J. W. Rochester
Antigos desterrados...
J. W. Rochester
por Hernani
T. de Sant’Anna
Reformador
(FEB) Dezembro 1978
Para
nós, Espíritos que ainda não irradiam de si mesmos as luzes divinas e
definitivas da Redenção, é inútil que o tempo lance sobre o passado os véus do
esquecimento. Permanecendo ligados ao que fomos, os nossos Espíritos sentem,
nas claridades bruxuleantes e indecisas do presente, a força de ação e de
atração do que éramos e ainda somos. O pretérito, atuando sobre nós, sob a
forma de impulsos atávicos, na ordem cármica das causas e dos efeitos, faz com que
a nossa memória profunda recapitule e reviva o que muitas vezes a nossa
consciência desperta já não aceita mais.
Vem,
aliás, de muito longe a nossa rebeldia, nascida e alimentada dos tormentosos
conflitos entre a nossa razão e os nossos ímpetos, os nossos sentimentos e os
nossos desejos.
Desterrados
neste orbe, ao qual ainda não sabíamos amar, construímos, no orgulho da nossa
saudade e dos nossos conhecimentos infusos, uma civilização brilhante, mas sem
amor.
De
desastre em desastre, apesar das virtudes que começávamos a cultivar e dos
sofrimentos que amargávamos, tivemos de peregrinar constantemente, acossados
pela força das ordenações maiores, em busca da nossa própria reformulação,
sempre difícil.
Do
Delta, passamos ao Vale do Pó, às Gálias, às Ilhas Britânicas, à Germânia. E
quando pudemos regressar ao Norte da África, nossa inquietação guerreira nos
colocou à frente das hostes iconoclastas de Maomé...
Por
isso, tivemos de amargar duríssimos reveses e só após muitas tempestades de dor
fomos de novo agraciados com o sol da França e com essa paisagem doce e bendita
da Terra de Santa Cruz.
É
que, se coube aos Filhos de Sion o privilégio da escolha para serem os
depositários das duas primeiras Grandes Revelações do Céu, foi a nós que a Misericórdia
do Cordeiro elegeu para o trabalho de recebimento e de divulgação da Mensagem
do Espírito da Verdade, nas luzes do Consolador Prometido.
Nenhuma
gente, sobre a face da Terra, teria melhores condições do que a nossa para essa
sublime tarefa, para a qual nos preparamos desde os tempos remotos do nosso
velho e sempre querido Egito.
Mas,
ah! As serpentes! As serpentes do Nilo!.. Elas ainda moram conosco, em nossas
mãos, em nossos corações, em nossos hábitos, e nos picam, e nos ferem, e nos
envenenam, porque os nossos Mistérios - ó Deus Altíssimo! - não eram apenas,
infelizmente, mistérios de amor - eram também mistérios de morte!
Vamos,
porém, em frente, já que a Bondade Divina, apesar de tudo, nos sustenta e nos
abre ainda os créditos de sua Infinita Dadivosidade!
O
presente ainda é nosso e, se Deus quiser, o futuro também há de sê-lo!
Adiante,
com o Senhor Jesus e com o Excelso Espírito do Anjo que nos assiste e ampara.
A
paz seja convosco.
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