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Fenômenos
de Materialização
por Manoel Quintão
Livraria Editora da Federação Espírita Brasileira
1942
1º Caso (1).
(1) Adotando o critério
das iniciais das personalidades citadas no curso deste trabalho, assim
procedemos para dar-lhe uniformidade, uma vez que de todas não temos, nem poderíamos
de pronto obter autorização para lhes declinar os nomes. Quanto aos nominalmente
citados, esses são companheiros assaz conhecidos na tradição doutrinária, alguns deles já transmigrados ao
plano espiritual.
Na
vizinha cidade de Niterói, houve em tempo uma autoridade policial, notável por
seu espírito de hostilidade aos Centros Espiritistas, e que, sem mais lúcido
discernimento, os averbava e tratava de "macumbas" ou
"candomblés".
Descrente
e, mais que descrente, perseguidor incansável dos médiuns, esse irmão J. V.,
teve gravemente enfermada uma filha moça, a qual fora desenganada pelos médicos
da Terra. Pai extremoso, sem medir jamais sacrifícios em prol
do ente estremecido, não foi, contudo, sem grande relutância e, ainda assim, por
instigações da esposa, que resolveu consultar o médium Z. M. F. do Centro
"Virgem da Piedade", instalado em Neves, município de S. Gonçalo.
Ouvido
o recorrente e feita a respectiva consulta, foi pelo Guia Espiritual emprazada
uma sessão extraordinária para as 20 1/2 horas.
O
grande caso, porém, é que, nesse mesmo dia, por volta das 14 horas, mais ou
menos, "falecia" em sua residência, a jovem enferma.
O
Sr. J. V. tratou, como lhe cumpria, de
obter o atestado de óbito do médico assistente, Dr. C. M., e o fez registar no cartório de paz do
Escrivão C. R., em Niterói, partindo dali a encomendar um enterramento de 2ª classe, melhorado.
Isto
posto, restava-lhe comunicar, o que fez por telefone, a lutuosa ocorrência ao
pobre médium.
Caráter
desabrido, ao demais taganteado pela dor, dizem que o fez em termos cuja violência deixamos ao leitor o encargo
de imaginar.
Sem
embargo da lamentável ocorrência, quiçá maiormente devido a ela, obedientes às
ordens recebidas, reuniram-se a noite, no referido Centro, os médiuns Z. M., J.
C. C., Júlio de tal, Fialho e outros, comentando o insucesso e deplorando o que
julgavam ser uma pérfida mistificação, quando um dos médiuns é tomado
sonambulicamente e diz (textual): Homens
de pouca fé, que leram o Evangelho e se esquecem que o Cristo ressuscitou Lázaro
e disse que todo aquele que tivesse fé faria o que Ele fazia e coisas ainda
maiores... E acrescentou:
"Neste momento a morta se levanta e apaga-se o primeiro círio!"
Uma
tia da enferma, que estava presente, corre ao telefone e obtém,
alvoraçadamente, a confirmação do fato insólito.
A
rediviva passou, então, a tratar-se pelo Espiritismo e daí a dois meses entrava
em franca convalescença, seguindo para "Boca do Mato", no município
de Macacu, enquanto seu pai se deixava ficar em Niterói.
A
grande dádiva celeste não foi, porém, incondicional e uma das condições
impostas ao Sr.J. V. foi a de jamais
procurar empanar o brilho da Verdade.
Ora,
mais tarde procurado por um conhecido confrade jornalista, interessado na
verificação do acontecimento, o sr. J. V. lhe assegurou não ter o caso tanta
importância, pois que o atribuía, antes, a uma simples coincidência, certo de
que sua filha apenas tivera um ataque de catalepsia.
Pois
bem: violado o compromisso, empanada a
verdade, a jovem convalescente, lá onde se encontrava foi acometida de
violento acesso de cinorexia que a levou a devorar (é o termo)
uma porção de bifes em preparação, para desencarnar logo depois, sem que
houvesse tempo de lhe prestarem qualquer socorro.
E,
ao passo que isso acontecia à distância de mais ou menos 90 quilômetros de
Niterói, o Sr. J. V. não escondia o
pressentimento brusco de que a filha desencarnara naquele instante.
Assim
foi, efetivamente, para que a Verdade não se empanasse...
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