A Meta Homem
Cristiano Agarido / (Ismael Gomes Braga)
Reformador (FEB) Outubro 1961
Para nós espíritas a Meta Homem é a
primeira, o eixo em torno do qual giram todas as outras, a única digna de todos
os sacrifícios. Os grandes impérios que não resolveram os problemas
humanitários caíram como castelo sobre a areia, que efetivamente eram.
Quais são os problemas humanos que
desafiam e arrasam os impérios mais poderosos? É só um, POBREZA em seus quatro
aspectos: de saúde, de moral, intelectual, econômica. Os remédios são higiene,
educação, instrução, amparo material.
Num país com alto nível de doentes e
analfabetos, abandonados a si mesmos nos campos e nas cidades, sem meios de se
educarem, de se instruírem e trabalharem, é preciso criar exércitos de médicos,
de higienistas, de mestres, de técnicos, e espalhá-los por todo o território
nacional como missionários do povo. Não se pense em caridade, porque esta
tem que vir depois de cumpridos os deveres sociais e patrióticos que cabe sejam
impostos a todos, como a defesa nacional em tempo de guerra.
A caridade é alta demais para entrar
nessa primeira luta. Dela todos necessitamos, por mais aquinhoados que sejamos
pela fortuna, pela instrução, pela estima social, antes e depois da morte.
Um programa completo de governo deve
ter a Meta Homem, ainda tão descurada, praticamente incompreendida por todos os
Governos.
A legislação trabalhista estabelece
um salário mínimo para quem tenha capacidade de exercer uma função, faz reajustamentos
salariais por meio de dissídios coletivos, mas isso só aproveita aos que
tiverem meios de obter trabalho. Grande número de crianças não tiveram escola,
foram criadas em meios viciosos e ignorantes, doentias, sem assistência moral
nem intelectual de ninguém, assistindo a exemplos degradantes de seus pais e
vizinhos. Foi-lhes ensinado a odiar a tudo e a todos.
Crescer em tal meio e ser pessoa
virtuosa é praticamente impossível, seria milagre só realizável por Espíritos
de imensa elevação.
A Meta Homem terá que ir ao encontro
de todas essas vítimas de nossa sociedade friamente egoísta, inspirar-lhes fé
nos homens, alegria de viver, solidariedade, sede de aprender, amor à Pátria,
esperança no futuro. A sociedade os classifica como "marginais" e
efetivamente ela os deixou abandonados à margem da vida.
O Espiritismo reprova severamente a
sociedade humana que não ampare e eduque seus membros. Os espíritas trabalham
para resolver esses problemas, mas o que fazem é gota d’água no oceano das
necessidades. A obra tem que ser de toda a coletividade, como a defesa
nacional, que é obrigatória para todos os cidadãos: em tempo de guerra todos
são
compelidos a prestar serviço militar; todos os bens podem ser requisitados para
a defesa.
Esperemos que surja um Governo, cujo
programa tenha um só item: a Meta Homem. Ela bastará para sempre, porque se
desdobrará em todas as outras. Esta é a meta do Espiritismo e mais cedo ou mais
tarde terá de ser compreendida e adotada. Todas as demais são caminhos para chegar
a essa meta única que é exigida pelo Amor Universal.
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