Dinheiro, o servidor
Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador (FEB) Janeiro 1963
O dinheiro é semelhante à alavanca
suscetível de ser manejada para o bem ou para o mal.
Acorrentado ao poste da avareza,
produz o azinhavre da sovinice; contudo, sob a inspiração do trabalho, é o
lidador fiel que assegura os frutos do milharal e as paredes da escola, a
cantiga do malho e a força da usina.
Atrelado ao carro do orgulho, é o
estimulante do erro, mas, na luz da fraternidade, é o obreiro da renovação
incessante, enriquecendo o solo e construindo a cidade, desdobrando os fios do
entendimento e garantindo os valores da educação.
Aferrolhado no cofre da ambição
desvairada, é o inimigo da evolução; todavia, endereçado à cultura, é o agente
do progresso, auxiliando o homem a solucionar os enigmas da enfermidade e a
resolver os problemas da fome, a compreender os mecanismos da natureza e a
inflamar o esplendor da civilização que analisa a terra e vasculha o
firmamento.
Detido na sombra do egoísmo, é o
veneno que promove a secura do sentimento; no entanto, confiado à caridade, é o
amigo prestimoso que desabotoa rosas de alegria no espinheiral da provação,
alimentando pequeninos desamparados e sustentando mães esquecidas, levantando
almas abatidas que o infortúnio alanceia e iluminando lares desditosos que a
necessidade escurece.
*
Dinheiro! Repara o dinheiro! Dizem
que ele é o responsável pelo transeunte que a embriaguez atira à calçada, pelo
delinquente escondido nas aventuras da noite, pelo irmão infeliz que anestesiou
a consciência na cocaína e pela mão insensível que matou a criancinha no
claustro materno: entretanto, por trás da garrafa e da arma delituosa, tanto quanto
na retaguarda do entorpecente e do aborto, permanece a inteligência humana, que
escraviza a moeda à criminalidade e à loucura.
*
Contempla o dinheiro, pensando no
suor e no sangue, na vigília e na aflição de todos aqueles que choraram e
sofreram para ganhá-lo, e vê-lo-ás por servidor da felicidade e do
aprimoramento do mundo, a rogar em silêncio para que lhe ensines a realizar o
bem que lhe cabe fazer.
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