domingo, 18 de janeiro de 2015

O Cardeal Arcoverde encerra a sessão

O Cardeal Arcoverde
encerra a sessão
Ismael Gomes Braga
Reformador (FEB) Setembro 1955

            As sessões de doutrinação em Pedro Leopoldo (Minas Gerais) são feitas de portas fechadas, como recomendava Allan Kardec, e repetem hoje os nossos Guias. Nelas só tomam parte os membros do grupo, os médiuns e doutrinadores.

            Por uma graça especial dos Guias, foi-nos permitido assistir a uma dessas sessões, em 21 de Julho de 1955, quando no Rio de Janeiro se realizava o 36º Congresso Eucarístico Internacional. Foi muito penoso para todos nós entrarmos em contato com os grandes sofredores desencarnados, ouvirmos histórias horríveis de grandes faltas e suas tremendas consequências.

            Seria uma impiedade expor tão sangrentas chagas diante do público. Delas não trataremos aqui. Muitos sofredores dão seu nome, mesmo sem serem interrogados, e contam suas tristes histórias. Apenas vamos registar que os doutrinadores trabalham com muito amor e inteligência, ajudando os sofredores.

            A prece de encerramento foi a única comunicação da noite que se gravou em fita para ser mais tarde datilografada. Fê-la com muito sentimento o luminoso Espírito do Cardeal Joaquim Arcoverde que, ao terminar sua oração, disse algumas palavras de saudação e declinou o seu nome.

            Eis a prece, obtida psicofonicamente, por incorporação no médium Francisco Cândido Xavier:

            Jesus!
            Senhor e Mestre!

            Nesta hora em que a Igreja Católica Romana, de que temos sido modesto servidor, se engalana, no Brasil, com os júbilos do Trigésimo Sexto Congresso Internacional das Forças que a representam, derrama sobre nós a bênção do teu olhar.
            Ensina-nos que a tua causa é aquela do amor que exemplificaste e que, por isso, não há cristãos separados, mas, sim, ovelhas dispersas de teu aprisco, a se dividirem provisoriamente nos templos da fé viva, em que a tua Doutrina é venerada.
            Tu que desceste da glória à manjedoura para servir-nos, induze-nos à humildade para que te não injuriemos o nome com a mentirosa soberbia do ouro terrestre.
            Tu que estendeste a abnegação aos próprios verdugos, inclina-nos à bondade e à tolerância, a fim de que sejamos verdadeiros e fiéis irmãos uns dos outros.
            Tu que nos recomendaste a oração pelos que nos perseguem e caluniam, expulsa de nossa vida o ódio e a crueldade, a discórdia e o fanatismo, que tantas vezes nos envenenam os corações.
            Tu que te detiveste, entre cegos e estropiados, enfermos e paralíticos, distribuindo o socorro e a esperança, impele-nos a deixar nossa velha torre de egoísmo e isolamento, a fim de consagrarmo-nos contigo à exaltação do bem.
            Tu que não possuíste uma pedra onde repousar a cabeça, guia-nos ao desprendimento e à caridade, para que a embriaguez da efêmera posse humana nos não imponha a loucura.
            Senhor, nós, os religiosos da tua revelação, abusando do poder da fortuna, temos nossos deveres para com o mundo que, engodado pela inteligência transviada nas trevas, ainda agora se dirige para a deflagração de pavorosa carnificina.
            Divino Pastor, compadece-te do rebanho desgarrado nos espinheirais da ilusão e da sombra! Perdoa-nos e ajuda-nos.
            Mestre, faze que os sacerdotes retos, que já atravessaram as cinzas do túmulo, voltem de novo à Terra, em auxílio de seus irmãos que ainda se mergulham no nevoeiro da carne!..
            E que todos nós, acordados para a justiça, possamos retornar ao teu Evangelho de amor puro e simples, louvando-te o apostolado de luz, para sempre.

            Infelizmente, a escrita não pode reproduzir a beleza da voz com que foram ditas estas palavras, em tom pausado, emocionante, solene, majestoso, que nos tocou profundamente os corações ao ouvi-las.


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