 1976
(Página recebida no Grupo Ismael -
FEB - Rio, RJ -, em 20-11-1975)
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