O Espiritismo, Com a passagem do primeiro Centenário de “O Livro dos Espíritos", obra que iniciou a ciclópica tarefa apostolar de Allan Kardec para a Codificação, entrou numa fase nova, iniciada em 18 de Abril de 1957, com o lançamento do primeiro selo postal espírita no mundo.
Mais do que nunca, devem os
espíritas manter-se unidos em torno da Doutrina, reafirmando pelo trabalho sua
fidelidade a Kardec e sua fé inquebrantável no futuro espiritual da Humanidade,
através dos ensinamentos da Terceira Revelação. Este é o dever dos que são
íntima e substancialmente espíritas, por prezarem os princípios doutrinários e
defendê-los através da exemplificação constante. -
O espírita revela sua condição pelas
ações que pratica e também pela involubilidade de suas atitudes. Empresta sua
decidida colaboração à obra comum do Espiritismo, não desertando do posto que
aceitou, por ter sempre vivas na lembrança estas palavras de Jesus: “A seara,
na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos." Dado o
desenvolvimento extraordinário do Espiritismo, as tarefas de assistência espiritual,
moral e material à Humanidade crescem muito depressa, exigindo mais
trabalhadores, que se lembrem menos de si mesmos do que do próximo, alimentando
o ideal espírita com o altruísmo, sem permitir que a vaidade e o egoísmo
empecem o trabalho que devem efetuar.
A ação espírita, quando
perfeitamente subordinada às normas doutrinárias, exerce-se sem bulha, porque
os espiritistas devem sempre fazer o bem sem se preocuparem com os
agradecimentos dos beneficiados nem com a divulgação de seus esforços nesse
sentido. Só assim o trabalho espírita será conforme à Doutrina, pois não há
lugar para a egolatria dentro do Espiritismo, nem tão pouco deve haver
oportunidade para o endeusamento pessoal.
Respeitando embora o livre arbítrio
de cada um, a Terceira Revelação esclarece e fixa a responsabilidade individual
nas tarefas realizadas ou em curso de realização. Há quem goste de chamar a
atenção de terceiros para o que faz, a fim de que todos saibam da sua bondade e
do seu espírito caritativo, da sua dedicação e do seu pendor para o bem. Quem
assim procede não está de acordo com estas palavras do Evangelho: "lgnore
a vossa mão esquerda o que a direita der." O orador que ocupa a tribuna
espírita mais preocupado com os aplausos do que com a substância de seu arrazoado,
é um pobre servo da vaidade. Necessita de amparo espiritual. O esmoler que socorre
a miséria, mas deseja testemunhas para o seu ato, é mais infeliz do que o
desgraçado a quem socorre. Do mesmo modo, o
escritor que se esmera na divulgação de textos escorreitos, sem eximir-se da
ânsia de ouvir louvaminhas à sua obra e ditirambos ao seu talento perde seu
esforço, imolando-o ao Moloque do orgulho e da presunção.
O trabalho espírita, seja onde e
quando for, exige eficiência, continuidade, discrição e sinoeridade. Sem esses
atributos, a ação espírita se dilui, anulando-se no personalismo negativo. O
Centenário da Codificação deve sugerir a cada um de nós severa revisão da
conduta que vimos tendo na vida. Precisamos reexaminar nossos pensamentos e a
diretriz que seguimos. Pode suceder que não estejamos sendo realmente fiéis à
Doutrina, desviados em atalhos aparentemente insignificantes. O frequente exame
de consciência nos poderá dar uma ideia da fidelidade que supomos guardar à
nossa religião, que é a legítima religião cristã, por ser a mais obediente aos
ditames de Jesus. Se nos mantivermos estreitamente ligados às lições
doutrinárias que nos legou Allan Kardec, então, sim, poderemos ficar tranquilos
porque estaremos cumprindo nossos deveres.
Fidelidade à Doutrina
Espírita
F. Salústio
Reformador (FEB) Junho 1957
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