sábado, 22 de junho de 2013

'Só a forma se extingue'




“Só a forma se extingue”
Oswaldo Valpassos
Reformador (FEB) Maio 1959

            Não existe a morte. Se o espírito é imortal, também a matéria é indestrutível.

            Só a forma se extingue.

            A matéria circula e nada perde. Um átomo que existiu no corpo de Platão, ou na florzinha do campo, ou no esqueleto do cão, pode fazer parte agora de nosso corpo. 

            O que nós vemos é transitório, vê-se apenas a forma. Esta desaparece na árvore que se queima ou no cadáver que se putrefaz na escuridão do túmulo.

            Foi-se a forma, mas a matéria ficou e vai fazer parte de outra forma nos mil caminhos da circulação universal a que está submetida.

            Nesse cadinho infinito, saem irmanados, na sua composição material, o santo e o celerado, o verme e o leão, a planta e a ave.

            E, ao lado dessas criações que o nosso pensamento não pode abarcar, difunde-se universalmente o sopro de vida emanado do Foco Divino.

            Queiram ou não os materialistas, a matéria é dirigida; por si só não poderia engendrar a vida. Ao contrário, ela obedece a um plano dirigente na constituição de um ser vivo, seja vegetal ou animal.

            Em nossa peregrinação humana, quando a forma se esvai, o Eu libertado da prisão da carne continua o caminho da evolução, voltando de novo, de tempo em tempo, como já o fizera, à prisão de outro corpo, isto é, de outra forma, onde prossegue depurando-se através do sofrimento, galgando em cada etapa mais um degrau na escala da perfeição espiritual, à qual todos estamos ligados e da qual não pudemos fugir, nem tão pouco retroceder. Pode-se parar nessa longa viagem, mas não para sempre, qual o viandante cansado que se detém no caminho para recuperar forças e continuar.

            Sim, prosseguir na estrada sem fim da evolução espiritual, depurando-se cada vez mais até que, liberto das impurezas, livre das algemas, alcança no Além a porta que o conduz à Mansão de paz eterna.

            Os viajores seguem nessa jornada diferentes caminhos, cada um se guia segundo seu livre arbítrio, mas todos chegam, embora com esforço  diverso, ao mesmo ponto; porque, consoante a Justiça de Deus, ninguém paga acima do seu débito e, como não há falta eterna, nem erro irreparável, também não há pena eterna.

            E Deus a tudo preside e somente n'Ele está a força que, com infinita inteligência, cria a vida e rege a matéria, desde o pequenino grão de areia à formação dos mundos rolando nas suas órbitas pelos caminhos do céu.




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