Evolução Religiosa
Lincóia Araucano / (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Novembro 1961
Em escavações procedidas em diversos
pontos do globo terrestre têm sido descobertas cidades pré-históricas que
revelam civilizações inteiramente extintas, de povos completamente
desaparecidos.
Em todas essas cidades desentulhadas
das camadas geológicas encontram-se duas coisas que as ligam aos presentes
costumes: templos, objetos de culto religioso e armas de guerra.
Vê-se que o homem primitivo adorava
seus deuses e matava em massa seus semelhantes do mesmo modo que lemos no Velho
Testamento e fazemos hoje no mundo "civilizado". A incompreensão era
a mesma de hoje.
A Lei moisaica tem um mandamento
incisivo em nome de Deus: "Não matarás", mas na prática os seguidores
da Lei nunca pensaram em obedecer a essa ordem divina. Matavam em massa na
guerra e mantiveram sempre a pena de morte em suas práticas civis e religiosas.
O Cristo confirmou a Lei que proibia
a pena de morte e exigiu amor para todos, mas os nominais seguidores de sua
doutrina continuam a fazer a guerra e a condenar seus irmãos à morte.
No mundo dito cristão tem havido as
mais tremendas carnificinas e ainda agora (1) no Brasil a Igreja Católica, que se diz
cristã, defende com a máxima veemência a pena de morte, sem nenhum escrúpulo ou
respeito ao mandamento: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo."
(1) Do Blog: Isto em 1961. Hoje o assunto não
está mais em discussão.
Não há nenhuma lógica no
procedimento dos religiosos que amam a Deus e matam Suas criaturas.
O primeiro movimento religioso do
Ocidente que não admite sob nenhum pretexto o homicídio, é o Espiritismo; não
só porque o considera um crime monstruoso, uma rebeldia contra o Senhor da
Vida, como também porque prova a crença de que a morte não existe, é apenas uma
ilusão dos sentidos, e que o homem que nos parece monstro é uma criatura de
Deus, destinada a progredir e santificar-se, e que, por isso mesmo, merece todo
o nosso respeito.
Na evolução religiosa, portanto, o
Espiritismo é um ponto de partida, uma era nova que se inicia, abolindo
qualquer forma de homicídio legal ou ilegal.
A sociedade tem o dever de recuperar
o criminoso pela educação e, no máximo, o direito de defender-se contra ele,
isolando-o até poder entregá-lo à sua própria consciência esclarecida, mas
nunca o direito de privá-lo do corpo que lhe foi confiado pela Providência com
a superior finalidade de reeducá-lo e salvá-lo.
A evolução religiosa foi tão lenta
que vai sendo superada pelas leis civis de muitos povos materialistas e ateus
que não admitem mais a pena de morte em seus códigos e detestam a guerra.
Infelizmente, porém, quase todos os
povos ainda admitem a guerra, as matanças em massa, muito covardes na guerra
moderna, sem fronteiras, que massacram igualmente crianças e velhos, mulheres e
homens indefesos.
Contra a guerra nada tentou a
religião das igrejas no passado; mas estamos certo de que pela evolução
religiosa, nascida com o Espiritismo, a guerra será abolida, para sempre da
face da Terra, como o serão igualmente a ignorância e a pobreza. Nossa
convicção nesse sentido é inabalável, porque sabemos com segurança que o
Espiritismo tem de triunfar no mundo todo, por isso que o vemos renascendo
sempre até nos meios que lhe são mais hostis. Nada lhe poderá embargar a
marcha, quer com o mesmo nome de hoje, quer com outros nomes que venham a
surgir.
O homem do porvir compreenderá que
ele só poderá salvar-se pelo amor incondicional a todas as criaturas de Deus,
porque, como disse o sublime Dante Alighieri, o amor é a força que move o
universo: L'amor che muove il sole e
l'altre stelle.
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