sábado, 18 de abril de 2015

A Religião Pura

A Religião Pura
por Almerindo Martins de Castro
Reformador (FEB) Maio 1972

            Uma das mais belas e verdadeiras conquistas da consciência contemporânea é, sem dúvida, a ressurreição dos imortais princípios do Evangelho, mostrados em toda a grandeza da sua moral inexcedível e na simplicidade eloquente das leis que regem as coisas do mundo espiritual.

            Foi em vão que durante os séculos decorridos os doutores das igrejas procuraram a interpretação da palavra divina e tentaram fixá-la em tortuosos compêndios teológicos, criando preceitos, dogmas, mandamentos, penalidades, bênçãos, recompensas, anátemas, regulamentando a Fé, legislando sobre a misericórdia de Deus.

            Correram os tempos, rolaram no pó os sábios da “ciência religiosa", apagaram-se da memória da época as doutrinas que serviram de bandeira às guerras, perseguições e carnificinas.

            Só a Verdade permaneceu incorruptível à ação destruidora das religiões, panaceias que à sombra do nome de Deus exploram e enganam as consciências, ensinando preceitos que elas próprios fraudam, quando precisam afastar os perigos dos concorrentes ao monopólio das “graças celestiais”.

            Surgem as lutas; destroem-se os homens, derramando sangue fraterno, para reabilitação de pretensas verdades; renovam-se, substituem-se as fórmulas religiosas, corrompem-se os preceitos que o Senhor revelou, mas a Verdade permanece sob as cinzas dessas fogueiras de ódios, erros e intolerâncias, para ressurgir mais pura e mais gloriosa na  fulgente grandeza que Deus lhe deu.

            E a cada estágio de evolução espiritual, à medida que as criaturas evoluem para os estados mais perfeitos, na escala ascensional da regeneração, a Verdade emerge mais transparente, despida dos atavios grosseiros com que a pseudo sabedoria dos homens pretendeu vesti-la e apresentá-la aos olhos da humanidade.

            Volvendo as vistas para o passado, podemos verificar os sistemas religiosos que  naufragaram nas revoltas águas da ignorância e superstição, quando os corifeus da “ciência religiosa" pretenderam regulamentar, com frágeis disciplinas humanas, os preceitos divinos, cujas menores palavras são maiores que toda a filauciosa onisciência terrena.

            E hoje, que se opera em todo o orbe o renascimento da Palavra de Deus, vemos ruir todas as muralhas erguidas, à semelhança de fronteiras, para fechar dentro delas a alma humana, acorrentada aos falsos preceitos que criaram intermediários religiosos entre a miséria das criaturas e a misericórdia do Senhor.

            A Verdade avança, derruindo todos os preconceitos, mesmo os da Ciência oficial, afirmando-se, pela sua origem divina, através das revelações que nos vem de um mundo  fora da matéria palpável. Verdade que vive - esfíngica para uns, diáfana para outros - nos fatos contemporâneos, que desmentem a sabedoria dos homens, desde as intangíveis leis da gravidade, da Física, até as sagradas liturgias das igrejas.

            E é em nome da Verdade, invicta e incruenta, que uma Nova Revelação vem dizer às criaturas que Deus não conhece seitas, nem templos, nem amaldiçoa, nem renega.

            Deus é Espírito e em Seu seio acolhe todos os Espíritos que, à semelhança do filho pródigo da parábola evangélica, esbanjando os cabedais paternos e são de novo tocados pelo amor ao Pai a Quem haviam voltado as espaldas, mas ao lar do qual voltam cheios de remorso e arrependimento, regenerados pelas dores e pelas agruras sofridas nas existências áridas e trevosas em que nunca viram brilhar a luz miraculosa da Verdade. 

            É em nome dessa Verdade que uma Nova Revelação vem dizer às criaturas: Abrindo os corações à Fé, seguindo os preceitos marcados nos Dez Mandamentos, rogando - com palavras inspiradas pela sua própria inteligência - a misericórdia e as bênçãos de Deus, fazendo aos outros aquilo que desejarmos nos façam, fugindo ao mal e procurando atrair o bem por meio de bons pensamentos, teremos assegurado a felicidade eterna da Alma imortal que, sendo uma centelha divina, precisa manter-se pura par regressar à fonte de origem imaculada.

            A Nova Revelação vem dizer ao formigueiro humano: Não se busque a Verdade
entre os erros da Terra. A Verdade está em Deus, Deus é Espírito e em Espírito deve ser procurado, compreendido e amado.


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