domingo, 8 de dezembro de 2013

'As Maravilhas do Evangelho'


As Maravilhas
 do Evangelho

Sylvio Brito Soares
Reformador (FEB) Julho 1961

            O Evangelho, livro maravilhoso, foi trazido ao mundo com uma única finalidade, muito embora todos procuremos olvidá-la ou desvirtuá-la, por comodismo e interesses inconfessáveis.

            A propensão dos homens é a de comentá-lo tão somente, fazendo, em torno de seus ensinamentos, brilhantes dissertações que encantam os ouvidos pela beleza dos fraseados, pelas magnificências da oratória...

            Jesus, porém, jamais se preocupou com os discursos e sermões, e não é com discursos, sermões, conferências evangélicas e atos litúrgicos que devemos servi-lo e amá-lo. A BOA NOVA nos foi ofertada, numa missão de sacrifício, para que a sentíssemos, para que vivêssemos, em todas as horas de nossa romagem terrena, os sublimes ensinamentos pregados pelo Mestre.

            Se Jesus pregou e exemplificou, porque nós, que desejamos seguir suas pegadas, vamos apenas pregar, deixando aos outros a tarefa da exemplificação?

            Quem prega e não pratica o que prega comete uma falta muito grande, porque conscientemente transforma os ensinos contidos no Livro Divino em verdadeira pantomima.

            O Código da Sabedoria Celestial visa, portanto, a burilar o diamante de vida eterna, que é a nossa alma. E esse burilamento se processa, não tenhamos a menor dúvida, através da exemplificação dos ensinos de Jesus!

            Que ensinou o Cristo?

            Humildade, tolerância, paciência, resignação, bondade, amor, enfim!

            Em pleno século XX, a Ciência, se nos assombra e maravilha com suas descobertas, entristece-nos, inquietando-nos com suas malévolas aplicações bélicas.

            A aviação, cuja finalidade sonhada por Santos Dumont era a de melhor estreitar os laços da comunhão e da fraternidade entre os povos, foi igualmente utilizada para fins trágicos de destruição! Os extraordinários avanços da Ciência, no campo da física nuclear, do qual seria lógico esperar-se grandes benefícios para a Humanidade, vêm sendo desvirtuados, porque os homens que se entregam, com entusiasmo, a essas pesquisas são forçados a orientar suas atenções para finalidades completamente contrárias àquilo que Jesus pregou, exemplificou e deu testemunho maior no topo do Calvário.

            A vida, por isso mesmo, em todos as países, torna-se cada vez mais difícil, mais sufocante e apreensiva, tão só porque o Evangelho ainda não conseguiu ultrapassar o terreno da simples pregação. E tanto assim é que vemos homens cobertos de luxuosas vestes, em viaturas régias, cercados de numeroso séquito de servidores que consomem fortunas incalculáveis, para, nesse fausto espalhafatoso, se dirigirem a criaturas esquálidas, famintas, miseráveis, afrontando-as, em sua humildade e penúria, com pregações mirabolantes e custosas, chegando mesmo ao desplante de aconselha-las, em nome daquele que foi o mais humilde filho de Deus, a serem tolerantes, resignadas e fraternas!

            Que autoridade pode possuir o orgulhoso, o intolerante, o vaidoso, o nababo, o ambicioso, o gozador de palácios, comodidades, tronos e fortunas fáceis, para dizer aos famintos, aos miseráveis, aos abandonados da sorte, que Deus ama os humildes, os caridosos e resignados?

            Eis porque S. Bernardo afirmou ser o exemplo o melhor dos sermões. E no Evangelho encontramos sempre conselhos ditados pelo nossa grande amiga e Salvador, concitando-nos à temperança, à fraternidade, à modéstia, à humildade, ao amor!          

            De maneira que, para sermos seguidores de Jesus, para sermos verdadeiramente intérpretes de suas palavras, é indispensável que falemos sempre e autorizadamente com os nossos exemplos. 

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