Purgatório
Emmanuel
por Chico Xavier
Reformador
(FEB) Jan 1959
Indubitavelmente,
quando transviados na Terra, conduzimos para o túmulo o inferno do remorso,
alojado nos escaninhos da consciência.
É
aí, nos precipícios da sombra, com os quais sintonizamos aspirações e desejos,
que passamos a sofrer as justas consequências de nossos erros deliberados,
azorragues de dor que nos atormentam a memória, nas telas sucessivas de agonia
do arrependimento, como que a imobilizar-nos a ideia em cárceres de aflição e
terror, resultantes de nossa própria criação mental a enovelar-se sobre nós
mesmos.
Entretanto,
o Socorro Divino jamais falha e chega o momento em que o inferno convertido em
purgatório salutar renasce conosco no berço terrestre, situando-nos, mediante a
forma física, no reduto doméstico ou no quadro social suscetíveis de
conduzir-nos ao reajuste.
É
por isso que vemos no mundo as mais dolorosas enfermidades e as mais aflitivas
mutilações, de permeio com os desgostos familiares e com as provações mais
profundas, a se revelarem através de inibições deploráveis, de chagas íntimas,
de incompreensões, de amarguras, de miséria angustiosa e pauperismo
desolador...
Cada
consciência que ressurge na carne, no campo da dívida a resgatar, carreia
consigo a cruz salvadora em que se lhe redimirá o espírito, à frente da vida
eterna.
Não
olvides, pois, que a riqueza da fé representa a claridade bendita em que é
possível estender os talentos do amor, clareando os quadros de nossos gravames
e compromissos.
Lembra-te
de que conhecimento superior traduz responsabilidade e que responsabilidade
pede acerto de contas.
A
nós outros, portanto, a quem coube o quinhão maior da luz, compete o serviço
incessante no bem dos outros, para que através da oportunidade de hoje possamos
libertar-nos do purgatório de ontem, pavimentando em nós mesmos o abençoado
caminho de ascensão a luminoso porvir.
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