Kardec e Roustaing,
dois
grandes médiuns
Reformador (FEB) Dezembro 1946
“O Espiritismo tem sido, de uns
poucos anos a esta parte, o lenitivo de muitas dores profundas e dantes
inconsoláveis, por ter-nos trazido a interpretação, em Espírito e Verdade, dos
textos evangélicos, que até então se nos apresentavam velados pela letra que
mata. A sua demora em aparecer como doutrina, foi natural, em virtude de, só
agora, encontrar-se a Humanidade devidamente preparada para ter conhecimento do
verdadeiro significado das palavras de Jesus.
Há um nome que ficará eternamente
ligado ao do Espiritismo, que é: Léon Hipolite Denizart Rivail, mais conhecido
pelo pseudônimo de Allan Kardec.
Espírito lúcido, de grande hierarquia
espiritual, que tomou sobre os ombros a grande responsabilidade de codificar a
doutrina que viria ressuscitar a Boa-Nova trazida para a Terra há dois mil
anos, pelo Cristo, e que até aqui fora quase que afogada em meio do orgulho e
demais sentimentos mesquinhos dos homens.
Tinha, porém, que se cumprir a
promessa de Jesus, referente à vinda do Consolador. Para isso, necessário seria
que um Espírito de escol o precedesse, a fim de preparar-lhe as bases.
Foi esta missão confiada a Kardec, o
qual, com mestria ímpar, como real artífice que era, como metodizador
incomparável, digno discípulo de Pestalozzi, fez um trabalho que ficará
indelével para a Humanidade; que jamais será abalado em seus alicerces. É certo
que muito lhe será acrescentado, ainda, pois ele mesmo o afirmou que não tinha
dito a última palavra, pois a última palavra pertence ao Pai. Roustaing já
acrescentou muita coisa ao que disse Kardec. E basta que leiamos as últimas
obras ditadas pelo Espírito de André Luiz, para que nos apercebamos da verdade
do exposto com relação à elasticidade da Doutrina. E não se pode duvidar de
tais obras, de vez que foram elas prefaciadas pelo Espírito de Emmanuel, a quem
já conhecemos sobejamente.
Entretanto, poderemos observar que,
se devemos muito aos Srs. Kardec e Roustaing, muito mais o devemos aos espíritos
que os auxiliaram. Kardec e Roustaing foram os intermediários, os instrumentos
dos quais se serviram os mensageiros divinos para alicerçarem as bases da
ressurreição dos Evangelhos de Jesus, que houveram perdido a sua beleza
primitiva, tais as alterações e falsas interpretações do seu texto sagrado.
Urge, portanto, que não malbaratemos
o êxito desse esforço gigantesco dos nossos maiores, novamente desviando o
sentido e a finalidade da missão de Jesus, na Terra.
Que não adulteremos nada,
absolutamente, nem mesmo uma vírgula sequer, ou um til, para que isso não venha
a servir, mais tarde, de precedente perigoso para uma segunda derrocada da
Humanidade.
Nada, pelo mesmo motivo, o homem
deve acrescentar, de sua cabeça, à doutrina espírita, a fim de que não venha a
incorrer nos mesmos erros do passado.
O Espiritismo é uma doutrina 99% dos
Espíritos e assim deve continuar, para que não se venha a materializar mais
tarde; a fim de que não se estabeleça, novamente, o reinado da letra, que mata,
mas, sim, do espírito, que vivifica.
(Ext. da revista ‘A
Verdade’, ano 38, página 1879, de Recife, Pernambuco) .
Nota - Este artigo, pela data em que foi
publicado, parece-nos ter sido escrito na mesma ocasião em que nós, aqui,
recebíamos a inspiração de escrever e publicar um trabalho semelhante, conforme
se verifica em "Reformador" de Outubro e Novembro.
Do Blog: O autor refere-se aos artigos sob título
Kardec-Roustaing I e II, já divulgados através deste blog.
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