Lembrança fraternal
aos enfermos
Emmanuel
por Chico Xavier
in Reformador (FEB) Setembro 1941
Queres o restabelecimento da saúde
do corpo e isso é justo. Mas, atende ao que te lembra um amigo que já se vestiu
de vários corpos e compreendeu, depois de longas lutas, a necessidade da saúde
espiritual.
A tarefa humana já representa, por
si, uma oportunidade de reerguimento aos espíritos enfermos. Lembra-te, pois,
de que tua alma está doente e precisa curar-se sob os cuidados de Jesus, o
nosso Grande Médico.
Nunca pensaste que o Evangelho é uma
receita geral para a humanidade sofredora?
É muito importante combater as
moléstias do corpo; mas, ninguém conseguirá eliminar efeitos quando as causas
permanecem. Usa os remédios humanos, porém, inclina-te para Jesus e renova-te,
espiritualmente, nas lições de seu amor. Recorda que Lázaro, não obstante
voltar do sepulcro, em sua carne, pela poderosa influência do Cristo, teve de
entregar seu corpo ao túmulo, mais tarde. O Mestre chamava-o a novo ensejo de
iluminação da alma imperecível, mas não ao absurdo privilégio da carne
imutável.
Não somos as células orgânicas que
se agrupam, a nosso serviço, quando necessitamos da experiência terrestre.
Somos espíritos imortais e esses microrganismos são naturalmente intoxicados,
quando os viciamos ou aviltamos, em nossa condição de rebeldia ou de
inferioridade.
Os estados mórbidos são reflexos ou
resultantes de nossas vibrações mais intimas. Não trates as doenças com pavor e
desequilíbrio das emoções. Cada uma tem sua linguagem silenciosa e se faz
acompanhar de finalidades especiais.
A hepatite, a indigestão, a
gastralgia, o resfriado são ótimos avisos contra o abuso e a indiferença. Por
que preferes bebidas excitantes, quando sabes que a água é a boa companheira,
que lava os piores detritos humanos? Por que o excesso dos frios no verão e a
demasia de calor nos tempos de inverno? Acaso ignoras que o equilíbrio é filho
da sobriedade? O próprio irracional tem uma lição de simples impulso, satisfazendo-se
com a sombra das árvores na secura do estio e com a bênção do sol nas manhãs
hibernais. Pela tua inconformação e indisciplina, desordenas o fígado, estragas
os órgãos respiratórios. aborreces o estômago. Observamos, assim, que essas
doenças-avisos se verificam por causas de ordem moral. Quando as advertências
não prevalecem, surgem as úlceras, as congestões, as nefrites, os reumatismos,
as obstruções, as enxaquecas. Por não se conformar o homem, com os desígnios do
Pai que criou as leis da natureza como regulamentos naturais para a sua casa
terrestre, submete as células que o servem ao desregramento, velha causa de
nossas ruinas.
E que dizermos da sífilis e do alcoolismo
procurados além do próprio abuso?
Entretanto, no capítulo das
enfermidades que buscam a criatura, necessitamos considerar que cada uma tem
sua função justa e definida.
As moléstias dificilmente curáveis,
como a tuberculose, a lepra, a cegueira, a paralisia, a loucura, o câncer, são
escoadouros das imperfeições. A epidemia é uma provação coletiva, sem que essa
afirmativa, no entanto, dispense o homem do esforço para o saneamento e higiene
de sua habitação. Há dores íntimas, ocultas ao público, que são aguilhões salvadores
para a existência inteira. As enfermidades oriundas dos acidentes imprevistos
são resgates justos. Os aleijões são parte integrante das tabelas expiatórias.
A moléstia hereditária assinala a luta merecida.
Vemos, portanto, que a doença,
quando não seja a advertência das células queixosas do tirânico senhor que as
domina, é a mensageira amiga convidando a meditações necessárias.
Desejas a cura; é natural; mas,
precisas tratar-te a ti mesmo para que possas remediar ao teu corpo. Nos
pensamentos ansiosos, recorre ao exemplo de Jesus. Não nos consta que o Mestre
estivesse algum dia de cama; todavia, sabemos que ele esteve na cruz. Obedece,
pois, a Deus e não te rebeles contra os aguilhões. Socorre-te do médico do mundo
ou de teu irmão do plano espiritual, mas, não exijas milagres, que esses
benfeitores da terra e do céu não podem fazer. Só Deus te pode dar acréscimo de
misericórdia, quando te esforçares por compreendê-lo.
Não deixes de atender às
necessidades de teus órgãos materiais que constituem a tua vestimenta no mundo;
mas, lembra-te do problema fundamental que é a posse da saúde para a vida
eterna. Cumpre teus deveres, repara como te alimentas, busca prever antes de
remediar e, pelas muitas experiências dolorosas que já vivi no mundo terrestre,
re
corda comigo
aquelas sábias palavras do Senhor ao paralitico de Jerusalém: "Eis que já
estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior."
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