23
‘Rimas do
Além Túmulo’
Versos Mediúnicos de
Guerra Junqueiro
Grupo Espírita Roustaing
Belém do Pará 1929
Casa Editora Guajarina
Rimas
Amigos, neste
templo ao penetrar agora,
o bardo que vos
fala, a Deus implora
que envolva este
ambiente em luz divina e pura;
que aumente
o esplendor do astro que fulgura
sobre as vossas
cabeças - o astro da Oração,
que se apresenta
aqui formando um coração,
perfumado de
encantos, de rara grandeza
onde as Preces se
ajustam em calma beleza
para em tranquilos
voos subirem aos céus,
proclamando bem
alto a grandeza de Deus.
Na voz do silêncio,
essa voz que bem merece
toda a vossa
atenção no momento da Prece,
todo o vosso
fervor no momento de calma,
quando tendes um
pranto nos olhos da alma,
quando tendes um
grito no peito manchado
pela nodoa cruel,
medonha do pecado,
mostrando inexorável
vossa imperfeição,
- este grito é o
Remorso e o Remorso um vulcão
em lavas tenebroso
a queimar vosso ser,
lançando-vos o fel
atroz de um padecer.
Oh! todos vós
sabeis que um ente pecador
não pode, embora
queira, ocultar esta dor
que oprime a Consciência;
a alma que é culpada
jamais pode fitar
alegre, deslumbrada,
as luzes que nos
vêm das bandas do Porvir:
se errar foi o seu
lema, em trevas vai cair!
Coitada! Soluçando,
através dos caminhos
que pelo Espaço,
tem pontilhados de espinhos,
vai ela caminhar,
sozinha, sem abrigo,
até que tenha enfim
cessado o seu castigo!
Por isso, a todos
vós eu peço neste instante:
esforçai-vos para
ter a ideia constante
de progredir, de
erguer os vossos corações
bem longe, lá, a
essas regiões
onde habitem os
seres puros e ditosos,
que a Prece dos aflitos
colhem pressurosos,
apoiados no Amor
divino de Jesus,
mostrando à
Humanidade os raios dessa luz
que promete, à falange
dos Trabalhadores,
um mundo de
ventura, isento de amargores.
Feliz de quem,
possuindo firme ardor,
espalhar pela Terra
a semente do Amor,
que há de germinar,
florescer afinal,
unindo todos vós
num laço fraternal!
4 de agosto de 1927
Nenhum comentário:
Postar um comentário