“Só a forma se extingue”
Oswaldo Valpassos
Reformador
(FEB) Maio 1959
Não
existe a morte. Se o espírito é imortal, também a matéria é indestrutível.
Só
a forma se extingue.
A
matéria circula e nada perde. Um átomo que existiu no corpo de Platão, ou na
florzinha do campo, ou no esqueleto do cão, pode fazer parte agora de nosso
corpo.
O
que nós vemos é transitório, vê-se apenas a forma. Esta desaparece na árvore
que se queima ou no cadáver que se putrefaz na escuridão do túmulo.
Foi-se
a forma, mas a matéria ficou e vai fazer parte de outra forma nos mil caminhos
da circulação universal a que está submetida.
Nesse
cadinho infinito, saem irmanados, na sua composição material, o santo e o
celerado, o verme e o leão, a planta e a ave.
E,
ao lado dessas criações que o nosso pensamento não pode abarcar, difunde-se
universalmente o sopro de vida emanado do Foco Divino.
Queiram
ou não os materialistas, a matéria é dirigida; por si só não poderia engendrar
a vida. Ao contrário, ela obedece a um plano dirigente na constituição de um
ser vivo, seja vegetal ou animal.
Em
nossa peregrinação humana, quando a forma se esvai, o Eu libertado da prisão da
carne continua o caminho da evolução, voltando de novo, de tempo em tempo, como
já o fizera, à prisão de outro corpo, isto é, de outra forma, onde prossegue
depurando-se através do sofrimento, galgando em cada etapa mais um degrau na
escala da perfeição espiritual, à qual todos estamos ligados e da qual não
pudemos fugir, nem tão pouco retroceder. Pode-se parar nessa longa viagem, mas
não para sempre, qual o viandante cansado que se detém no caminho para
recuperar forças e continuar.
Sim,
prosseguir na estrada sem fim da evolução espiritual, depurando-se cada vez
mais até que, liberto das impurezas, livre das algemas, alcança no Além a porta
que o conduz à Mansão de paz eterna.
Os
viajores seguem nessa jornada diferentes caminhos, cada um se guia segundo seu
livre arbítrio, mas todos chegam, embora com esforço diverso, ao mesmo ponto; porque, consoante a
Justiça de Deus, ninguém paga acima do seu débito e, como não há falta eterna,
nem erro irreparável, também não há pena eterna.
E
Deus a tudo preside e somente n'Ele está a força que, com infinita
inteligência, cria a vida e rege a matéria, desde o pequenino grão de areia à
formação dos mundos rolando nas suas órbitas pelos caminhos do céu.
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