Grandes
devem ser as preocupações do médium verdadeiramente compenetrado de seu papel
no Espiritismo. Sua responsabilidade é realmente extraordinária, tanto quanto à
parte que lhe diz respeito, porque está ligada ao seu futuro espiritual, como a
que se relaciona ao serviço que dele espera o Espiritismo, para atender às necessidades
daqueles que sofrem e buscam em nosso ambiente lenitivo para suas aflições.
Ser médium é uma graça do Alto, mas
é, ao o tempo, um compromisso muito grave, do qual ninguém se esquiva impunemente.
Temos dito, porque essa é uma verdade universalmente consagrada, que a
mediunidade constitui sempre, sejam quais forem as circunstâncias, uma
oportunidade concedida ao espírito encarnado. Portanto, o exercício normal das
faculdades mediúnicas, sob orientação evangélica, representa benefício incomum
para o médium e para os que são favorecidos por sua mediunidade. Nem todos, infelizmente,
assim compreendem a nobre missão que lhe cabe e não raro dão pouco valor ao
prêmio recebido, malbaratando-o numa indiferença lamentável ou mercantilizando-o,
. sem a mais mínima noção das lutuosas consequências que poderão desabar sobre
si.
*
Os ensinamentos dos Espíritos insistem
em recomendar o cultivo da humildade, porque esta é a primeira condição do
homem que realmente compreende as palavras do Cristo; “...todo aquele que se eleva
será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado". Todavia é
preciso interpretarmos no bom sentido as
palavras do Mestre. Positivamente, Ele
não deseja que nos abaixemos servilmente, mas que saibamos ser sempre
e sempre, invariavelmente, humildes, que nos abaixemos do orgulho comum,
despindo-nos do sentimento ególatra e apresentando nossa alma nua de
preconceito, mas coberta de simplicidade.
O médium tem o dever de cultivar a
humildade em todos os sentidos. Jesus não recomenda que sejamos servis, mas que
sejamos humildes. A humildade é gloriosa, porque não afronta nem escandaliza.
Ela é simples, porque não se esconde na simulação, mas vive imersa na sinceridade.
Uma das mais belas lições que os médiuns devem recordar a todos os instantes
está neste trecho de “0 .Livro dos Espíritos": “Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a
ninguém ê concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de
coração e a humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades
será preferido ao sábio que mais crê em si
do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria
das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam
a criatura e isso por uma razão muito natural; a de ser a humildade um ato de
submissão a Deus, ao passo que o orgulho é a revolta contra Ele. Mais vale,
pois. que o homem, para felicidade do seu futuro, seja pobre em espírito, conforme
o entende o mundo, e rico em qualidades morais.”
*
A humildade deve ser atributo de
todo ser humano. A criatura que sabe ser humilde possui força moral invencível.
Vê mais longe as coisas e sua visão não se deturpa na miragem que o orgulho
desenvolve, O médium precisa estar sempre atento em defesa de suas prerrogativas
de escolhido para as tarefas espíritas. Deve fugir da vaidade, que é irmã. germana
do orgulho. Tem de se precatar contra a auto suficiência, para que os obsessores
não encontrem, em sua personalidade, qualquer ponto vulnerável por onde possam
realizar obra daninha. Deixando-se guiar pelo “Evangelho segundo o Espiritismo” o Livro
Mestre do Cristianismo Redivivo, poderá estar tranquilo quanto ao seu trabalho
e quanto ao seu futuro. Todavia, é mister não esquecer que mediunidade pode
também ser sacrifício. Quem diz sacrifício diz dedicação, compreensão e renúncia.
Nossa vida atual está intimamente ligada às vidas que nosso espirito exerceu em
encarnações anteriores. Não há elo solto na vida cósmica, como não há elo
perdido no mundo espiritual, nem elo abandonado na peregrinação terrena. Somos
elos de uma imensa corrente que é a Humanidade, porque nossos pensamentos,
nossos atos, nossa vida, enfim, está mais ligada do que pensamos aos
pensamentos, aos atos, e à vida dos nossos semelhantes. Em virtude do olvido a
que a encarnação obriga todos os espíritos, desconhecemos, geralmente, o grau
de ligação que nos mantém ao lado das outras criaturas humanas. E isto deve
levar-nos a meditar sobre a necessidade de ser bom para com todos,
indistintamente, servindo sempre aos que se debatem nas trevas da ignorância,
amparando os que ser mostram trôpegos na caminhada para a melhoria moral.
Dizer-se que somos todos irmãos não é simples jogo de palavras, mas uma verdade
grandiosa.
*
Na vida universal tudo se acha relacionado
entre si. Somos como que pequenas entidades moleculares no grande todo
universal. Não temos em que nos apoiar firmemente para justificar o orgulho e o
egoísmo, os quais contradizem a harmonia cósmica. O médium, mais do que qualquer outra criatura humana, constitui
elemento aglutinante nos conglomerados humanos. Está servido de meios para
realizar grande tarefa de fraternidade. Essa tarefa, é bem mais ampla do que se
supõe. Ela ultrapassa, deve, pelo menos, ultrapassar a esfera humana, propriamente
dita, e alcançar o reino animal, o reino vegetal, onde quer que o bem possa ser
exercido. Em “Os Quatro Evangelhos”, uma das obras magistrais do Espiritismo, o
médium encontra igualmente insuperável manancial de conhecimentos, muito úteis
à sua peregrinação terrena. Se tivéssemos alguma autoridade para indicar
leituras úteis aos médiuns em geral, apontar-lhes-íamos o seguinte rumo:
I - “O Evangelho
segundo o Espiritismo”
II - “O Livro dos
Espíritos”
III - “O Livro dos
Médiuns”
IV - “Os Quatro
Evangelhos”
O estudo, a assimilação do que
contém essas obras magistrais, e o esforço cotidiano para exemplificar os
ensinamentos que nelas podem ser colhidos, mostram o rumo seguro e abençoado de
todos aqueles médiuns ou não, que desejam encontrar a rota luminosa traçada por
Jesus e adotada pelo Espiritismo. Nessa obras encontramos todo um curso de
Espiritismo destinado ao esclarecimento dos médiuns. Outras, muitas outras,
dezenas, centenas até, de grandes obras há para a formação cultural espírita,
mas não suplantam as que acabamos de citar. “O Evangelho segundo o Espiritismo”
é obra de leitura diária, de meditação cotidiana. Deve acompanhar-nos a vida
inteira, não para a decoração de estantes, mas como ração certa de pão
espiritual de todos os dias. Os comentários feitos após os textos do Evangelho
de Jesus constituem também lições edificantes, que servem a qualquer cristão,
tão elevados são os conceitos ali emitidos, tão profundo seu alcance moral.
Um médium consciente de seus deveres
estuda sempre e procura tenazmente exemplificar as lições estudadas. Mas,
repetimos, seu primeiro passo deve ser no terreno da humildade esclarecida, que
compreende a vida em face do Espiritismo e sabe desculpar os excessos alheios,
evitando comete-los também. A grandeza moral do Espiritismo decorre da sua estrutura
evangélica. Ele está no Evangelho, porque está nas lições do Cristo e só ele
pode explicar, sem o mistério impenetrável dos "milagres", a verdade
dos atos de Jesus e o alcance de suas palavras parabólicas.
Ser médium é uma graça do Alto mas é
igualmente uma enorme responsabilidade em face de Deus!
A Graça da Mediunidade
Indalício Mendes
Reformador (FEB) Outubro 1955
Ser médium é responsabilidade dada pelo Nosso Criador.
ResponderExcluirÉ tarefa árdua pois não nos bastará o conhecimento dos valores morais.
Conscientes de que nossa vida atual está entrelaçada com experiências vivenciadas em vidas anteriores, só nos cabe a postura de cristãos em nossos atos, pensamentos e sentimentos, A humildade deve ser o nosso baluarte sempre.