quarta-feira, 13 de março de 2013

4. Ciência Fanatismo Religião



4

Ciência    Religião   Fanatismo

por  Mínimus
(Antônio Wantuil de Freitas)
Ed. FEB
c.1938


Palestra 1


            Caros companheiros de lutas e de provações:

            Quis Deus na sua magnanimidade permitir-nos a graça de falar ao seleto auditório, que nesta Casa se reúne todos os domingos.

            Jamais sonhamos com essa felicidade, tão inesperadamente às nossas mãos chegada. E não esperávamos porque, entre outros motivos, não cultivamos a dificílima arte da palavra.

            Conversemos, pois, amistosamente, sobre assuntos vários, relacionados com essa Doutrina que, para felicidade nossa, nos foi dado conhecer na encarnação por que passamos.

*

            O Espiritismo, essa doutrina cujo dístico é - Fora da Caridade não há salvação, apesar de ser relativamente novo, conseguiu espalhar-se pelo mundo, em tempo tão breve, graças à cooperação dos próprios Espíritos que iluminados do Alto, produzem a disseminação da Verdade, provando-nos a continuação da vida no Além e ensinando-nos a interpretar os Evangelhos que nos legou o Cristo.

             Jesus falou à humanidade da época, mas para as gerações futuras. Ele não quis que todas as suas palavras fossem compreendidas pelos homens de então, porque isso seria revolucionar costumes e aumentar o derramamento de sangue, quando seu desejo era reformar pelo Amor.

            Durante séculos a evolução se foi processando, até os nossos dias; e essa evolução continuará pelos séculos afora.

            A comunicação dos Espíritos, conhecida desde os tempos dos Vedas e de Moisés, e anunciada por todas as religiões do Oriente e do Ocidente, religiões essas cujas revelações estão cheias de fatos, de fenômenos e de mistérios, só agora, após a preparação da humanidade, nos foi revelada racionalmente pela Codificação de Alan Kardec.

            Quem se der ao trabalho de examinar as centenas de religiões do globo, verificará que todas têm a mesma essência e o mesmo princípio de Amor ao Próximo.

            Elas prepararam o terreno em que deveria germinar a semente do Espiritismo, do Paracleto, do Consolador prometido.

            Negar a possibilidade das comunicações é negar a veracidade dos livros considerados sagrados pelas religiões e, mui principalmente, a da Bíblia, sobre a qual assenta o Catolicismo e o Protestantismo.

            Ela está cheia de fenômenos e de comunicações, e até mesmo nos fala do abuso dessas comunicações, obrigando Moisés a proibi-las, porquanto o povo, em sua quase totalidade, as procurava para fins ilícitos, como ainda hoje se pratica nos meios vulgarmente denominados – macumbas.

            O Espiritismo também proíbe essas invocações, mostra-nos os perigos que acarretam e nos ensina a causa dessas proibições, apresentando-nos ao raciocínio aquilo que Moisés, porque não era chegada a época, não pode apresentar: - as leis por que se regem essas comunicações e os fins a que se destinam.

            Assim, o Espiritismo não pode ser responsabilizado por essas práticas proibidas por Moisés e condenadas pela Doutrina, mesmo porque quem as adota não é espírita e jamais leu sequer os seus dois livros básicos.

            E tanto isso é verdade; que esses locais estão cheios de altares, de imagens, de velas e de ritos, demonstração cabal de serem essas invocações praticadas por criaturas que pertencem a outro meio, bem distanciado do espírita, onde não há ídolos, nem dogmas, nem velas, nem ritos.

            O adepto de qualquer religião, e que a tenha estudado, não pode, pois, negar a possibilidade das comunicações.

            De outro, lado, encontraremos a ciência oficial, aliada eterna da religião dominante de cada país. Ela nega. Nega simplesmente. Nega-se a examinar essa possibilidade, porque seria contrariar os poderosos que a alimentam com sinecuras e posições sociais.

            Ela nega, alegando que não pode existir a alma, porque jamais a viu ao examinar cadáveres. Crê, entretanto, que a hidrofobia é causada por um "vírus", que caminha do local contaminado para o cérebro, sem jamais ter visto esse "vírus", que ela sabe existir, que ela procura destruir fazendo chegar antes dele, ao cérebro, o remédio de Pasteur - desse mesmo Pasteur que ela pretendeu levar à guilhotina como charlatão, simplesmente porque anunciava uma teoria contrária aos seus princípios. E a cabeça de Pasteur não rolou ao cesto da guilhotina, porque a sua aliada, que enclausurou as ideias de Galileu durante 200 longos anos, já não tinha ao seu dispor os cárceres da "Santíssima Inquisição".

            Mas, felizmente, vultos maiores, bem maiores que essa pretensa classe de cientistas, têm estudado os fenômenos durante dezenas de anos, tomando todas as precauções contra as possibilidades de truques e de ilusões, e, apesar de contrariados no seu desejo de provar o embuste e a mentira, tiveram, e têm ainda, a dignidade de afirmar aos seus colegas das Academias que os fatos são reais e inteligentes e que só podem ser atribuídos às almas dos desencarnados.

            Apesar de todos esses inimigos, senhores, o Espiritismo conseguiu, em 80 anos, cristianizar maior número de criaturas do que todas as seitas, que, durante séculos, tiveram a seu favor o ouro, as leis draconianas e o apoio dos Poderosos.

            Dizem as estatísticas que existem no mundo 250 milhões de católicos (1), e nesses 250 milhões estão computados 40 milhões de brasileiros. Vós que sabeis não existir, aqui, esses 40 milhões, concluireis que o número de 250 milhões não representa a verdade. Mas, admitindo que o seja, veremos que o Catolicismo, em dois mil anos, não conseguiu senão 10% da humanidade. E isso simplesmente porque foi enxertado com dogmas e encíclicas que o distanciaram do amor pregado pelo Cristo de Deus.

            (1) Do Blog: São números de 1938...




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