A Criança
e o Evangelho
Direção
Reformador (FEB) Outubro 1961
O mundo se debate num período de
transição muito delicado, pois que a renovação do sentido dos valores e a
renovação do valor das vivências humanas, que se modificam de maneira
impressionante, no século em que vivemos, tem influído na formação das novas
gerações, produzindo muitos desajustes, até certo ponto compreensíveis, mas
que, nem por isso, deixam de preocupar aqueles que se responsabilizam pela
orientação da juventude.
A Educação se apresenta, então, como
a chave da solução dos problemas que afligem o Mundo Moderno.
Força poderosa pelo seu valor
persuasivo, bem ou mal orientada, poderá a Educação modificar o panorama
social, com consequências imprevisíveis e de longo alcance, dada a sua influência
modeladora, penetrante e convincente, que, modificando o indivíduo, transforma
a sociedade da qual ele participa.
Quem poderá, em realidade, aquilatar
lhe a extensão e a intensidade de ação?
Cabe-nos, contudo, iluminá-la com os
ensinamentos do Espiritismo para que ela realize sua tarefa real, que é a de
descortinar ao homem a razão de sua existência, levando-o a estabelecer no
Mundo o império do Bem, da Dignidade, da Honra, do Amor, substituindo todos os
valores negativos que constituem o grande patrimônio
da
época.
A Doutrina Espírita, efetivamente,
com os postulados da Vida Eterna, da Lei de Causa e Efeito e da Reencarnação,
abre novos horizontes às concepções humanas, transformando conceitos,
modificando ideais, substituindo anseios, alterando concepções, rumo à
modificação geral no sentido do bem, de maneira equilibrada e construtiva.
Os alevantados ideais da Doutrina
dos Espíritos, influindo nos sistemas educacionais, abrirão, para os homens,
novas perspectivas de progresso espiritual, eterno e verdadeiro, digno de ser
procurado e alcançado.
Colocando em seu justo lugar as
aspirações do homem, a sociedade caminhará, com certeza, para novos padrões de
vida, em que o equilíbrio constituirá a rotina, e a desarmonia, o inabitual.
Essa é a tarefa da Educação
inspirada no Evangelho de Jesus!
Tão grande é a sua importância que Emmanuel afirma: - “Educa
e transformarás a irracionalidade em inteligência; a inteligência em humildade;
a humildade em angelitude. Educa e edificarás o paraíso na Terra.”
Educação, pois, em seu sentido mais
profundo é edificação da alma no bem.
Qual é, entretanto, a época mais
oportuna para a formação integral do Espírito reencarnado?
- A criança é o campo precioso da
semeadura evangélica. O coração infantil é a terra produtiva
que fará multiplicar a semente de amor que ali for lançada...
- Que temos feito, todavia, em favor
da evangelização das gerações que desabrocham para a vida, esperançosas e
otimistas?
- Muito, pouco, nada?
Realmente, bem pouco, porque
evangelizar é movimentar os melhores sentimentos da alma, fixando na mente a
necessidade do equilíbrio para que haja paz.
A cultura materialista da época é,
porém, o que se fornece às mentes em formação, menosprezando-se os estímulos de
ordem espiritual, capazes de garantir o desenvolvimento harmônico da
personalidade.
O Evangelho é o grande recurso
pedagógico em socorro das novas gerações que retornam ao mundo em busca de
solução para os seus graves desajustes.
Como levar, todavia, o Evangelho à
criança e ao jovem, de maneira que eles desejem realmente vivê-los?
Além do exemplo, que é o mais
eficiente processo educacional, é preciso dosar a mensagem evangélica de acordo
com a capacidade de compreensão da criança
Pelo exemplo, provamos a excelência
da lição e, pela dosagem, deixamo-la em condições de ser assimilada.
A Escola de Evangelização, para as
crianças, é recurso precioso de auxílio à alma reencarnada, na fase da infância
e da adolescência,
A tarefa de evangelização, na sua
aparente simplicidade e modéstia, é imenso farol de luz a clarear o caminho da
criança, nas trevas da perturbação e do imediatismo, que constituem o
característico da época.
Ninguém pode imaginar o valor da
tarefa sistemática de evangelizar a infância!
Não esqueçamos que a maior
responsabilidade do espírita, na missão de pai, é a evangelização dos próprios
filhos! Que ninguém se iluda quanto ao dever de lançar luz na trajetória
daqueles que lhe baterem à porta na condição de filhos!
Levar a criança a conhecer e amar
Jesus, de maneira metódica e continuada, é formar
nela
uma consciência evangélica que irá nortear-lhe os passos, vida em fora,
possibilitando-lhe as melhores oportunidades de reabilitação e evolução.
Nada justifica, portanto, a ausência
das crianças às aulas de evangelização, onde recebem, em admirável sequência e
lógico encadeamento, os ensinamentos sublimes do Cristo, contidos no livro da
sabedoria, que é o seu Evangelho de Luz!
Unamo-nos, pois, na maior campanha
que o Espiritismo já realizou no sentido da formação doutrinária das novas
gerações, vigorosa esperança de um Mundo Renovado!
“É preciso tornar as crianças
felizes, para educá-las.”
“A Escola deve ser uma sociedade em
miniatura.” - Dewey .
“O processo do grupo contém o
segredo da vida coletiva, é a chave da democracia, a maior lição que se possa
aprender e nossa maior segurança para a vida política, social e internacional
do futuro.”
“Viver para os outros é máxima do
Evangelho, mas é realizada à custa de aprendizagem longa e penosa.”
“A criança é dócil à educação que
recebe. Não a discute. Incorpora-a à sua vida, cristalizando hábitos de acordo
com as atitudes de seus educadores.”
(Ext. de "A Reencarnação”,
Abril 1961)
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