09) Mediunidade e
Perseverança
por Indalício
Mendes
Reformador
(FEB) Dezembro 1958
Há
pessoas de mediunidade ainda incipiente que não concordam em se entregarem a
paciente e demorado trabalho de desenvolvimento de suas faculdades. Admiram os
grandes médiuns e querem chegar depressa a fazer o que eles fazem, esquecidos
de que "a natureza não dá saltos". Há ocasiões em que a mediunidade repentinamente
evolve e o médium passa a fazer trabalhos que outros médiuns não conseguem
realizar senão depois de longo tempo de exercício. Todas as particularidades do
mediunismo são explicadas em "O Livro dos Médiuns", de Allan Kardec.
Muitas vezes a mediunidade requer ambiente propício a seu desenvolvimento.
Todos sabemos que semelhante faculdade, na sua parte técnica, independe da vontade individual e da moralidade,
posição social, educação, crença, raça e estado da pessoa, tal como sucede
relativamente à inteligência e ao talento. A mediunidade não é hereditária, mas
há casos de famílias inteiras possuírem membros dotados de recursos mediúnicos.
Está
em moda, agora, graças aos esforços dos inimigos do Espiritismo, negar a
mediunidade. Não importa que a neguem, porque semelhante atitude não impedirá
que os médiuns apareçam e desempenhem as atividades inerentes ao mediunismo.
Isto tem sido assim desde que o mundo é mundo, de modo que não seria hoje em
que o Espiritismo está disseminado e melhor compreendido, porque as
possibilidades de leitura, estudo e prática são infinitamente mais amplas que
sucederia o contrário.
Os
que se iniciam nos mistérios da mediunidade devem dar atenção a estas palavras
de Léon Denis: "Muitas decepções e dissabores seriam evitados se se compreendesse que a
mediunidade percorre fases sucessivas, e que, no período inicial de
desenvolvimento, o médium é, sobretudo, assistido por Espíritos de ordem
inferior, cujos fluidos, ainda impregnados de matéria, se adaptam melhor aos
seus e são apropriados a esse trabalho de bosquejo, mais ou menos prolongado, a
que toda faculdade está sujeita.”
"Só mais tarde, quando a faculdade mediúnica,
suficientemente desenvolvida, adquiriu a necessária maleabilidade, e se tornou
dúctil o instrumento, é que os Espíritos elevados podem intervir e utilizá-la
para um fim moral e intelectual. O período de exercício, de trabalho
preparatório, tão fértil muitas vezes em manifestações grosseiras e
mistificações, é pois uma fase normal de desenvolvimento da mediunidade; é uma
escola em que a nossa paciência e discernimento se exercitam, em que aprendemos
a nos familiarizar com o modo de agir dos habitantes do Além.”
"Nessa fase de prova e de estudo elementar,
deve sempre o médium estar de sobreaviso e nunca se afastar de uma prudente
reserva. Cumpre-lhe evitar cuidadosamente as questões ociosas ou interesseiras,
os gracejos, tudo em suma que reveste caráter frívolo e atrai os espíritos
levianos.”
“É preciso não se deixar esmorecer pela
mediocridade dos primeiros resultados, pela abstenção e aparente indiferença
dos nossos amigos do espaço. Médiuns principiantes, ficai certos de que alguém
vela por vós e de que a vossa perseverança é posta à prova. Quando houverdes
chegado ao ponto requerido, influências mais altas baixarão a vós e hão de
continuar a vossa educação psíquica. Não procureis na mediunidade um objetivo
de mera curiosidade ou de simples diversão; considerai-a de preferência um dom
do céu, uma coisa sagrada, que deveis utilizar com respeito, para o bem de
vossos semelhantes. Elevai o pensamento às almas generosas que trabalham no
progresso da Humanidade; e elas virão a vós e vos hão de amparar e proteger.
Graças a elas, as dificuldades do começo, as inevitáveis decepções que experimentáveis
não terão desagradáveis consequências; servirão para vos esclarecer a razão e vos desenvolver as forças fluídicas.”
"A boa mediunidade se forma lentamente, no
estudo calmo, silencioso, recolhido, longe dos prazeres mundanos e do tumulto
das paixões. Depois de um período de preparação e expectativa, o médium colhe o
fruto de seus perseverantes esforços; recebe dos Espíritos elevados a
consagração de suas faculdades amadurecidas no santuário de sua alma, ao abrigo
das sugestões do orgulho. Se guarda em seu coração a pureza de ato e de
intenção, virá, com a assistência de seus guias, a se tornar um cooperador
utilíssimo na obra de regeneração que eles vêm realizando." (“No Invisível” - Educação e função dos médiuns.)
Transcrevemos
apenas alguns trechos dessa obra admirável de Léon Denis; muito útil à leitura
de todos aqueles que desejarem conhecimentos maiores a respeito do Espiritismo
e particularmente acerca da mediunidade. A parte em que esse grande apóstolo
francês trata da educação dos médiuns é importantíssima. Em nossa opinião,
todos os indivíduos dotados de mediunidade, estejam ou não em fase de
desenvolvimento, devem ler "O Livro dos Médiuns" e outras obras, como
"No Invisível", de Denis, "Estudando a Mediunidade", de
Martins Peralva, etc., para adquirir conhecimentos e assimilar conselhos de
grande utilidade. Quanto mais o médium procurar ambientes favoráveis, melhor. A
mediunidade deve ser tratada com muito carinho, o médium deve interessar-se por
ela e defendê-la, porque, sem dúvida alguma, sua situação será sempre
influenciada por essa faculdade prodigiosa. Tratá-la com indiferença ou mal
tratá-la constituirá perigo para si próprio. Deve, pois, resguardá-la e defendê-la, porque estará
defendendo a si mesmo. Nem se pense que a mediunidade é atributo exclusivo de
espíritas. Ela pode surgir e manifestar-se em qualquer indivíduo, espírita,
protestante, católico, muçulmano, budista ou ateu. Não importa. Não é um
produto de crença nem de educação. Por isto é que não podemos deixar de sorrir
quando os inimigos do Espiritismo, desejando combater a mediunidade, negam-lhe
a existência ou afirmam, embora intimamente convictos da insubsistência da
afirmativa, que ela é uma influência diabólica... Por pensarem assim é que
muitas pessoas se atormentam, sofrendo os efeitos da "retenção da
mediunidade". São médiuns e não se desenvolvem, ou não querem trabalhar.
Tornam-se, não raro, joguetes de Espíritos inferiores, e não vale água benta e
exorcismo para afastá-los.
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