Ninguém, depois de acender uma
candeia,
a cobre com um vaso ou a põe debaixo duma cama;
pelo contrário, coloca-a sobre um velador,
a fim de que os que entram vejam a luz. (Lucas, 8:16,
Marcos, 4:21)
A palavra do Mestre de Todos os
Tempos envolve, sem dúvida, dois aspectos, muito importantes,
do problema evolutivo dos seres humanos, indispensáveis ao próprio
aperfeiçoamento: a) exemplificação, b) divulgação da verdade.
Pe. Manuel Bernardes, escritor,
poeta e filósofo português, advertia que “não
há modo de mandar ou ensinar mais forte e suave do que o exemplo: persuade sem
retórica, reduz sem porfia, convence sem debate, todas as dúvidas desata, e
corta caladamente todas as desculpas.”
Sêneca, o grande filósofo, preceptor
de Nero, sentenciava que “é longa a
estrada dos preceitos; a dos exemplos é breve e mais segura.”
S. Paulo faz a complementação: “O
amor nunca falha.”
Em nossos dias, no âmbito da
literatura mediúnico-espírita, o preceito, luminoso em sua essência e belo em
sua forma, vem de André Luiz, o seguro benfeitor: “A uniformidade entre o
movimento das suas ideias, dos seus conceitos e das suas ações, disseca, à
vista de todos, a fibra da sua vontade.”
E, em escala maior, Emmanuel, o
notável Instrutor Espiritual, indaga, sereno, compreensivo e bom: “Se possuímos
a luz da verdade, porque não seguir lhe a rota de luz?”
O Espiritismo é, realmente, a grande
escola.
Insuperável educandário, onde o
Evangelho e a Codificação Espírita distribuem, a mancheias, orientação e
consolo.
E nós - todos nós, em verdade -,
aprendizes quase sempre aptos a entender-lhes, no cérebro,
os ensinos, mas falhos, no coração, no cumprimento.
A Doutrina dos Espíritos, no
entanto, é, não apenas escola a ensinar e corrigir. É, também, farmácia
espiritual onde se buscam os medicamentos da fé, da esperança e da caridade, do
esforço, do esclarecimento e da persistência, destinados, por ingredientes
renovativos, a nos fortalecerem o coração, a nos clarearem o entendimento, de
modo a bem lhe vivermos as lições, naturalmente de acordo com as nossas
possibilidades individuais, quase sempre pequenas.
Com o Espiritismo, portanto,
conceitos e valores se reformulam. A caridade, com ele, não
é, exclusiva e simplesmente, o ato material de atendermos, transitoriamente, à
necessidade do companheiro que estagia na carência do pão e da roupa.
Com a Doutrina dos Espíritos,
caridade é, sobretudo veículo perene de ajuda substancial, nos escaninhos mais
profundos da psique; a fim de que o amparo se alongue no tempo e no espaço,
além das necessidades físicas.
Com ela, corrigir não é esmagar, ao peso
do verbo impiedoso ou da atitude desumana, mas ensinar com bondade e segurança,
reservando ao irmão que jornadeia indeciso a iniciativa de seguir o melhor.
O jardineiro ampara o tenro arbusto,
para que ofereça ele, mais tarde, a beleza e o perfume da flor.
No segundo aspecto da lição, de
Jesus - divulgar a verdade -, a palavra divina é convite ao trabalho incessante
de sua difusão, para que as luminosas expressões da verdade não se enclausurem
em bibliotecas ou gabinetes, mas se expandam, generosas e abundantes, na
tribuna, no livro, no jornal ou na mensagem esparsa, a exemplo da linfa
cristalina e pura que, fluindo nas encostas, fertiliza vales imensos.
Com todo o respeito aos que buscam a
Deus noutros sítios religiosos, filosóficos ou científicos, e até mesmo
niilistas, a Moral Espírita, em plena harmonia com a Moral Cristã, simboliza a
candeia que não devemos ocultar, mas pô-la em lugar bem visível, no altar de
nossas realizações internas e externas, especialmente daquelas, para que seus
reflexos alcancem outras consciências e outros corações.
Todos nós, almas em processo de
redenção e aperfeiçoamento, constituímos a farândula das almas que, em passado
próximo ou remoto, esquecemos o endereço de Deus.
Divulgar o Espiritismo, com nobreza
e dignidade, com seriedade e critério e com absoluto respeito aos seus
princípios e à elevação dos Benfeitores Espirituais, não significa anseio de
proselitismo. Nosso objetivo, fraterno, é de que as alegrias que fruímos, como
partícipes dos banquetes de luz da Terceira Revelação, se estendam a outras
inteligências, encarnadas e desencarnadas, ainda no clima da incerteza e da
aflição.
Exemplificar e Divulgar
J. Martins Peralva
Reformador (FEB) Fevereiro 1970
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