As Maravilhas
do Evangelho
Sylvio Brito Soares
Reformador (FEB) Julho 1961
O Evangelho, livro maravilhoso, foi
trazido ao mundo com uma única finalidade, muito embora todos procuremos
olvidá-la ou desvirtuá-la, por comodismo e interesses inconfessáveis.
A propensão dos homens é a de
comentá-lo tão somente, fazendo, em torno de seus ensinamentos, brilhantes
dissertações que encantam os ouvidos pela beleza dos fraseados, pelas
magnificências da oratória...
Jesus, porém, jamais se preocupou
com os discursos e sermões, e não é com discursos, sermões, conferências
evangélicas e atos litúrgicos que devemos servi-lo e amá-lo. A BOA NOVA nos foi
ofertada, numa missão de sacrifício, para que a sentíssemos, para que
vivêssemos, em todas as horas de nossa romagem terrena, os sublimes
ensinamentos pregados pelo Mestre.
Se Jesus pregou e exemplificou,
porque nós, que desejamos seguir suas pegadas, vamos apenas pregar, deixando
aos outros a tarefa da exemplificação?
Quem prega e não pratica o que prega
comete uma falta muito grande, porque conscientemente transforma os ensinos
contidos no Livro Divino em verdadeira pantomima.
O Código da Sabedoria Celestial
visa, portanto, a burilar o diamante de vida eterna, que é a nossa alma. E esse
burilamento se processa, não tenhamos a menor dúvida, através da exemplificação
dos ensinos de Jesus!
Que ensinou o Cristo?
Humildade, tolerância, paciência,
resignação, bondade, amor, enfim!
Em pleno século XX, a Ciência, se
nos assombra e maravilha com suas descobertas, entristece-nos, inquietando-nos
com suas malévolas aplicações bélicas.
A aviação, cuja finalidade sonhada
por Santos Dumont era a de melhor estreitar os laços da comunhão e da
fraternidade entre os povos, foi igualmente utilizada para fins trágicos de
destruição! Os extraordinários avanços da Ciência, no campo da física nuclear,
do qual seria lógico esperar-se grandes benefícios para a Humanidade, vêm sendo
desvirtuados, porque os homens que se entregam, com entusiasmo, a essas
pesquisas são forçados a orientar suas atenções para finalidades completamente
contrárias àquilo que Jesus pregou, exemplificou e deu testemunho maior no topo
do Calvário.
A vida, por isso mesmo, em todos as
países, torna-se cada vez mais difícil, mais sufocante e apreensiva, tão só
porque o Evangelho ainda não conseguiu ultrapassar o terreno da simples
pregação. E tanto assim é que vemos homens cobertos de luxuosas vestes, em
viaturas régias, cercados de numeroso séquito de servidores que consomem fortunas
incalculáveis, para, nesse fausto espalhafatoso, se dirigirem a criaturas
esquálidas, famintas, miseráveis, afrontando-as, em sua humildade e penúria,
com pregações mirabolantes e custosas, chegando mesmo ao desplante de aconselha-las,
em nome daquele que foi o mais humilde filho de Deus, a serem tolerantes,
resignadas e fraternas!
Que autoridade pode possuir o orgulhoso,
o intolerante, o vaidoso, o nababo, o ambicioso, o gozador de palácios,
comodidades, tronos e fortunas fáceis, para dizer aos famintos, aos miseráveis,
aos abandonados da sorte, que Deus ama os humildes, os caridosos e resignados?
Eis porque S. Bernardo afirmou ser o
exemplo o melhor dos sermões. E no Evangelho encontramos sempre conselhos ditados
pelo nossa grande amiga e Salvador, concitando-nos à temperança, à
fraternidade, à modéstia, à humildade, ao amor!
De maneira que, para sermos
seguidores de Jesus, para sermos verdadeiramente intérpretes de suas palavras,
é indispensável que falemos sempre e autorizadamente com os nossos exemplos.
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