A
Religião Pura
por Almerindo
Martins de Castro
Reformador (FEB) Maio 1972
Uma das mais belas e verdadeiras
conquistas da consciência contemporânea é,
sem dúvida, a ressurreição dos imortais princípios do Evangelho, mostrados em
toda a
grandeza da sua moral inexcedível e na simplicidade eloquente das leis que
regem as coisas
do mundo espiritual.
Foi em vão que durante os séculos
decorridos os doutores das igrejas procuraram a
interpretação da palavra divina e tentaram fixá-la em tortuosos compêndios
teológicos, criando
preceitos, dogmas, mandamentos, penalidades, bênçãos, recompensas, anátemas, regulamentando
a Fé, legislando sobre a misericórdia de Deus.
Correram os tempos, rolaram no pó os
sábios da “ciência religiosa", apagaram-se da memória da época as doutrinas que serviram de bandeira às guerras, perseguições e carnificinas.
Só a Verdade permaneceu incorruptível
à ação destruidora das religiões, panaceias que à sombra do nome de Deus
exploram e enganam as consciências, ensinando preceitos que elas próprios
fraudam, quando precisam afastar os perigos dos concorrentes ao monopólio das “graças
celestiais”.
Surgem as lutas; destroem-se os
homens, derramando sangue fraterno, para reabilitação de pretensas verdades;
renovam-se, substituem-se as fórmulas religiosas, corrompem-se os preceitos que
o Senhor revelou, mas a Verdade permanece sob as cinzas dessas fogueiras de
ódios, erros e intolerâncias, para ressurgir mais pura e mais gloriosa na fulgente grandeza que Deus lhe deu.
E a cada estágio de evolução
espiritual, à medida que as criaturas evoluem para os estados
mais perfeitos, na escala ascensional da regeneração, a Verdade emerge mais transparente,
despida dos atavios grosseiros com que a pseudo sabedoria dos homens pretendeu vesti-la
e apresentá-la aos olhos da humanidade.
Volvendo as vistas para o passado,
podemos verificar os sistemas religiosos que naufragaram nas revoltas águas da ignorância e
superstição, quando os corifeus da “ciência religiosa" pretenderam regulamentar,
com frágeis disciplinas humanas, os preceitos divinos, cujas menores palavras
são maiores que toda a filauciosa onisciência terrena.
E hoje, que se opera em todo o orbe
o renascimento da Palavra de Deus, vemos ruir todas
as muralhas erguidas, à semelhança de fronteiras, para fechar dentro delas a alma humana,
acorrentada aos falsos preceitos que criaram intermediários religiosos entre a
miséria das criaturas e a misericórdia do Senhor.
A Verdade avança, derruindo todos os
preconceitos, mesmo os da Ciência oficial, afirmando-se,
pela sua origem divina, através das revelações que nos vem de um mundo fora da matéria palpável. Verdade que vive -
esfíngica para uns, diáfana para outros - nos fatos
contemporâneos, que desmentem a sabedoria dos homens, desde as intangíveis leis da
gravidade, da Física, até as sagradas liturgias das igrejas.
E é em nome da Verdade, invicta e incruenta,
que uma Nova Revelação vem dizer às
criaturas que Deus não conhece seitas, nem templos, nem amaldiçoa, nem renega.
Deus é Espírito e em Seu seio acolhe
todos os Espíritos que, à semelhança do filho pródigo
da parábola evangélica, esbanjando os cabedais paternos e são de novo tocados pelo
amor ao Pai a Quem haviam voltado as espaldas, mas ao lar do qual voltam cheios de
remorso e arrependimento, regenerados pelas dores e pelas agruras sofridas nas
existências áridas e trevosas em que nunca viram brilhar a luz miraculosa da
Verdade.
É em nome dessa Verdade que uma Nova
Revelação vem dizer às criaturas: Abrindo os corações à Fé, seguindo os preceitos
marcados nos Dez Mandamentos, rogando - com palavras
inspiradas pela sua própria inteligência - a misericórdia e as bênçãos de Deus, fazendo
aos outros aquilo que desejarmos nos façam, fugindo ao mal e procurando atrair
o bem
por meio de bons pensamentos, teremos assegurado a felicidade eterna da Alma
imortal que, sendo uma centelha divina, precisa manter-se pura par regressar à
fonte de origem
imaculada.
A Nova Revelação vem dizer ao
formigueiro humano: Não se busque a Verdade
entre
os erros da Terra. A Verdade está em Deus, Deus é Espírito e em Espírito deve
ser procurado,
compreendido e amado.
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