Perdoa, sim?!
Meimei
por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Agosto 1961
O desconhecido passou, de carro,
enlameando-te a veste, como se toda a rua lhe pertencesse. "Compadece-te dele.
Corre, desabalado, à procura de alguém que lhe socorra o filhinho nos esgares
da morte.
Linda mulher, que pérolas e
brilhantes enfeitam, segue a teu lado, parecendo fingir que te não percebe a
presença... Compadece-te! Ela tem os olhos embaciados de pranto e não chegou a
ver-te.
Jovem, admiravelmente bem posto,
cruzou contigo, endereçando-te palavras de sarcasmo e de injúria...
Compadece-te! Ele tem os passos no caminho do hospício e ainda não o sabe.
O amigo que mais amas negou-te um
favor... Compadece-te dele! Não lhe vês a dificuldade encravada no coração.
Companheiros do mundo! "Estarão
contigo, notadamente no lar, onde guardam os nomes de pai e mãe, esposo e
esposa, filhos e irmãos... Muita vez,
levantam-se de manhã, chorosos e doloridos, aguardando um sorriso de
entendimento, ou chegam do trabalho, fatigados e tristes, esmolando
compreensão.
Todos trazem aflições e problemas
que desconheces.
Ergue a própria alma e auxilia
sempre!.. Indulgência para todos! Bondade para com todos!..
E, se algum deles te fere
diretamente a carne ou a alma, não Ievantes o braço ou a voz para revidar.
Busca no silêncio a inspiração ao
Senhor e o Mestre, como se estivesse descendo da cruz em que pediu perdão para os
próprios verdugos, te dirá compassivo:
- Perdoa, sim!? perdoa sempre,
porque, em verdade, aqueles que não perdoam também não sabem o que fazem...
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