26a
‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
João Crisóstomo (S.)
O médium vê apenas
uma luz branca, circundado de fachos verdes e solferinos.
Distingue depois o
formato da cabeça do espírito e, por último, consegue ver um homem de cabelos
brancos,
meio calvo, com
barba não muito rente. O seu aspecto
luminoso é deslumbrante.
____________________
Sou um humilde e obscuro servo do
Senhor, por isso não venho a Terra dar, mas para esmolar, pedir e suplicar.
Venho entre os homens para lhes pedir
a esmola da sua atenção e da sua benevolência para as minhas singelas e
humildes palavras. Venho implorar a condescendência e a tolerância dos meus
irmãos para a ligeira divagação que vou fazer sobre as condições tristíssimas
em que se acha a humanidade. Venho
suplicar da vossa bondade e amor a graça de ouvir a palavra de João, que volta
ao mundo para prosseguir nas suas prédicas, interrompidas por alguns instantes
em que se conserva separado de vós.
Ao vosso lado está o mais humilde e
pequenino servo do Senhor, a mais insignificante de todas as almas que erram no
infinito, o mais obscuro de todos os espíritos que vivem na eternidade. Sois
visitado neste momento por um dos mais infinitos mensageiros do Senhor, por Ele
enviado a Terra para proclamar entre vós a verdade espírita e anunciar-vos a
vitória definitiva dessa doutrina de amor e tolerância, que, dentro em breve,
se propagará por todo o mundo. Sou enviado a Terra para dizer aos homens que a
verdade está na doutrina dos espíritos, e que somente poderá gozar o título de
sábio, aquele que conhecer as verdades contidas nos Evangelhos de Jesus,
explicado em espírito e verdade pelo Espiritismo.
Voltei hoje a Terra para
desobrigar-me de um grande compromisso que assumi perante Deus e Jesus, qual o
de cooperar na grande obra da transformação do mundo, ora iniciada sob as
vistas do mesmo Jesus, que em pessoa, dirige o movimento regenerador!
Glória! Glória! Entoamos louvores a
Deus e ao Seu filho dileto - o nosso amado Jesus Cristo, por terem concedido
aos homens a graça de receberem estes a luz da verdade espírita pela palavra
dos grandes eleitos do Senhor que tem baixado ao mundo para semear os sábios e
divinos ensinamentos! Gloria! Glória! Exultemos de prazer por ter chegado a
hora abençoada da salvação e resgate do planeta que habitais!
Curvemo-nos diante do nosso Pai e
roguemos a Sua proteção misericordiosa neste momento tão cheio de amarguras,
dores, martírios, lágrimas, nesta hora em que a morte é a única solução para o
problema da vossa salvação e do vosso aperfeiçoamento. Roguemos a Deus nos dê
coragem para resistirmos à todas essas calamidades e desgraças que assolam o
mundo e as que ainda hão de vir para completar a obra de saneamento moral do
planeta. Imploremos a Jesus o conforto da sua divina resignação no martírio e
na dor, para podermos também como o amado e querido Mestre, suportar o peso
dessa cruz imensa que repousa sobre os ombros da humanidade terrena. Imploremos
ao Messias a graça de podermos, como o Salvador do Mundo, subir esse Calvário e
ali, no alto, depositar a cruz gigantesca dos nossos pecados e das nossas
culpas; que nos de ânimo para, à imitação do Salvador do Mundo, deixarmo-nos
crucificar nesse madeiro sinistro, onde redimiremos as nossas culpas.
Ouçamos, meus irmãos, o que dizem do
Alto os espíritos eleitos que neste instante ditam o que devo comunicar-vos:
A Terra é um mundo atrasado, um
planeta de expiações inferiores, o berço de uma humanidade destinada a
progredir, a caminhar para Deus e para Jesus; mas os homens cometeram o crime
gravíssimo de apagar em toda a parte o nome de Deus e de Jesus, praticando o
sacrilégio de negar a sua origem divina e implantar no mundo o materialismo
reinante.
Os homens são hoje infelizes por
terem abandonado o caminho traçado pelo Mestre quando veio ao mundo para
salvá-lo e conduzi-los à verdadeira felicidade.
Deus é Pai e o Amor Infinito, por
isso dispensa aos homens, apesar da sua obstinação nos erros e nos crimes, o
grande favor de enviar à Terra os Seus filhos diletos para consolá-los no
momento aflitivo que atravessam.
O mundo caminha em desacordo com a
moral de Jesus, em antagonismo com os ensinamentos do Evangelho, marcha em
sentido oposto aquele que devia ser caminhado. A vida no planeta tem sido
apenas uma série infinita de erros, crimes, violências, profanações, infâmias,
sacrilégios e depredações; tudo quanto se tem feito, edificado, construído,
arquitetado na superfície da Terra, nada mais vale, pois são de tal ordem os
erros e os defeitos de que se acham eivadas essas construções, que a sua
demolição é medida que se impõe pronta e urgentemente.
Nada mais podeis esperar do que aí
foi dito pelos homens; nada mais resta para a criatura senão a tristíssima
recordação de todo esse precioso tempo perdido, sacrificado inutilmente, sem
proveito algum de ordem moral e espiritual.
Nada deveis esperar - dizem-me lá do
Alto - dessa civilização de misérias, desse progresso de humilhações e
baixezas, dessa sociedade sem moral e sem Deus, onde são praticados tantos
crimes e tantas violações das leis naturais, tantas infrações da Justiça
Divina; onde não há proteção nem agasalho para os fracos e os humildes, onde somente
a força domina, governa, mantém a estabilidade e o equilíbrio. Nada mais podeis
esperar desse mundo, onde Deus foi substituído pela ambição e pelo egoísmo
feroz, onde Jesus não é mais o exemplo vivo do amor e da humildade!
Nada mais - continuam dizendo de Cima
- deveis esperar de uma humanidade que se entregou aos prazeres e às sensações
carnais - única fonte de gozo e felicidade para os espíritos embotados,
perversos, reincidentes nos crimes e depravações morais. Nada mais deveis
contar, aguardar nesse mundo, onde as misérias e podridões morais infeccionam
as almas boas, os espíritos puros, ingênuos e inocentes.
Tudo quanto existe aí é falso,
indecoroso, imundo, capaz de envenenar a alma mais pura, a consciência mais sã
que venha habitar esse antro, essa pocilga infecta, essa nojenta Sodoma em que
foi transformada a Terra.
Não vos enganeis a vós mesmos -
acrescentam vozes divinas que ouço nesse momento - porque os tempos são chegados, a hora da prestação de contas soou já; o
dia da salvação e do resgate vai raiar para esse mundo.
As vossas faltas são grandes, os
vossos delitos gravíssimos, os vosso crimes monstruosos, as vossas ações, vis.
São ridículos o vosso orgulho e a vaidade de saber, desregradas as vossas
ambições de glória e domínio, intoleráveis as vossas aspirações de substituir Deus
pela nossa ciência. Jesus pelo vosso orgulho e amor próprio. São infinitas as dívidas
que tendes de pagar, os compromissos que assumistes perante Deus e em face de
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Sois loucos, insensatos, imprudentes
e ilógicos; pensais em sacrificar a verdade aos vossos interesses egoísticos,
as vossas indignas e descabidas ambições. Não tendes fé, nem amor, nem crença,
nem confiança em Deus e em Jesus; viveis a vida dos inúteis, dos libertinos e
dos devassos, sem vos preocupardes com o futuro espiritual, com o dia de amanhã,
na eternidade!
Tendes muitas culpas a redimir,
muitos pecados a expurgar, muitos crimes a reparar. São muitas as ofensas e os
insultos dirigidos a Deus e pelos quais tendes que responder, inúmeros os
atentados pelos quais haveis de ser condenados e punidos pelas leis divinas,
tantas vezes infringidas por vós outros, aí na Terra.
Sois de todas as humanidades do vosso
sistema a mais criminosa neste momento, é o vosso planeta o único que se acha
conflagrado, inundado de sangue, juncado de cadáveres, e onde os homens se
devoram como feras, se destroem como canibais, matam-se uns aos outros, em nome
da ambição e do orgulho que arrastaram o vosso mundo para a desgraça e a
miséria. Sois, presentemente, a única das humanidades iluminadas pelo mesmo sol
- centro do vosso sistema planetário - que se acha divorciado de Deus, que não
tem fé nem confiança na infinita misericórdia do Criador; é o vosso planeta o
único que contém no seu seio o materialismo e a incredulidade.
Todos os mundos que vos cercam,
girando dentro do vosso sistema, estão encaminhados, adquiriram já a noção
exata do seu papel na vida universal e tem consciência da sua condição moral no
espaço infinito; são mundos onde ninguém duvida que Deus exista, bem como a
alma que sabem se desencarna, para sucessivamente reencarnar-se e assim
realizar certo progresso, que lhe dará acesso em outros mundos superiores.
Somente o homem terreno ignora estas coisas e se obstina em negar a existência
de Deus e de Jesus; supõe que a vida material é a única, não tem ainda noção do
encadeamento das existências através dos mundos formando esse elo dourado que
liga todas as esferas celestes e estabelecem entre elas solidariedade, relação
e dependência, que dão unidade absoluta à obra admirável do Criador! Portanto,
nesse sistema, a humanidade terrena é a mais presunçosa, por alimentar
imoderada pretensão de tudo saber e explicar; tudo quanto se sabe na Terra é em
comparação com os conhecimentos dos habitantes de outros mundos do mesmo
sistema.
Essa humanidade tem que pagar todos
os seus crimes, todas as faltas cometidas, suportando grandes dores, derramando
sangue, sofrendo a humilhação de ser retirada e substituída por outra melhor,
mais adiantada, chamada por Deus para ir ativar o progresso humano, dar nova
ordem às coisas desse mundo, uma outra organização social, mais de acordo com
as leis de Deus e do Seu filho Jesus.
Sofrem os homens todos os ultrajes e
humilhações por eles mesmos criados, o merecido e justo castigo por se haverem
afastado do caminho de Deus.
Os espíritos que se tem comunicado
convosco, enviados por Deus para anunciar a verdade, já disseram o suficiente
para orientar-vos no caminho do bem e da virtude, e, nesse caso, não faço senão
confirmar o que já vos foi dito pelos meus antecessores relativamente às causas
que motivaram toda essa desgraça que assoberba o planeta na hora presente.
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‘Revelação dos Papas’
(Obra Mediúnica)
- Comunicações d’Além Túmulo -
Publicada sob os auspícios da
União Espírita Suburbana
Rua Dias da Cruz 177, Méier
Officinas Graphicas d’A
Noite
Rua
do Carmo, 29
1918
João Crisóstomo (S.)
Sou do número dos que voltarão à
Terra para auxiliar o progresso humano, para colaborar no início da Era Nova.
Tomarei de novo o invólucro material para viver entre vós e aí propagar as
grandes e únicas verdades sublimes pelos espíritos ensinadas aos homens, que as
tem repudiado, escarnecendo e zombando da bondade infinita e do infinito amor
de Deus. Voltarei, pois, entre vós e serei novamente o obscuro servo do Senhor;
viverei uma vida de amor e humildade; darei os exemplos de que tanto careceis
receber; trabalharei pelo bem, pela paz, pela ordem, pela moral, pela verdade,
pela justiça, por Deus e por Jesus.
Serei pequeno, como fui outrora; nada
terei, nada possuirei, nada acumularei na Terra, nada guardarei aí; tudo darei,
repartirei e espalharei entre os homens. Serei sempre pobre, terei somente como
única riqueza - legado precioso do meu Pai Celestial, que conservarei durante
essa nova vida terrena - a luz que me envolve e será no mundo a minha espada, a
minha arma de combate, a minha força, a minha grandeza, o meu escudo e a minha
fé. Nada trarei para a Terra; nada me acompanhará durante a clausura, a não ser
essa luz - a fé, sol que Deus acendeu na minha alma e com o qual alumiarei o
caminho dos meus irmãos; nada transportarei a não ser essa claridade, com que
iluminarei o meu despertar no seio da humanidade terrena.
Serei, pois, outro na forma e no
aspecto, mas na essência encontrareis sempre João Crisóstomo de outros tempos,
com a mesma humildade, a mesma energia, o mesmo amor e a mesma confiança em Deus
e em Jesus.
Voltarei à Terra - anuncio-vos, meus
queridos e amados irmãos; voltarei a viver entre vós, e comigo muitos outros
espíritos virão também, encaminhar-vos, ensinar-vos, colaborando na
transformação e salvação do vosso planeta.
Vou partir, vou, por ordem superior,
de novo deixar o mundo dos espíritos, para suportar as agruras da vida material
e grosseira do vosso.
Não podeis imaginar a alegria que me
invadiu a alma ao receber a notícia da minha escolha para ser um dos enviados
do Senhor entre vós, neste momento em que tanto precisais de conforto e amparo,
de luz e de justiça, de verdade e amor; e o dia em que a minha alma despertar
presa aos laços da matéria, que vai revestir o meu espírito, será de indizível
felicidade para mim!
Como sou feliz, meus amigos! Como sou
ditoso! Como Deus é grande e misericordioso! Como o nosso Pai é carinhoso! Que felicidade, que alegria esta de poder
ainda sofrer pelos meus irmãos, de encontrar ocasião para sacrificar-me pelos
semelhantes!
Que extraordinária delicia a de
voltar a este mundo para aqui viver humildemente, tendo, talvez, de curtir
dores, suportar dias amargurados, a fome, o frio, a sede, a miséria e a morte,
e tudo em benefício de um planeta inteiro, para resgate de uma humanidade!..
Quanto é doce antever desde já tão
salutar sacrifício, que farei abnegadamente, prelibar essas amarguras,
antegozar essas dores, desfrutar antecipadamente os martírios e os sofrimentos
pelos quais terei eu que passar!
Quanta felicidade! Que suave ventura
a minha! Gratas e sorridentes esperanças embalam neste momento o meu espírito!
Como sou feliz! Como Deus é grande e misericordioso! Como sou venturoso! Como
sois também felizes!
Bendito seja Jesus. Nosso Senhor!
Glória! Glória a Deus e paz entre os
homens!
Adeus, meus irmãos. Até breve.
João Crisóstomo (S.)
Maio de 1916
Informações
Complementares
Foi teólogo e escritor cristão,
arcebispo de Constantinopla no fim do século IV e início do século V. Sua
deposição em 404 produziu uma crise entre a Santa Sé e a Sé Patriarcal. Pela
sua inflamada retórica, ficou conhecido como Crisóstomo (que em grego significa
“boca de ouro”). Fonte:
Wikipedia
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