terça-feira, 30 de abril de 2013

Morte Espiritual




Morte Espiritual

escreve   Martins Peralva
in Reformador (FEB) Fevereiro 1955

"Não temais os que matam o corpo, e depois não têm mais que possam fazer." JESUS.


O corpo físico é vaso precioso que nos compete preservar com todos os recursos ao nosso alcance.

O Espírito é centelha divina, inteligente e imortal com responsabilidades definidas no campo evolutivo.

Se um comanda, outro obedece.

Um é o piloto, o outro a embarcação; um o jardineiro, o outro a ferramenta; um o maquinista, o outro a máquina pesada que avança, quilômetro a quilômetro, cortando vales, transpondo     fronteiras, reduzindo distâncias.

Por conseguinte, se observamos, até certo ponto reconhecidos, o papel desempenhado pela embarcação, pela ferramenta e pela máquina no progresso geral, maior deve ser a nossa gratidão àqueles que, sabiamente, contornaram rochedos em pleno oceano, deram boa direção à enxada no trato com o solo ou regularam habilmente a máquina de ferro.

Face a tais considerações, o ensino do Mestre adquire significado altamente expressivo.

Ficamos sabendo que se o corpo é como a enxada, instrumento respeitável que pede apenas boa direção, o Espírito que nos habita temporariamente a organização somática é, como o jardineiro, o artífice da beleza e do engrandecimento, do progresso e da iluminação.

A morte do corpo, isto é, o choque biológico da desencarnação, mesmo em circunstâncias dolorosas, por injunções cármicas, importa menos dentro da conceituação de Justiça e Eternidade que nos felicita o entendimento, do que a "morte" do Espírito.

Morte física é acontecimento normal que possibilita a libertação do Espírito, segundo a sua evolução.

Morte moral é desgraça provocada pela própria invigilância do homem, a qual atinge duramente a alma, refletindo-se no futuro por mais ou menos tempo.

Pela morte física, o Espírito separa-se da matéria perecível para a ela retomar, sob nova forma, às vezes até dentro de curto espaço de tempo; pela morte imantamo-nos a seres e criações inferiores, escravizando-nos a desvarios, más inclinações e sofrimentos inenarráveis que, muitas vezes, perduram séculos.

É por isso, indubitavelmente, que o Mestre exorta:

E digo-vos, amigos meus: Não temais OS que matam o corpo, e depois não têm mais que possam fazer. Mas eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, eu vos digo, a esse temei." (Lucas, 12: 4-5.)

Sabemos que em planos inferiores adjacentes à crosta planetária, imperam a desarmonia e a perturbação, a prepotência e o ódio, o rancor e a perversidade numa prefiguração, bem semelhante do inferno das interpretações teológicas.

Em nossa vida de relações ostensivas quando encarnados, geralmente iniciamos pela invigilância, pela hostilidade ou indiferença em face do mesmo problema da sobrevivência a estabelecer veículos de sintonização com essas esferas, fazendo "amizades" com irmãos menos felizes, firmando pactos tenebrosos, precipitando-nos, assim, pouco e pouco, em terríveis precipícios no Reino das Sombras.

Começamos então a morrer em duplo sentido, entregando-nos gradativamente às obsessões e possessões vigorosas.

As forças vitais começam a extinguir-se transformando nosso organismo em delicioso pasto à vampirização dessas entidades distanciadas do esclarecimento evangélico...

A vontade própria, por sua vez, vai-se relaxando, lamentavelmente, sob a ação magnética das entidades infelizes às quais ligamos a nossa mente...

O esgotamento e a debilidade consequentes à enfermidade fisio psíquica prenunciam a morte corporal, seguida, imediatamente, da "outra morte", a espiritual, determinando nossa localização, por efeito de inexoráveis leis vibratórias, em região que o evangelista-médico denominou "inferno".

Examinemos, portanto, a sentença evangélica adquirindo a convicção de que não devemos temer o irmão ignorante que nos pode roubar a vida física. Temamos, antes, o "que depois de matar, tem poder para lançar no inferno".

O estudo meditado das obras de André Luiz, desde "Nosso Lar" a "Entre a Terra e o Céu", faz-nos compreender melhor o pensamento do Senhor, expresso no Evangelho, inclusive com relação a outras passagens aparentemente obscuras do Grande Livro.

Estudo e meditação conjugados, junto a companheiros esclarecidos, são tesouros para a alma de boa vontade que deseja elevar-se para Jesus, evitando complicações com a Lei.


11. 'Didaquê Espírita'





11

Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed. FEB 1948

CAPÍTULO VII


OS ESPÍRITOS      a/b


258. Que é o Espírito?

            - O princípio inteligente do Universo.

259. Que definição se pode dar dos Espíritos?

            - Pode dizer-se que são os seres inteligentes da criação, e que povoam o Universo fora do mundo material.

260. Os Espíritos ocupam uma região determinada e circunscrita no Espaço?

            - Eles estão em toda a parte. Entretanto, nem todos podem ir aonde querem, pois há regiões que estão vedadas aos menos adiantados.

261. Empregam os Espíritos algum tempo em percorrer o Espaço?

            - Sim, porém isso é quase sempre rápido como o pensamento, pois a vontade dum Espírito,
de algum adiantamento, exerce mais poder sobre seu corpo fluídico ou perispiritual que, enquanto
encarnado, podia exercer sobre um corpo grosseiro e denso.

262 . A matéria serve de obstáculo aos Espíritos?

            - Não, pois tudo é penetrado por eles: o ar, a terra, a água e até mesmo o fogo, assim como o cristal é penetrável aos raios solares.

263. Os Espíritos superiores vêm aos mundos inferiores?

            - Descem a eles a todo o momento, a fim de os ajudar a progredir intelectual e moralmente. Há um exemplo disso em Jesus.

264. Os Espíritos experimentam as mesmas necessidades e sofrimentos físicos que nós?

            - Conhecem-n’os porque passaram por eles, mas não os sentem do mesmo modo que nós, visto carecerem de corpo carnal.

265. Os Espíritos sentem cansaço?

            - Não, como o conhecemos, pois carecem de órgãos cujas forças precisem de ser reparadas.

266. Há determinado número de graus de perfeição entre os Espíritos?

            - É ilimitado, pois o progresso é infinito.

267. Qual o caráter dos Espíritos imperfeitos?

            - Predomínio da matéria sobre o Espírito, propensão ao mal, ignorância, orgulho, egoísmo e todas as más paixões que daí se derivam. Têm intuição de DEUS, mas não compreendem quais possam ser os seus atributos, ou então o orgulho faz que O neguem.

268. Qual o caráter dos Espíritos elevados?

            - Nenhuma influência da matéria; superioridade intelectual e moral. Já não têm provas e privações a sofrer, mas devem ainda progredir intelectual e moralmente.

269. Há Espíritos que foram criados bons e outros maus?

            - Todos os Espíritos foram criados simples e ignorantes.

270. Não existe pois o demônio, no sentido que se liga a esta palavra?

            - Não; porque, se existisse, seria obra de DEUS e, assim, DEUS não teria procedido com justiça e bondade criando seres consagrados eternamente ao mal. Todos os Espíritos têm forçosamente de atingir a perfeição; eis a lei do Criador.

271. Os Espíritos podem degenerar?

            - Não; eles podem permanecer estacionários, mas nunca retrocedem.

272. Não poderia DEUS evitar aos Espíritos as provas e os sofrimentos?

            - Sem luta, onde estaria o mérito? A verdadeira felicidade é originada das lutas e dos sofrimentos que nós próprios criamos. Sem nos corrigirmos jamais alcançaremos a felicidade.

273 . Todos os Espíritos passam pelo mal antes de atingirem a perfeição?

            - Pelo mal, não, mas sim pela imperfeição e pela ignorância.

274. Porque uns seguem o caminho do bem, enquanto outros seguem o do mal?

            - Por causa do livre arbítrio. Sem liberdade não há responsabilidade das faltas ou mérito nas boas ações.

275. De que modo se instruem os Espíritos?

            - Estudando o seu passado e inquirindo os meios de se elevarem no progresso infinito.

276. Os Espíritos conservam algumas das paixões que tinham na Terra?

            - Os Espíritos adiantados, ao deixarem o invólucro material, conservam as boas paixões e esquecem as más. Os Espíritos inferiores conservam às vezes as más paixões que tinham na Terra.

277. Os Espíritos necessitam de luz para ver?

            - Os que não estão envoltos em trevas, por causa de mau procedimento, não precisam de luz exterior para ver, pois tem em si a sua própria luz.

278. As faculdades de ouvir e ver residem em todo o ser espiritual?

            - Todas as percepções são atributos do Espírito e fazem parte do seu ser.

279. O poder e a consideração de que o homem goza, na Terra, dão-lhe superioridade no mundo dos Espíritos?

            - No mundo dos Espíritos só se reconhece a superioridade moral e intelectual.

280. Qual a natureza das relações entre os Espíritos bons e maus?

            - Os bons procuram combater as más inclinações dos maus, a fim de os ajudar a progredir. Os maus, pelo contrário, procuram induzir ao mal os que ainda são inocentes.

281. Os Espíritos que não são simpáticos podem conquistar os dons da simpatia?

            - Todos alcançarão essa felicidade, à medida que se aperfeiçoarem.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

19. Histórias do Chico...



18  Histórias do Chico...

             
            Guia Atrasado...

            Encontra com um de seus Amigos e vem o conselho tentador:

            - Por que não vende, a seu benefício, um dos livros que recebe pela psicografia? Precisa pensar no seu futuro...

            - E a resposta vem simples e amorosa: Não posso preocupar-me com as coisas materiais. Já ganho o necessário para não sacrificar meus dons mediúnicos à minha manutenção. Tudo que recebo de graça devo dar de graça, atendendo, com lealdade, ao meu Guia.

            - Mas que espírito atrasado você tem como Guia...  exclama outro alguém, prometendo-lhe: quando desencarnar vou pedir para ser seu Guia para lhe ensinar a ganhar a vida com mais objetividade...

            O Chico sorri e passa...


Ramiro Gama
in ‘Irmãos do Bom Combate’
Edição G E Regeneração RJ RJ - 1969


'Semeando rosas e colhendo espinhos'


Semeando Rosas e colhendo espinhos Set 21

Quem pouco semeia, pouco colherá; quem semeia com abundância, com abundância colherá.
Dê cada qual o que houver resolvido em seu coração;
mas não a contragosto nem forçadamente;
Deus ama a quem dá com alegria.
(2 Cr 9. 6 ss)

Que linda tarefa, semear germens de caridade!
Não para colher gratidão - mas por amor à própria caridade...
Semear benefícios é quase sempre colher ingratidão
A mais genuína caridade é a que produz rosas para os outros
e espinhos para si mesma.

Caridade de bom samaritano...
Caridade de Verônica.
Caridade de Nazareno.

Deus é caridade - porque Deus é desinteresse.
Tanto mais divina é a caridade quanto mais desinteressada.

"Mais belo é dar que receber"...

Quem dá para receber - é egoísta.
Quem recebe para dar - é filantropo.
Quem recebe para não dar - é avarento.
Quem dá para não receber - é cristão.

A mais bela colheita da caridade é não colher o que se semeou
para que outros possam colher o que não semearam...
                       
           
Huberto Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista dos Tribunais, SP – 1941  

domingo, 28 de abril de 2013

18. 'Histórias do Chico...'


18  Histórias do Chico...

             Boaventurices...



            Em novembro de 1957, Frei Boaventura, que vive catando motivos para desprestigiar o Espiritismo, visitou o Chico.

            Tentou magnetizá-lo e nada conseguiu.

            Procurou mistificações nas sessões do LUIZ GONZAGA e não as viu.

            Visitou o Escritório da Fazenda Modelo, onde o Chico trabalha. Viu prateleiras cheias de boletins de serviço e pensou que fossem livros. . . .

            Por fim, à saída, fez esta pergunta ao médium na certeza de deixa-lo vencido:

            - Chico, desejo que me responda: que é a VERDADE?

            E o Chico, sorrindo e com aquele ar de alguém que não possui maldade dentro de si, respondeu de pronto:

            - Ora, meu caro irmão, esta pergunta Pilatos, há dois mil anos, fez a Jesus e Ele silenciou... como deseja que lha responda...

            Frei Boaventura silenciou e partiu...  com algo no pensamento e no coração ...


Ramiro Gama
in ‘Irmãos do Bom Combate’
Edição G E Regeneração RJ RJ - 1969


Milagres e Curas Mediúnicas



Milagres
e curas mediúnicas

por Orlando Romero
Reformador (FEB) Dezembro 1947

            A mediunidade é uma faculdade, isto é, um dom próprio do homem, podendo variar de indivíduo a indivíduo, e ser mesmo ausente em muitas pessoas. Como sabemos, são múltiplas as modalidades dessa faculdade, e é nosso desejo falar, sucintamente, sobre a mediunidade curadora, não só pela magnificência com que ela se reveste, como também pelo sensacionalismo que tais fatos provocam.

            Tanto a História como os livros fundamentais de todas as religiões antigas, estão refertos de fatos referentes a curas mediúnicas, sem embargo venham rotulados com o nome de "milagres". A Doutrina dos Espíritos nos ensina, mui logicamente, que não existe o tal milagre na acepção geral do termo, pois o milagre seria a derrogação das leis naturais, leis imutáveis e absolutamente sábias; seria um feito extraordinário em oposição à Lei Divina. Ora, tal concepção é por demais errônea, profundamente incoerente, e não merece o mais superficial exame filosófico. Portanto, temos que apelar para as próprias leis da Natureza. É isso que o Espiritismo nos mostra à luz meridiana, sem rodeios e sem o comodismo dos dogmas humanos. Sabemos, hoje, que existe em torno de nós, ao derredor de todas as coisas, o Fluido Universal, também chamado Fluido Elementar ou Primitivo, sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão. Segundo os Espíritos "esse fluido é suscetível de inúmeras combinações e o que chamamos fluido elétrico, fluido magnético, são modificações do fluido universal, que não é, propriamente falando, senão uma matéria mais perfeita, mais sutil, e que se pode considerar independente". Pois bem, os Espíritos Superiores, os nossos Mentores do Espaço, se utilizam do fluido universal com muito bem lhes apraz, manipulando-os, a fim de ministrarem os seus efeitos curativos aos enfermos, quer encarnados, quer desencarnados. As curas mediúnicas, os casos de taumaturgia, requerem o auxílio, o concurso de um médium. "Médium é o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens: Espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer Natureza que seja". É' sabido que os seres semelhantes atuam com seus semelhantes e como seus semelhantes, e nós, espíritos encarnados, somos semelhantes aos espíritos, embora desencarnados. Os médiuns têm, pois, uma faculdade toda especial em seu perispírito que lhes permite entrar em estreita comunicação, maior ou menor afinidade, com os espíritos, suprimindo a refratariedade natural e estabelecendo uma corrente, uma verdadeira fusão perispiritual. Quanto mais perfeita a fusão, mais inconsciente o médium,
mais notáveis as comunicações obtidas, maiores êxitos alcançam os fenômenos.

            Qualquer indivíduo pode, pois, possuir mais ou menos o privilégio desta ou daquela mediunidade, e para tal não são exigidos os preconceitos de casta, nem de cor, e muito menos é levada em consideração a crença religiosa que ele professa. O imprescindível é o desejo de curar, de praticar a Caridade, é a vontade de amenizar os males do próximo, tanto por parte do sensitivo quanto do médico espiritual; e em consequência desse contubérnio fraternal, dessa aliança em prol do Bem, há como que a formação de um jato fluídico, contendo em sua composição ingredientes hauridos do fluido universal, e que é diretamente aplicado sobre a região carecente do enfermo. É oportuno dizer que o estado, em que se encontra o paciente, também contribui para o maior ou menor êxito da operação: aumenta ou diminui a força vibratória dos fluidos. Daí o valor da Prece, da Fé, da confiança em Deus.

            A propósito, encontramos em Kardec o seguinte: "O poder da fé se demonstra; de modo direto e especial, na ação magnética; por seu intermédio, o homem atua sobre o fluido, agente universal, modifica-lhe as qualidades e lhe dá uma impulsão por assim dizer irresistível. Daí decorre que aquele que, a um grande poder fluídico normal, junta ardente fé, pode, só  pela força de sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam de efeitos de uma lei natural. Tal o motivo por que Jesus disse a seus discípulos (no caso da cura do menino lunático): se não o curastes, foi porque não 'tendes fé".

*

            As curas mediúnicas sempre ocorreram. Não só o Cristo curava os enfermos (aliás, convém notar, o Cristo não necessitava de auxílio direto de qualquer médium; tanto lhe era possível colher fluidos magnéticos do meio ambiente, ou dos próprios apóstolos, como ele, o Mestre dos Mestres, não ignorava outras fontes ricas de fluidos indispensáveis, graças à sua grande superioridade espiritual), como os seus discípulos também o faziam, e os homens o fizeram em todas as épocas e o fazem nos dias atuais, apesar dos pesares, apesar das proibições e da incredulidade da medicina oficial, materialista; apesar do repúdio da Igreja Romana, que tem o dislate de exorcizar tudo aquilo que não se processe dentro de seus bastidores, e de imputar ao Diabo as inumeráveis curas de obsidiados, de loucuras progressivas, de paralisias, de tumores malignos, de operações cirúrgicas, de afecções várias, etc., etc., operadas, em todos os recantos, por intermédio do Espiritismo. Diante disso, se é que Satã resolveu praticar o bem, sem olhar a quem, e sem nenhuma vantagem financeira, é que ele se regenerou, desistiu de persistir no crime e no erro para se transformar em anjo benfazejo. Daí vemos que a evolução se processa ininterrupta, e tudo, no Universo, caminha para o bem... até o Demônio! Só a Igreja de Roma permanece estacionária, surda aos toques das Trombetas celestes, refratária às influências do Bem e da Verdade!

*

            Felizmente, os casos de taumaturgia se repetem, indistintamente, em todas as camadas sociais. Todos conhecemos de perto os recentes casos ocorridos em plena cidade do Recife, os casos de Madame Jael de Carvalho; sabemos dos escândalos provocados pelos padres e pelos médicos, a ponto de proibirem aquela senhora de praticar o bem, de sarar as dores do próximo, de lenir os sofrimentos daqueles que reconheceram a impotência da medicina oficial; entretanto, logo em seguida, surge o caso de um padre, no Estado de Minas Gerais, operando as mesmas curas de Madame Jael. Se aquela "água benta", tão proclamada pela imprensa e pelas estações radiofônicas, possui, efetivamente, propriedades terapêuticas, é porque ela nada mais é que a água fluidificada que todos os espíritas conhecem e utilizam. Como se trata de um padre da Igreja Católica todos se calam, todos, acham que ele tem direito, que não é medicina ilegal, nem charlatanismo, e a propaganda assume proporções verdadeiramente fantásticas!

            A verdade, porém, é que a faculdade é a mesma.

            O padre é um médium curador . As condições de mediunidade são absolutamente iguais, e o êxito depende do mérito dos Espíritos comunicantes, da fé que o paciente nutre em seu coração e do valor moral do médium, que não passa de simples intermediário, de aparelho utilizado pelos médicos espirituais para a efetivação de curas mediúnicas, erroneamente chamadas "milagres".



10. "Didaquê Espírta"






10
Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO VI


A ALMA


243. Quantos princípios há no homem?

            - Três, a saber: 1º - o corpo, análogo aos dos animais e animado por um mesmo princípio vital; 2º - a alma, ser imortal ou Espírito encarnado no corpo; 3º - o perispírito, laço intermediário que liga a alma ao corpo, espécie de invólucro semi material.

244. Que é a alma?

            - Um Espírito que encarnou.

245. As almas e os Espíritos são a mesma coisa?

            - Sim; pois antes de se unir ao corpo, a alma era um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível.

246. Qual a natureza íntima da alma?

            - Isso é ainda incompreensível para o homem da Terra.

247. Que vem a ser a alma depois da morte'

            - Torna-se Espírito.

248. A alma conserva a sua individualidade depois da morte?

            - Sim, não a perde nunca.

249. Como é que a alma manifesta a sua individualidade no mundo dos Espíritos?

            - Por meio do seu perispírito, corpo fluídico que lhe é próprio, e que se modifica de acordo com o seu progresso.

250. Que leva a alma consigo deste mundo?

            - A recordação do bem ou do mal que praticou.

251. Que sente a alma no momento da morte?

- Conforme tiver sido a sua vida, experimentará uma sensação agradável ou desagradável. Quanto mais pura for, tanto melhor compreende a futilidade dos gozos que deixou na Terra.

252. Que sensação tem a alma quando se reconhece no mundo dos Espíritos?

            - Conforme. Se ela praticou o mal, sente-se envergonhada de o ter feito; se praticou o bem, sente-se aliviada, acha-se tranquila e feliz.

253. É dolorosa a separação entre a alma e o corpo?

            - Não; a alma apenas sente uma perturbação e esta desaparece pouco a pouco.

254. Todas as almas experimentam essa perturbação com a mesma duração e intensidade?

            - Isso depende do seu adiantamento. A alma que está purificada se reconhece quase imediatamente, ao passo que as outras conservam, às vezes por muito tempo, a impressão da matéria.

255. O conhecimento do Espiritismo influi de algum modo sobre a duração mais ou menos longa da perturbação?

            - SIM, e MUITO, pois o espírita compreende com antecedência a sua situação, mas isso não o exime do sofrimento que ele possa merecer. A PRÁTICA DO BEM E, A CONSCIÊNCIA SÃ influem mais que qualquer conhecimento, sobre o estado espiritual.

256 . Os pais limitam-se a dar aos seus filhos um corpo animal, ou também lhes transmitem uma parte da sua alma?

            - Somente lhes dão o corpo, pois a alma é indivisível, e a prova disso está em que, um homem boçal pode ter filhos de talento, e vice-versa.

257. Os animais têm alma?

            - Sem dúvida, pois alguns têm inteligência, sensibilidade e vontade, embora essas faculdades estejam limitadas à sua condição de ser irracional.


sábado, 27 de abril de 2013

9. 'Didaquê Espírita'



9
Didaquê Espírita

compilação e coordenação
  Carlos Lomba
Ed.FEB 1948

CAPÍTULO V       d/d


MORAL ESPÍRITA


201. Donde provém, em certas pessoas, o medo da morte?

            - Não há motivo para ter medo da morte, entretanto, isso é uma consequência do temor do inferno que lhes incutiram desde a infância. Essas pessoas, quando chegam à adolescência, concluem pela inexistência de tal inferno, e, então, tornam-se ateias ou materialistas e passam a julgar que fora da vida presente nada existe. Aquele que for justo, a morte não inspira medo algum, pois a sua fé o induz a ter certeza no futuro, e a caridade que praticou lhe assegura que no mundo onde vai entrar não encontrará nenhum ser cuja presença deva temer.

202. Que devemos pensar do homem carnal?

            - O homem carnal, mais apegado à vida corporal que à vida espiritual, só encontra na Terra penas e prazeres materiais; sua ambição consiste na satisfação fugaz de todos os desejos. Sua alma, constantemente preocupada e afetada pelas vicissitudes da vida, permanece numa ansiedade e num tormento perpétuos. A morte o horroriza, porque duvida do seu futuro e receia deixar na Terra todos os seus prazeres e esperanças.

203. Donde provém o desgosto da vida que se apodera de certos indivíduos, sem motivos plausíveis?

            - Da falta de fé no futuro, e muitas vezes, também, é consequência da ociosidade .
           
204.     Que é o materialismo?

            - A doutrina materialista é a sanção do egoísmo, fonte de todos os vícios; é a negação da CARIDADE - manancial de todas as virtudes; é a justificação do suicídio e é incompatível com a moral, base da ordem social.

205. Tem o homem direito a dispor de sua vida?

            - Não, peremptoriamente! O suicídio é uma transgressão da Lei de DEUS. O suicídio é a maior CRUELDADE que o homem pode praticar contra si mesmo.

            O SUICÍDIO NASCE DO ERRO, ALIMENTA-SE NA COVARDIA E CONDUZ AO MAIS HORRÍVEL TORMENTO PRÓPRIO.

            O SUICÍDIO CONVERTE AS ANGÚSTIAS DA MORTE EM HORROROSO SUPLÍCIO QUE NÃO AS EXTINGUE, SENÃO QUE AS AUMENTA, PAVOROSAMENTE.

            COVARDIA, EGOÍSMO, IGNORÂNCIA, CETICISMO E ORGULHO, EIS AS CAUSAS DO SUICÍDIO; A TORTURA DE SI PRÓPRIO, O DESESPERO E O OLVIDO ALHEIOS SÃO A SUA CONSEQUÊNCIA.

206. E o suicídio cujo fim é evitar o aparecimento de uma ação má, torna-se tão condenável quanto o causado pelo desespero?

            - O suicídio não esconde as culpas de ninguém e, pelo contrário, neste caso há duas faltas, em vez de uma. Quem tiver tido coragem para fazer o mal, é preciso também tê-la para sofrer as consequências, sem se revelar um infeliz covarde.

207. Que devemos pensar daquele que se suicida para alcançar mais depressa outra vida melhor?

            - Lastimar a sua profunda ignorância. Só pela prática do bem é que se poderá alcançar outra vida melhor.

208. Não é meritório o sacrifício da vida quando o fim é salvar a outrem ou ser útil aos nossos semelhantes?

            - Isso é sublime, conforme for a intenção. O sacrifício da vida não é suicídio quando há desinteresse e não está manchado pelo egoísmo.

209. Qual o sentimento que, no momento da morte, predomina no maior número dos homens?  a dúvida, o temor ou a esperança?

            - A dúvida, nos cépticos endurecidos; o temor, nos culpados; a esperança, nos homens de bem.

210. As penas e os gozos da alma, depois da morte, têm alguma coisa de material?

            - Não podem ser propriamente materiais porque a alma não é matéria, qual a conhecemos. Essas penas e gozos são, porém, mil vezes mais sensíveis e dolorosos do que os que se poderiam experimentar na Terra, pois que no estado espiritual a alma é muito mais impressionável, visto não estar com as suas sensações embotadas pela matéria grosseira do corpo carnal.

211. Que se deve pensar do homem que, sem fazer o mal, também não emprega esforços para alijar-se do jugo da matéria?

            - Permanece estacionário, e assim prolonga os sofrimentos da expiação.

212. O homem perverso, que não reconhece as suas faltas durante a vida terrestre, reconhece-os depois da morte?

            - Indubitavelmente, e então, sente todo o mal que fez ou de que se tomou causa voluntária.

217. A duração dos sofrimentos será arbitrária ou está sujeita a alguma lei?

            - DEUS nunca obra por capricho; tudo no Universo está submetido a leis em que se revela a justiça, a bondade e a sabedoria divinas.

218. O inferno e o paraíso existem tais como o homem os representa?

            - Não existe uma determinação absoluta dos lugares de punição e de recompensa, a não ser na imaginação de certos homens. As almas estão disseminadas por todo o Universo e o inferno e o paraíso localizados em cada consciência.

213. O arrependimento sincero, durante a vida, basta para apagar nossas faltas e para que DEUS nos perdoe?

            - O arrependimento favorece o melhoramento do Espírito, mas é preciso expiar e reparar as faltas cometidas.

214. As faltas podem ser redimidas?

            - Sim, pela reparação. Não se redimem, porém, com algumas privações pueris, nem com donativos para depois da morte e quando já não mais se necessita deles. A perda de um dedo no trabalho resgata mais faltas do que o cilício de anos inteiros, sem outro fim que o da própria conveniência, visto a ninguém beneficiar. Só com o bem é que se repara o mal.

219. Em que sentido se deve entender a palavra Céu?

            - Deve considerar-se como Céu o espaço universal, os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores, onde os Espíritos elevados desfrutam a felicidade, sem sentirem as tribulações da vida material ou as angústias inerentes à inferioridade.  A Terra é um dos mundos de expiação, e os Espíritos ou almas que a habitam precisam de lutar contra a perversidade de si mesmos e contra a inclemência da Natureza, trabalho esse muito penoso, mas que serve ao mesmo tempo para desenvolver as qualidades do coração e as faculdades da inteligência. Por esse modo faz DEUS que a dor se transforme em benefício do progresso do próprio Espírito.

220. Que se deve entender por purgatório?

            - É a expiação. A Terra é, para muitos, um verdadeiro purgatório, onde a LEI das leis os faz expiar as Suas faltas.

221.  Que se deve entender como alma penada?

            - Todo Espírito errante que sofre, incerto do seu futuro, é uma alma penada.

222. A bênção ou a maldição podem atrair o bem ou o mal sobre quem elas são proferidas?

            - A Providência jamais deixou de ser justiceira; a bênção pode alcançar aquele que se tornou digno dela; a maldição também não produz efeito senão sobre aquele que se tornou malvado.

223. Porque Jesus expulsou do Templo os mercadores?

            - Jesus expulsou-os porque condenava o tráfico das coisas santas, sob qualquer forma que fosse. DEUS não vende e jamais autorizou a venda da sua bênção, nem do seu perdão; assim, de modo algum se poderá vender a “entrada no reino dos céus”. O homem, portanto, não tem direito em se fazer pagar pelas orações
que celebra.

224. No estado espiritual, que consequências produz o arrependimento?

            - O desejo de uma nova encarnação, para reparar as faltas.

225. Que se deve pensar do dogma: "Fora da Igreja não há salvação?

            Esse dogma é exclusivista e absoluto; em vez de unir os homens, os divide; em vez de excitar o amor entre irmãos, mantém e sanciona a irritação entre os sectários dos diferentes cultos, que se passam a considerar reciprocamente como malditos na eternidade, embora sejam parentes ou amigos neste mundo. A máxima: "SEM CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO", é a consagração da igualdade ante DEUS, e da liberdade de consciência.

226. Pode considerar-se a paternidade como missão?

            - Sem dúvida que é uma missão e ao mesmo tempo uma responsabilidade muito grande que se toma para o futuro, pois os filhos são colocados sob a tutela dos pais para que estes os guiem no caminho do bem.

227. Que se deve entender pelas palavras de Jesus: "Honra teu pai e tua mãe?

            - Esse mandamento é uma consequência da lei de caridade e de amor ao próximo, pois não se pode amar a este sem amar os pais. O amor obriga-nos ao respeito, à submissão e às considerações que devemos ter para com os nossos pais. Honrar seu pai e sua mãe não é só respeitá-los; também implica o dever de assisti-los em suas necessidades, proporcionando lhes o descanso na velhice, rodeando-os de solicitude, assim como eles nos fizeram em nossa infância. Esse dever também se entende para com aquelas pessoas que fizeram as vezes dos pais, e que por isso mesmo têm mérito, visto sua abnegação não ser tão obrigatória como a destes. Toda violação a este mandamento constitui grave falta, que se expiará com grandes sofrimentos.

228. Porque é que 08 homens mais inteligentes são às vezes os mais radicalmente viciosos?

            - O Espírito pode ter adiantado num sentido, e não em outro; todavia, todos deverão progredir moral e intelectualmente, e isso equilibrará, com o tempo, a vida normal do homem.

229. Porque são materialistas tantos homens de ciência?

            - Porque julgam saber tudo e não admitem que coisa alguma seja superior ao seu entendimento. A própria Ciência os torna presunçosos e julgam que nada lhes é oculto na Natureza; esquecem que os homens da Ciência ridicularizaram em outro tempo a Newton, a Franklin, a Janner e Pasteur e que, no presente século, também repeliram o Hipnotismo. Se eles têm feito coisas análogas em todas as épocas, que motivo há para estranhar neguem hoje a existência de DEUS e da alma?

230 . Que é misericórdia?

            - A misericórdia é a virtude que consiste na compaixão e na piedade pelos sofrimentos alheios, e que resulta do esquecimento e do perdão das ofensas. O esquecimento e o perdão das ofensas são qualidades das almas elevadas, que estão fora do alcance do mal. Com que direito solicitaremos o perdão das nossas faltas se
não tivermos antes perdoado às dos outros?

 231. Que é Caridade?

            - A Caridade é a virtude, por excelência, que deve conduzir todos os povos à felicidade ampla e geral.

232. Que é ?

            - É a confiança que depositamos em DEUS. Alcançá-la sublimemente - é trabalho do homem que estuda e medita, que observa e raciocina. Comparemos o trabalho de cultivá-la ao trabalho com que procuramos fortalecer os nossos músculos, com que iluminamos a nossa inteligência nos diferentes setores de suas atividades, ao trabalho, em suma, com que fazemos florir os nossos jardins. Ela é conquista do nosso trabalho espiritual. Não desce do Céu para o coração do homem, mas deve subir do coração do homem para o Céu.

233. Que é esperança?

            - É a irmã trigêmea da caridade e da fé. Aquela lhe prepara o mérito, esta lhe confere o prêmio.

234. Que é virtude?

            - A virtude, em sua mais elevada acepção, é o conjunto de todas as qualidades essenciais ao homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio e modesto, são as qualidades do homem virtuoso.

235. Que é paciência?

            - A paciência é a resignação e a submissão a todos os nossos sofrimentos, tanto físicos como morais, pois o a que chamamos mal quase sempre reverte em nosso benefício.

 236. Que é probidade?

            - A probidade faz parte da justiça. O homem probo deve ser reto, honrado, bondoso, e ter pureza e integridade de alma em todos os seus atos; amará a justiça e a equidade, e jamais se apropriará dos bens de outrem.

237. Que é a indulgência?

            - A indulgência é um sentimento doce e fraternal que faz- esquecer as faltas e os defeitos do nosso próximo. A indulgência é conciliadora e boa conselheira.

238. Que devemos pensar do perdão?

            - Quando perdoamos ao nosso próximo, não devemos contentar-nos em correr o véu do esquecimento sobre as suas faltas, mas também procurarmos fazer tudo quanto pudermos em seu benefício. 

239. Quais os principais males do homem?

            - A cólera, o orgulho, o egoísmo, a avareza e a inveja são os mais fatais inimigos do homem e piores, para ele, do que o frio, a fome e a sede. A cólera arrasta-o à desobediência, compromete a sua saúde, e, às vezes, a própria vida. O egoísmo é o maior obstáculo à felicidade dos povos, pois dele se originam todas as misérias: é a negação da caridade. A avareza exclui o exercício de grande número de virtudes, porque prende a alma aos bens terrestres. A inveja produz o pesar e o desgosto, em face da felicidade alheia, e é um sentimento vil e indigno. O orgulho é a causa das grandes ambições e das dissidências entre os povos.

240 . Que devemos julgar do uso do fumo?

            - O uso do fumo é mau, porque estraga a saúde que nos cumpre cultivar zelosamente, para bem podermos cumprir nossa missão, na Terra.

241. Que devemos julgar da bebida?

            - É útil quando se toma a estritamente necessário à manutenção das forças do organismo, mas, desde que tomada em excesso, torna-se um vício repugnante, condenável e que deve ser prontamente corrigido.

242. E do jogo?

            - O jogo é uma paixão funesta que pode arrastar o homem ao suicídio e fazer que ele se converta num dos seres mais egoístas da Terra. O jogador é um parasita social que esquece todos os sentimentos nobres, e, às vezes, sua sede insaciável de ouro leva-o a ponto de sacrificar a própria família, e seus semelhantes, abrindo-lhe a estrada larga de todos os crimes e delinquências.