Emmanuel em 1861
por Guido Falcoeiro
Reformador (FEB) Outubro 1946
No capítulo XI, nº 11, de "O
Evangelho segundo o Espiritismo", já reproduzida sob o nº
135 na primeira edição, encontra-se bela mensagem sobre o egoísmo, assinada por
Emmanuel, recebida em Paris, em 1861.
Hoje, que a obra de Emmanuel, no
Brasil, confirma, pela linguagem irretorquível dos fatos, as comunicações de
que a Árvore do Evangelho foi transplantada para a Terra do Cruzeiro, de onde
irradiará a nova civilização cristã para o mundo, e depois que Emmanuel nos deu
a bela mensagem sobre "A Missão do Esperanto", publicada em
"Reformador" (Fevereiro de 1940, págs. 46/7), seis anos antes do
lançamento de "O Livro dos Espíritos" em Esperanto, sentimos o desejo
de relembrar a primeira mensagem que conhecemos do grande Espírito que assina o
nome simbólico que deveria ter o Messias, segundo Isaías, 7: 14: "Portanto
o Senhor mesmo vos dará um sinal; eis que uma donzela conceberá e dará à luz um
filho, e por-lhe-á o nome de EMMANUEL." E a profecia se cumpriu, como
vemos em Mateus, 1:18 a 25:
"Ora, o nascimento de Jesus Cristo
foi desta maneira: Estando Maria, sua mãe, já desposada com José, antes que se
ajuntassem, ela se achou grávida por virtude do Espírito Santo. José, seu
marido, sendo reto e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente.
Quando, porém, pensava nestas coisas, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em
sonhos, dizendo: José, filho de David, não temas receber a Maria, tua mulher,
pois o que nela foi gerado, é por virtude do Espírito Santo. Ela dará à luz um
filho, a quem chamarás Jesus; porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
Ora, tudo isto aconteceu, para que se cumprisse o que dissera o Senhor pelo
profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado
EMMANUEL, que quer dizer, Deus conosco. José, tendo
despertado do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua
mulher; e não a conheceu enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome
de Jesus.
Logo, o nome "Emmanuel" é
profeticamente o do Divino Mestre e significa: Deus (está) conosco. A
incompreensão materialista até hoje nega a veracidade desse ponto do Evangelho
segundo S. Mateus e não hesita em caluniar a sublime virgem de Nazaré, e,
desgraçadamente, até com o título de espíritas e cristãos surgem acusadores
irreverentes, atrevidos, negando fé ao Evangelista; mas não houve forças que
arrancassem esse episódio do Evangelho e chegou o dia em que, pela maravilhosa
mediunidade de Mme. Collignon, o fato foi literalmente confirmado e depois
disso numerosos outros médiuns têm repetido a mesma explicação.
A explicação espírita do
aparecimento de Jesus deu nova vida ao Evangelho e por isso mesmo
desencadeou as fúrias das trevas contra o Espiritismo, cujo primeiro ponto que
entraram a combater foi a obra recebida pela Sra. Collignon; para, em seguida,
atacarem os outros aspectos cristãos da Doutrina: a prece, "O Evangelho
segundo o Espiritismo", as outras obras de Kardec, e, finalmente,
proclamam que só se deve conservar o aspecto científico do Espiritismo. Entram,
então, a discutir a mediunidade, lançam a dúvida quanto à real intervenção dos
Espíritos nas comunicações e por fim negam a sobrevivência. Tem sido esse o
curso fatal da obra das trevas em diversos países, mais notadamente na França e
na Itália.
Por mercê de Deus, no Brasil a obra
de Roustaing está de pé e por isso o aspecto religioso e construtivo do
Espiritismo tomou entre nós impulso incomparável com o- de qualquer outro país.
Neste ano de 1946 as obras de Kardec, e mais notadamente "O Evangelho
segundo o Espiritismo", chegaram a edições maiores do que todas as
precedentes.
Em grande parte devemos essa
prosperidade à Direção de Emmanuel, quer agindo diretamente como instrutor em
livros destinados a brilhante futuro e pela imprensa periódica, quer como
Diretor, organizando o trabalho para numerosos outros Espíritos superiores. Ao
todo, já aparecem mais de sessenta Espíritos elevados trabalhando sob a direção
de Emmanuel. A obra imensa já consta de perto de trinta volumes destinados a
todos os graus de cultura, a ambos os sexos e a todas as idades. Nos últimos
meses, está Emmanuel superintendendo a produção de uma série de livros para
crianças, dos quais já foram recebidos cinco ou seis, mas nenhum ainda foi
impresso. Pela rapidez da produção, podemos prever uma biblioteca infantil tão
preciosa quanto a outra já publicada para adultos.
Não podemos asseverar que a mensagem
de 1861 seja do mesmo Emmanuel que hoje anima os movimentos espírita e
esperantista no Brasil, mas temos muita razão de supor que seja o mesmo, não só
pelo pseudônimo igual, como pela semelhança de ideias.
De qualquer sorte ouvimos repetido a
cada instante o nome simbólico = Deus conosco, que relembra a profecia
de Isaías, cumprida e confirmada pelos Evangelistas Mateus e Lucas e explicada
pelo Espiritismo, ligando assim as três Revelações num todo harmonioso e
sublime. A primeira veio mediunicamente por Moisés que recebeu diretamente do
mundo espiritual os dez mandamentos; a segunda foi anunciada pelos Espíritos
a Zacarias (Lucas, 1:11 a 15) e a Maria (Lucas, 1:26 a 38); a terceira vem por numerosos
Espíritos e diferentes médiuns por toda a superfície do globo e confirma as
duas precedentes.
Tanto no relato de Mateus acima
citado, confirmando a profecia de Isaías, quanto no de Lucas, ficou declarado
que Jesus, ou Emmanuel, expressão de Deus conosco, viria ao nosso mundo como
Espírito, sem a geração material e a encarnação física comum aos homens do
planeta. Os dois relatos ficaram para sempre escritos, mas não foram
compreendidos senão 1866 anos mais tarde, quando veio a lume a "Revelação
da Revelação", de J. B. Roustaing, e mesmo então por um número pequeno de
pessoas. É necessário ainda muito tempo, grande evolução da Humanidade, para
entendermos a Terceira Revelação; porém, isso não importa, porque não depende
tanto de compreensão quanto de sentimentos o nosso progresso espiritual. O fato
que todos já podemos compreender, pelo menos os que estudamos a Terceira
Revelação, é que elas se completam e o nome cunhado por Isaías - Emmanuel - é
hoje um símbolo para os espíritas brasileiros.
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