sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Um inimigo só

'Um inimigo só'
Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Julho 1955      

            Quando a luz do conhecimento evangélico penetra o plano obscuro de nossa mente, estabelece-se a divisão, no mundo de nossa alma, entre o bem e o mal, entre a claridade e a treva...

            Compreendemos, então, que o nosso conceito de paz se modifica. E observamos, espantados, a paz do cofre recheado de ouro, que se transforma, com o tempo, em aflição da avareza; do excessivo reconforto da carne que, não raro, se converte em moléstia infeliz; da alegria da herança amoedada que, frequentemente, desaparece em amarga tortura mental; do contentamento da posse efêmera, que, pouco a pouco, dá lugar a lamentável escravidão do espírito; da mentirosa segurança do poder humano que, cedo, se mergulha na pesada corrente do desencanto...

            Chegamos, assim, a entender que a paz fictícia da morte moral acompanha sempre os iníquos e os perversos, os maus aparentemente triunfantes e os enganados de todos os matizes, que despertam, invariavelmente, nos espinheiros da dor e da desesperação.

            Por isso mesmo, a revelação do Evangelho em nós, na profunda intimidade de nossa alma, é guerra - luta imensa - que nos compele ao aprimoramento incessante, e, se nos vemos, realmente, muitas vezes separados de nossos familiares e de nossos laços mais queridos ao coração, segundo o ensinamento da Boa Nova, somos obrigados a reconhecer que, nesse combate sem sangue do nosso campo interior, somente possuímos um grande inimigo - o nosso próprio "eu", separado da verdade divina, que precisamos reestruturar, nos moldes do nosso Divino Mestre, a golpes de sacrifício pessoal, a fim de que nos coloquemos ao encontro da grande fraternidade, para a vitória plena do amor em nosso espírito, em marcha sublime para a nossa destinação de filhos de Deus, na glória da vida
imortal.


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