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‘Rimas do
Além Túmulo’
Versos Mediúnicos de
Guerra Junqueiro
Grupo Espírita Roustaing
Belém do Pará 1929
Casa Editora Guajarina
Conclusão
Preciso repousar,
após esta labuta,
como o leal
soldado, ao fim de uma batalha,
que, abandonando o
campo árido da luta,
prefere a paz do
lar ao ruído da metralha.
Preciso, sim,
preciso ir procurar, distante
alento precioso,
inspiração divina,
luz clara - que
conduz o débil viandante
à Fonte que contêm
a Água Cristalina
da Paz, benigno
aroma, harmonioso canto
que unge de prazer
eterno e virginal
a Alma, que,
inundada em copioso pranto,
resgata do Passado
a dívida fatal.
As lágrimas de dor,
as perolas de Luz
que verte, no Espaço,
o pobre arrependido,
são flores que
entreabrem em torno de Jesus,
enchendo de
Esperança o ente redimido.
O jornaleiro, ao
dealbar do dia, o arado
busca, e vai a tarefa,
alegre, começar;
mas, quando o Sol
descamba, ao longe, esbraseado,
ele regressa a
casa, afim de repousar.
E nessa hora em que
já os cânticos da brisa
são salmos que
enternecem trêmulas roseiras,
e quando, bem ao pé
da fonte que desliza,
às vezes vão trinar
as aves feiticeiras...
Bem como o viajor que,
em meio da jornada,
implora sequioso um
pouco de alimento,
coberto pelo pó que
se espalha na estrada,
voando, estonteado,
ao látego do vento,
- assim, eu vou
rogar ao bem bondoso Mestre
o Pão que fortifica
a todos os poetas,
um Pão bem semelhante
àquele mel silvestre
que, outrora,
alimentou os santos e os profetas.
Deixai que vá haurir,
mísero precito,
coberto de labéus,
injúrias, maldições;
também Jesus fitava
as luzes do Infinito,
enquanto contra Ele
rugiam multidões!
Deixai que o pobre
pare ao longo do caminho
a fim de respirar
um pouco, livremente,
também o rouxinol
esconde-se no ninho;
quando, serena,
desce a noite; lentamente...
Mas, quando surge,
a rir, a estrela matutina
e há um novo canto
em cada viração
e a voz do manancial
recorda, na surdina,
de um pássaro
noturno a singular canção,
lá se alevanta o
meigo trovador alado,
e, abandonando o
ninho, embebe-se no ar,
esplêndido, a
trinar um hino ritmado,
em céleres arroubos
de cantor sem par!
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