sábado, 31 de agosto de 2013

Os Autos-de-fé cotidianos



Os Autos-de-fé
cotidianos

de Leopoldo Cirne
por W. Vieira
Reformador (FEB) Outubro 1961

            Rememorando o Auto-de-fé em Barcelona, publicamos a mensagem de Leopoldo Cirne transmitida por ocasião do Centenário desse evento.

            “Moisés foi o portador da Primeira Revelação; Jesus nos trouxe a Segunda; Allan Kardec codificou o Espiritismo - a Terceira Revelação -, que divulga os elevados propósitos dos Pioneiros da Luz, e que se impessoalizou para ultrapassar o âmbito individual em direção à Humanidade Maior.

            Na manhã de 9 de Outubro de 1861, aqueles que crucificaram o Senhor - os fariseus de todos os tempos -, não podendo então sacrificar alguém para sufocar a nova ordem de ideias, afoitaram-se em carbonizar lhe os repositórios em forma de livros. Assim, o Auto-de-fé em Barcelona surge às nossas considerações como sendo a primeira crucificação do Consolador, no ataque inquisitorial contra as obras dos precursores.

            Queimaram-se apenas alguns corpos da ideia para que as almas da ideia se libertassem... As chamas que consumiram os livros, avivadas pelas mãos do carrasco, na praça pública, saltaram de alma em alma, a crepitar por centelhas de ideal renovador, ateando o fogo da verdade, de consciência a consciência, e a luz dessa fogueira resplende sempre mais, vitoriosa e irradiante, atraindo e cingindo legiões de criaturas.

            Da esplanada em que se flagelavam os criminosos, os trezentos volumes incinerados, quais flamas redivivas, se multiplicaram aos milhões nos idiomas do mundo inteiro.

            A Causa Espírita é imperecível: ninguém pode abafar a fé raciocinada. O seu ensinamento instrui pelos fatos da Vida Imortal. O Espírito sopra onde quer. Asfixiada a voz da realidade, hoje e aqui, amanhã e em toda a parte alçar-se-â mais potente por milhares de outras bocas.

            Mas, em pleno Centenário do Auto-de-fé, é natural relembremos também os pequeninos autos-de-fé cotidianos que forjamos por nossa imprevidência, queimando, através de ações a desmentirem convicções, os ensinos da Doutrina Libertadora que nos fortalecem as almas.

            O Espiritismo é o Fanal da Imortalidade que recebemos de nossos antecessores do Espaço ou do Plano Físico, mensagem de consolação que nos cabe levar adiante, de ânimo inarrefecível, clareando o caminho. Empunhemos o facho sublime de esperança no rumo da Nova Terra - a Terra da Regeneração!

            Sigamos esses mesmos livros que foram calcinados há um século e que, não raro, repontam moralmente destruídos por nossa conduta inadvertida e contrária aos ditames amorosos do Cristo.

            Recomendou o Mestre: "Brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vos vejam as boas obras e glorifiquem o Pai que está no Céu. "

            Recorda que serás sempre, onde estiveres, a lição ambulante do Espiritismo. És a síntese viva da Codificação! Se o templo espírita consola, o teu coração testemunha! Se a tribuna espírita esclarece, a tua palavra conduz! Se o livro espírita ilumina, o teu exemplo é a força que arrasta! 

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