Fanal da
Esperança
F. Salústio
Reformador (FEB) Dezembro 1961
A vida é um grande livro aberto,
referto de lições que nem sempre
sabemos aproveitar.
Acabamos de reler dois livros que
nos permitiram reflexões proveitosas: “Elos Doutrinários”, de Ismael Gomes
Braga, e “Lições da Vida”, de Almerindo Martins de Castro.
No primeiro, o autor demonstra
profunda segurança no desenvolvimento de uma questão que vai, a pouco e pouco,
sendo melhor compreendida e mais amplamente aceita no meio espírita.
Referimo-nos à do corpo fluídico de Jesus, magistralmente exposta e sustentada
em “Os Quatro Evangelhos”, de J. B. Roustaing; sintetizada em “Elucidações
Evangélicas”, de Antônio Luiz Saião; defendida em “Jesus - nem Deus, nem Homem”,
de Guillon Ribeiro, e em “O Cristo de Deus”, de Manuel Quintão; comprovada em “O
Livro de Tobias”, e reafirmada com autoridade em “Elos Doutrinários” de Ismael Gomes Braga.
Quanto mais os anos se dobram sobre
nós, mais convencidos ficamos da realidade que esses livros nos põem diante dos
olhos. O raciocínio sereno a cerca da grandeza moral do Mestre e dos poderes
espirituais com que veio ao Mundo em forma visível, levou-nos, sem constrangimento
algum, a aceitar a doutrina do corpo fluídico, porque ela, somente ela, pode
fazer justiça à personalidade extraordinária do Cristo, em sua assinalada
presença neste mundo de ilusões, provações e desencantos.
Portanto, o livro “Elos Doutrinários”,
escrito em linguagem simples, mas correta, e com argumentos de imediata
assimilação, constitui mais uma meritória obra em favor dessa doutrina sadia e
indispensável à interpretação adequada de problemas contidos nos Evangelhos,
sem a qual muita coisa quedaria confusa e incompreensível.
O outro livro a que acima nos
referimos -“Lições da Vida” - foi escrito, na maioria de
suas páginas, com a tinta do cotidiano, como “Lições desprezadas” e “Lição
repetida”. Todos os capítulos são interessantes e absorventes. Aquele que se
intitula “A incógnita tortura de Machado de Assis”, porém, constitui um
aspecto, até então desprezado, da análise psicológica do famoso escritor.
“Lições da Vida”... Quantas as
recebemos em cada minuto que passa! Quantas vêm e vão sem que as aproveitemos
para a nossa melhoria pessoal! Somos espíritas... Que espírita somos, afinal,
se a exemplificação da Doutrina e do Evangelho cresce diante de nós, em
dificuldades, como um Himalaia diante do pigmeu? Somos espíritas, mesmo
demonstrando tanta deficiência no cultivo das virtudes defendidas pelo
Espiritismo? Sim, somos espíritas, desde que não esmoreçamos na luta pelo auto aprimoramento
moral, desde que saibamos reagir sempre que cairmos, para, reerguidos,
recomeçar a incruenta e eterna peleja!
Se
porfiarmos em nosso aperfeiçoamento moral, não importam as quedas que provam a nossa
inferioridade na escala evolutiva. De queda em queda, mas de reação em reação,
chegaremos um dia a abençoar a hora em que ingressamos no Espiritismo e dele
fizemos um fanal de esperança para as nossas aspirações de felicidade!
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