rainha Hatsheput
A Maldição dos Faraós
Tema
que já fez muito sucesso em livros e até mesmo no cinema, apareceu algumas
vezes em artigos publicados em Reformador (FEB).
Encontramos
alguns. Esperamos que sejam de seu agrado.
A equipe do Blog.
Autopsicotanatose
José Brígido (Indalício Mendes)
Reformador
(FEB) Junho 1978
Não
é muito comum, por certo, uma pessoa predizer com segurança o dia, a hora e até
as condições em que acontecerá sua própria morte. Dá-se a esse fenômeno o nome de
psicotanatose (do grego psychikos,
alma, e de thanatos, morte), ou
autopremonição, pois em biopsicologia o denominam autopsicotanatose.
Como
se pode verificar, não deixa de ser interessante essa variedade de termos um
tanto bizarros para designar o fato referido. Charles Richet, segundo Martins Oliveira, de cuja obra - "Psicose da Morte e da Vida", recolhemos tão curiosos
subsídios, "classifica os mesmos fenômenos sob a designação moderna de
"metatanatose". (Editora
Livraria Progredior-Porto).
Martins Oliveira é de opinião que o
fenômeno nada mais é do que resultado da auto--sugestão mental inconsciente, do que
discordamos. O fenômeno é velho, mas nada tem a ver com a auto sugestão. Trata-se de auto premonição
ou de um caso de pressentimento, quando, então, o indivíduo pode ser avisado
espiritualmente de que desencarnará no instante e nas condições do aviso
recebido.
O
autor menciona diversos casos de egiptólogos que teriam sido atingidos pela
"maldição da múmia", quando exploravam antiquíssimos túmulos de
faraós (*). É interessante
transcrever alguns casos, data vênia:
(*)
Nota de "Reformador" - Emmanuel trata das chamadas
"maldições" de múmias no capítulo IV do seu excelente livro, "A
Caminho da Luz", psicografado por F. C. Xavier (Os egípcios e as ciências psíquicas, pp. 45/6, 8ª edição, FEB,
1975).
"Khalad Darwiche, técnico especializado dos
Serviços de Antiguidades Egípcias, começou, em 1949, os trabalhos de restauro
de vários túmulos sagrados da necrópole tebana. Permaneceu apenas seis meses,
de outubro a maio, nas galerias subterrâneas onde repousam os restos mortais de
poderosos soberanos egípcios. E não foi preciso mais: À medida que os dias iam
passando, ele sentia que uma sensação estranha se lhe avolumava no peito. Mais
tarde, já invadido por um receio enorme, sentia vertigens horríveis e notava
com pavor certa paralisia muscular. Os seus nervos, dos quais perdera o
controle, ameaçavam enlouquecê-lo, Dores de cabeça inexplicáveis forçavam-no,
por vezes, a suspender os trabalhos. Quando resistia a tudo e tentava reagir,
sentia-se como que asfixiado e caía sem sentidos. Quando recuperava a razão,
aludia, aterrado, a visões inexplicáveis e a fantásticas alucinações que lhe
gelavam o sangue nas veias."
Examinado
por médicos, nenhuma doença foi descoberta. Darwiche vivia aterrorizado,
emagrecia depressa, a paralisia já ameaçava certas partes de seu corpo.
Eminentes cientistas, chamados com urgência, sentiam-se impotentes diante da
misteriosa moléstia que o atacara.
Resolveram levá-lo de Luxor para o Cairo, mas nada melhorou, nenhum diagnóstico
foi possível estabelecer.
Khalad
Darwiche, em raros momentos de lucidez, suplicava, a voz sumida:
-
Amon, Amon, tende piedade de mim!
Não
tardou a falecer. Seu colega Naga Abdulla, arquiteto-chefe dos mesmos serviços de egiptologia, começou a sentir dentro de si os
mesmos pavores e sintomas que vitimaram Khalad e acabou também morrendo.
Eis,
em resumo, a narração do autor, que menciona ainda outras vítimas do mal
desconhecido, que não pode, de maneira alguma, ter sido decorrente da auto sugestão:
Rizk Makramalia, Abdel Salam Husseim, Ahmed Abdel Moneir, o Prof. Togo Mina,
Lord Carnarvon, etc.
Várias
hipóteses foram levantadas, dentre elas o envenenamento, a intoxicação
proveniente daqueles recintos fechados durante séculos, talvez a circulação
insuficiente de ar, mesmo viciado. Nunca, porém, se poderá atribuir essas
mortes à autopsicotanatose. A Ciência tem dado inúmeras opiniões a respeito e
houve mesmo quem afirmasse que "se a pessoa for céptica ou extremamente
ignorante, nada lhe sucederá, salvo se for um enfermo ou se já tiver qualquer
anormalidade nervosa ou psíquica".
O
estudo do Espiritismo, quando levado a sério e corroborado por pesquisas e
experiências rigorosas, pode explicar muita coisa que a Ciência ignora e
contesta. No caso dos fenômenos ditos de "dupla" ou
"múltipla" personalidade, há que ressaltar que nós, espíritas,
negamos taxativa e peremptoriamente a dupla ou múltipla personalidade. Esses
casos são simplesmente de um Espírito encarnado e vítima do assédio de outro ou
outros Espíritos desencarnados, desejosos de um corpo físico, através do qual
possam satisfazer o desejo de atuar no mundo material.
Reconhecemos
que a auto sugestão pode transformar-se numa ideia fixa e provocar o que o
autor intitula de "autopsicotanatose". É preciso, no entanto, separar
a auto sugestão da psicose. Esta pode, em alguns casos, ser o resultado da auto
sugestão exagerada, que se transforma num estado obsessivo. Desde, porém, que a
enfermidade revele condições que, bem examinadas, fogem às teorias admitidas
pelos que recusam a explicação espírita, não há outro caminho senão cruzar os
braços ou buscar no Espiritismo os elementos capazes de curar o mal, se ainda
for tempo, compreendendo que a obsessão exercida por Espíritos desencarnados
sobre as criaturas humanas está hoje absolutamente comprovada por fatos
irretorquíveis.
Nesse
caso, pois, o tratamento espírita se impõe como o único em condições de atacar
o mal pela raiz. No mundo contemporâneo, mais do que no passado, a obsessão
espiritual está largamente disseminada. As dificuldades crescentes da vida, a
violência que domina a Humanidade, os incentivos à brutalidade, que se
encontram nos jornais, nos livros, nas revistas, no rádio, na televisão,
mascarados de arte, contribuem extraordinariamente para a multiplicação dos
tristes acontecimentos que sobressaltam o ser humano, presa permanente do medo,
dentro do seu próprio lar e fora dele, porque ninguém sabe agora o que pode acontecer
daqui a pouco, em relação à segurança de cada um.
O
Espiritismo vem realizando, desde muito tempo, intenso e penoso trabalho de
desobsessão espiritual, em todos os lugares em que os espíritas atuam,
obedientes ao lema "Sem caridade não
há salvação". Enquanto os discutidores de teorias fundamentadas no
materialismo perdem tempo útil, os seres humanos sofrem, não obstante os
redobrados esforços das instituições espíritas para combater a obsessão, em
seus múltiplos aspectos.
Muito
do que foi negado ao Espiritismo, no passado, está hoje sendo aceito. A Verdade
custa a se impor às verdades que pululam nas vestes de teorias ditas
científicas, embora não o sejam realmente, porquanto a Ciência verdadeira
trabalha objetivamente e quando não a perturbam com questiúnculas teóricas, sem
base nos seus princípios fundamentais, atinge o fim a que se propôs, embora
dando a fatos comprovados e pacíficos no Espiritismo nomes novos, não raro
sofisticados. Andaram ocupados com personalidades "segundas" e "terceiras",
etc., porque os preconceitos científicos - que eles também existem - não querem
sentir-se desprestigiados, aceitando o que o Espiritismo há muito tempo conhece
com segurança. Houve tempo em que a telepatia, a clarividência, etc. eram tidas
como simples superstições. Quantos anos foram perdidos até que,
constrangidamente, acabaram por aceitar-lhes a realidade incontestável.
Relativamente
ainda aos casos de autopremonição, a que alude Martins Oliveira, deve ser
aventada a possibilidade da revelação mediúnica, da clarividência, da
clariaudiência, etc. Então, falam em "determinismo cósmico" (melhor
seria dizerem "determinismo cármico"). Se há casos pelos quais a auto
sugestão seja responsável, outros, entretanto, não podem ser enquadrados nessa
hipótese. É isto que dizem os espíritas, tidos como crédulos insuperáveis,
fanáticos românticos, mas que, na realidade, não o são tanto quanto supõem os
que combatem o Espiritismo. Nós cremos na Ciência, consideramo-la merecedora de
todo respeito e de toda admiração, mas não podemos dizer o mesmo de
determinados elementos que se intitulam cientistas, os quais não possuem as
qualidades que definem verdadeiramente o cientista real. Estes costumam ser
homens simples,
despreocupados de notoriedade e prontos a
confessar ou reconhecer a verdade, ainda que ela, em determinado momento, não lhes tenha
parecido com suficiente clareza. A História nos conta o que sofreu William
Crookes por ser fiel à ética da Ciência. Cortejado, passou a ser humilhado e
ridiculizado quando, num gesto de probidade total, afirmou quão verdadeiros
eram os fenômenos da materialização e teve a "ousadia" de dizer, anos
mais tarde, que somente possuía motivos para reiterar tudo quanto havia
declarado por ocasião da extraordinária "aventura" com Katie King.
Quanto
aos espíritas evangélicos, que creem em Deus, na imortalidade da alma e na reencarnação dos Espíritos, compreendem a razão
destas palavras de Emmanuel:
"A razão sem o sentimento é fria e
implacável, como os números, e os números podem ser fatores de observação e
catalogação da atividade, mas nunca criaram a vida. A razão é uma base
indispensável, mas só o sentimento cria e edifica. A razão humana é ainda muito frágil e não poderá dispensar a cooperação da fé que a ilumina,
para a solução dos grandes e sagrados problemas da vida."
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