'Um
inimigo só'
Emmanuel
por Chico
Xavier
Reformador (FEB) Julho 1955
Quando a luz do conhecimento
evangélico penetra o plano obscuro de nossa mente, estabelece-se a divisão, no
mundo de nossa alma, entre o bem e o mal, entre a claridade e a treva...
Compreendemos, então, que o nosso
conceito de paz se modifica. E observamos, espantados, a paz do cofre recheado
de ouro, que se transforma, com o tempo, em aflição da avareza; do excessivo
reconforto da carne que, não raro, se converte em moléstia infeliz; da alegria
da herança amoedada que, frequentemente, desaparece em amarga tortura mental;
do contentamento da posse efêmera, que, pouco a pouco, dá lugar a lamentável
escravidão do espírito; da mentirosa segurança do poder humano que, cedo, se
mergulha na pesada corrente do desencanto...
Chegamos, assim, a entender que a
paz fictícia da morte moral acompanha sempre os iníquos e os perversos, os maus
aparentemente triunfantes e os enganados de todos os matizes, que despertam, invariavelmente,
nos espinheiros da dor e da desesperação.
Por isso mesmo, a revelação do
Evangelho em nós, na profunda intimidade de nossa alma, é guerra - luta imensa
- que nos compele ao aprimoramento incessante, e, se nos vemos, realmente, muitas
vezes separados de nossos familiares e de nossos laços mais queridos ao
coração, segundo o ensinamento da Boa Nova, somos obrigados a reconhecer que,
nesse combate sem sangue do nosso campo interior, somente possuímos um grande
inimigo - o nosso próprio "eu", separado da verdade divina, que
precisamos reestruturar, nos moldes do nosso Divino Mestre, a golpes de
sacrifício pessoal, a fim de que nos coloquemos ao encontro da grande
fraternidade, para a vitória plena do amor em nosso espírito, em marcha sublime
para a nossa destinação de filhos de Deus, na glória da vida
imortal.
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