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Ciência Religião Fanatismo
por Mínimus
(Antônio Wantuil
de Freitas)
Ed. FEB
c.1938
Palestra
1
Caros companheiros de lutas e de
provações:
Quis Deus na sua magnanimidade
permitir-nos a graça de falar ao seleto auditório, que nesta
Casa se reúne todos os domingos.
Jamais sonhamos com essa felicidade,
tão inesperadamente às nossas mãos chegada. E não
esperávamos porque, entre outros motivos, não cultivamos a dificílima arte da
palavra.
Conversemos, pois, amistosamente, sobre
assuntos vários, relacionados com essa Doutrina que, para felicidade nossa, nos
foi dado conhecer na encarnação por que passamos.
*
O Espiritismo, essa doutrina cujo
dístico é - Fora da Caridade não há
salvação, apesar de
ser relativamente novo, conseguiu espalhar-se pelo mundo, em tempo tão breve,
graças à cooperação
dos próprios Espíritos que iluminados do Alto, produzem a disseminação da Verdade,
provando-nos a continuação da vida no Além e ensinando-nos a interpretar os Evangelhos
que nos legou o Cristo.
Jesus falou à humanidade da época, mas para as
gerações futuras. Ele não quis que todas
as suas palavras fossem compreendidas pelos homens de então, porque isso seria
revolucionar costumes e aumentar o derramamento de sangue, quando seu desejo
era reformar pelo Amor.
Durante séculos a evolução se foi processando,
até os nossos dias; e essa evolução continuará pelos séculos afora.
A comunicação dos Espíritos,
conhecida desde os tempos dos Vedas e de Moisés, e anunciada por todas as
religiões do Oriente e do Ocidente, religiões essas cujas revelações estão
cheias de fatos, de fenômenos e de mistérios, só agora, após a preparação da humanidade,
nos foi revelada racionalmente pela Codificação de Alan Kardec.
Quem se der ao trabalho de examinar
as centenas de religiões do globo, verificará que todas
têm a mesma essência e o mesmo princípio de Amor ao Próximo.
Elas prepararam o terreno em que
deveria germinar a semente do Espiritismo, do Paracleto,
do Consolador prometido.
Negar a possibilidade das
comunicações é negar a veracidade dos livros considerados sagrados
pelas religiões e, mui principalmente, a da Bíblia, sobre a qual assenta o
Catolicismo e
o Protestantismo.
Ela está cheia de fenômenos e de comunicações,
e até mesmo nos fala do abuso dessas comunicações,
obrigando Moisés a proibi-las, porquanto o povo, em sua quase totalidade, as procurava
para fins ilícitos, como ainda hoje se pratica nos meios vulgarmente
denominados – macumbas.
O Espiritismo também proíbe essas
invocações, mostra-nos os perigos que acarretam e nos
ensina a causa dessas proibições, apresentando-nos ao raciocínio aquilo que Moisés, porque
não era chegada a época, não pode apresentar: - as leis por que se regem essas comunicações
e os fins a que se destinam.
Assim, o Espiritismo não pode ser
responsabilizado por essas práticas proibidas por Moisés e condenadas pela Doutrina,
mesmo porque quem as adota não é espírita e jamais leu
sequer os seus dois livros básicos.
E tanto isso é verdade; que esses
locais estão cheios de altares, de imagens, de velas e de ritos, demonstração
cabal de serem essas invocações praticadas por criaturas que pertencem a outro
meio, bem distanciado do espírita, onde não há ídolos, nem dogmas, nem velas,
nem ritos.
O adepto de qualquer religião, e que
a tenha estudado, não pode, pois, negar a possibilidade das comunicações.
De outro, lado, encontraremos a
ciência oficial, aliada eterna da religião dominante de
cada país. Ela nega. Nega simplesmente. Nega-se a examinar essa possibilidade,
porque seria
contrariar os poderosos que a alimentam com sinecuras e posições sociais.
Ela nega, alegando que não pode
existir a alma, porque jamais a viu ao examinar cadáveres. Crê, entretanto, que
a hidrofobia é causada por um "vírus", que caminha do local contaminado
para o cérebro, sem jamais ter visto esse "vírus", que ela sabe
existir, que ela procura
destruir fazendo chegar antes dele, ao cérebro, o remédio de Pasteur - desse
mesmo Pasteur que ela pretendeu levar à guilhotina como charlatão, simplesmente
porque anunciava
uma teoria contrária aos seus princípios. E a cabeça de Pasteur não rolou ao
cesto da guilhotina, porque a sua aliada, que enclausurou as ideias de Galileu
durante 200 longos anos, já não tinha ao seu dispor os cárceres da
"Santíssima Inquisição".
Mas, felizmente, vultos maiores, bem
maiores que essa pretensa classe de cientistas, têm
estudado os fenômenos durante dezenas de anos, tomando todas as precauções
contra as
possibilidades de truques e de ilusões, e, apesar de contrariados no seu desejo
de provar o embuste e a mentira, tiveram, e têm ainda, a dignidade de afirmar
aos seus colegas das Academias
que os fatos são reais e inteligentes e que só podem ser atribuídos às almas
dos desencarnados.
Apesar de todos esses inimigos,
senhores, o Espiritismo conseguiu, em 80 anos, cristianizar maior número de
criaturas do que todas as seitas, que, durante séculos, tiveram a seu favor o
ouro, as leis draconianas e o apoio dos Poderosos.
Dizem as estatísticas que existem no
mundo 250 milhões de católicos (1), e nesses 250
milhões estão computados 40 milhões de brasileiros. Vós que sabeis não existir,
aqui, esses 40
milhões, concluireis que o número de 250 milhões não representa a verdade. Mas,
admitindo que o seja, veremos que o Catolicismo, em dois mil anos, não
conseguiu senão 10% da
humanidade. E isso simplesmente porque foi enxertado com dogmas e encíclicas
que o distanciaram
do amor pregado pelo Cristo de Deus.
(1) Do Blog: São números de 1938...
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