É
de vital importância para o espírita o conhecimento real da Doutrina, base e
fundamento da nossa crença. Ela possui todos os elementos necessários à
orientação correta e segura dos profitentes do Espiritismo. Quanto mais se
puder evitar as deturpações oriundas do Espiritismo. Quanto mais se puder
evitar as deturpações oriundas de insuficiente conhecimento ou da assimilação
dos princípios doutrinários, tanto melhor para os espíritas e para o
Espiritismo. Precisamos compreender que a nossa crença não se destina ao
cultivo de superstições e preconceitos, mas justamente ao esclarecimento da
verdade, a fim de que todos possamos realizar uma vida simples e objetiva, que
nos leve à exemplificação dos preceitos contidos no Evangelho segundo o
Espiritismo. Devemos, pois, permanecer fiéis ao espírito de nossa Doutrina e
prestigiá-la pelo estudo e pelo exemplo. Isto é bem mais importante de que se
possa admitir à primeira vista. O espírito esclarecido não pode deixar de
guiar-se pelo Evangelho e pela Doutrina, porque em ambos alcançará o verdadeiro
rumo para a felicidade espiritual e a compreensão legítima dos deveres compatíveis
com a vida terrestre.
É na Doutrina que os espíritas
encontrarão os melhores argumentos para o próprio esclarecimento e a iluminação
daqueles que buscam a paz e a compreensão que o Espiritismo pode dar. Ela é um
poderoso elemento disciplinador e possui grande poder para unificar, dando aos
espíritas a indispensável solidez de opinião a cerca dos problemas fundamentais
da vida e dos objetivos primaciais do Espiritismo. Aqueles que se uniram à
Federação Espírita Brasileira, aceitando, consequentemente, a Doutrina
codificada por Allan Kardec, formam elos de uma grande e forte corrente cristã,
destinada à consumação dos propósitos contidos no Evangelho segundo o
Espiritismo, obra santificada pelos princípios de Jesus, interpretados em
espírito e verdade. Tão grande e benemérita é a finalidade do Espiritismo, que
dele se pode dizer que é a luz que veio dar à Humanidade o verdadeiro sentido
das palavras cristãs, porquanto é o Paracleto prometido pelo suave Nazareno. O
Espiritismo não pertence a ninguém, não é de grupos humanos, pois provém do
Alto, que é obra dos Espíritos, mensageiros do Cristo, que realizam, entre todas
as dificuldades imagináveis, engendradas pela ignorância do homem, o trabalho cristão
que há de redimir as criaturas pela elucidação
, pelo ensino, pelo exemplo. Recordemos
estas palavras de André Luiz: "O Espiritismo com Jesus é
o edifício do aperfeiçoamento moral que os corações de boa vontade estão erigindo
para o mundo."
*
Pela Doutrina espírita, o homem aprende
a compreender a vida e se exercita na tolerância esclarecida, Sabe que o
aperfeiçoamento progressivo do espírito tem de ser fruto da autoeducação.
Conhecendo o rumo traçado pela Doutrina, pode seguir nesse caminho a passos firmes,
porque sabe para onde se dirige e o que o aguarda ao fim da jornada. Todavia, é
mister conhecer e principalmente estudar a Doutrina. Ela tem de ser nossa
preocupação constante porque, tal como a bússola, precisa de ser consultada a
todos os momentos para que possamos retificar nossa rota, muitas vezes desviada
sem que o percebamos. Uma vez assentada nossa diretriz, sob a luz do Evangelho segundo
o Espiritismo,
podemos estar certos de que, desde que não nos falte o testemunho indispensável
da exemplificação cotidiana, no inclinaremos para Jesus, fiéis às diretrizes por ele traçadas
para a Humanidade.
*
Podemos saber tudo concernente ao
Espiritismo. Desde que desconheçamos o Evangelho e a Doutrina Espírita, nada
sabemos. O primordial e essencial é o estudo diário, a meditação frequente, a
exemplificação permanente, para que possamos ter a consciência absolutamente
tranquila quanto ao nossos deveres para com o Pai e o Cristo. Muitas
obscuridades poderão desaparecer mediante a compreensão da Doutrina Espírita
que está iluminada pelo Evangelho segundo o Espiritismo. Conheçamos as leis
reguladoras da vida do espírito sob o fardo da matéria. Interpretemos
devidamente a correlação da vida presente, terrena, com a vida futura,
espiritual. Saibamos discernir com serenidade o papel que representamos na
vida, perante os nossos semelhantes e, sobretudo, perante Deus e Jesus. Ser espirita
apenas porque se aceita o fenomenismo psíquico, sem haver enriquecido o coração
com as luzes do Evangelho e da Doutrina codificada pelo mestre Allan Kardec, é
mera fantasia. Não é espírita quem não .realiza a exemplificação do Evangelho e
da Doutrina. Essa exemplificação é que
define se somos realmente espíritas ou se apenas somos uns teóricos, de pena
fácil e palavra solta, que arrancamos elogios dos que nos leem ou nos ouvem,
mas não fazer colheita satisfatória, porque a semeadura, em tais condições, é
ilusória.
Estudar a Doutrina, explica-la com
simplicidade e clareza, disseminá-la entre aqueles que dela necessitam e não
sabem busca-la por si mesmos, é realizar plantio abençoado. Quem assim procede,
pode aguardar serenamente a colheita, porque terá dado ao Espiritismo a
garantia de uma boa safra. Quanto mais for a Doutrina Espírita
estudada e compreendida, espalhada e assimilada, maia forte estará o
Espiritismo. E é preciso que assim seja porque não sabemos o dia de amanhã.
Precisamos ser previdentes e efetuar e efetuar o plantio com escrupulosa atenção, para que o futuro não
nos surpreenda desprevenidos.
Doutrina
Espírita
Indalício Mendes
Reformador (FEB) Setembro 1955