O
Fermento
13,33
Disse-lhes, por fim, esta outra parábola: “O reino de Deus é comparado ao
fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz
fermentar toda a massa.”
13,34
Tudo isso disse Jesus a multidão, em forma de parábolas. De outro modo não lhes falava,
13.35 Para que se cumprisse a profecia:
“Abrirei a boca para ensinar em parábolas. Revelarei coisas ocultas desde a
criação.” (Salmo 77,2)
Para Mt (13,33-35) - O Fermento- , leiamos a Sayão, em “Elucidações Evangélicas”:
“Na parábola em que comparou o reino
de Deus ao fermento que se lança na massa de farinha para levedá-la e torná-la
em pão, figurou Jesus o trabalho de transformação e purificação das almas, por
efeito da doutrina de amor e bondade que Ele lançava nos corações - único
fermento apropriado à preparação do pão espiritual, que alimenta para a vida
eterna.”
Para Mt (13,35) - Revelarei Coisas ocultas...- tomemos síntese do que Kardec escreveu sobre...
O Inferno
“Desde todas as épocas o homem
acreditou, por intuição, que a vida futura seria feliz ou infeliz, conforme o
bem ou o mal praticado neste mundo. A idéia que ele faz, porém, dessa vida está
em relação com o seu desenvolvimento, senso moral e noções mais ou menos justas
do bem e do mal.”
“Não podendo compreender senão o que
vê, o homem primitivo naturalmente moldou o seu futuro pelo presente; para
compreender outros tipos, além dos que tinha à vista, ser-lhe-ia preciso um
desenvolvimento intelectual que só o tempo deveria completar.”
“O inferno pagão, descrito e
dramatizado pelos poetas, foi o modelo mais grandioso do gênero, e perpetrou-se
no seio dos cristãos, onde, por sua vez, houve poetas e cantores.
Comparando-os, encontram-se neles - salvo os nomes e variantes de detalhe -
numerosas analogias; ambos têm o fogo material por base de tormentos, como
símbolo dos sofrimentos mais atrozes. Mas, coisa singular! os cristãos
exageraram em muitos pontos o inferno dos pagãos. Se estes tinham o tonel das
Danaides, a roda de Íxion, o rochedo de Sísifo, eram estes suplícios
individuais; os cristãos, ao contrário, têm para todos, sem distinção, as caldeiras
ferventes cujos tampos os anjos levantam para ver as contorções dos supliciados
(Sermão pregado em Montpeillier em 1860); e Deus, sem piedade, ouve-lhes os
gemidos por toda a eternidade.”
“Os cristãos têm, como os pagãos, o
seu rei dos infernos - satã - com a diferença, porém, de que Plutão se limitara
a governar o sombrio império, que lhe coubera em partilha, sem ser mau; retinha
em seus domínios os que haviam praticado o mal, porque essa era a sua missão,
mas não induzia os homens ao pecado para desfrutar, tripudiar dos seus
sentimentos. Satã, no entanto, recruta vítimas por toda parte e regozija-se ao
atormentá-las com uma legião de demônios armados de forcados a revolvê-las no
fogo.”
“As mesmas considerações que, entre
os antigos, tinham feito localizar o reino da felicidade, fizeram circunscrever
igualmente o lugar dos suplícios. Tendo-se colocado o primeiro nas regiões
superiores, era natural reservar ao segundo os lugares inferiores, isto é, o
centro da Terra.”
“Esta mistura de ideias cristãs e
pagãs nada tem de surpreendente. Jesus não podia de um só golpe destruir
inveteradas crenças, faltando aos homens conhecimentos necessários para
conceber a infinidade do Espaço e o número infinito dos mundos; a Terra para
eles era o centro do Universo, não lhes conheciam a forma nem o centro do
Universo, não lhe conheciam a forma nem a estrutura interna...”
“Jesus encontrava-se, pois,
impossibilitado de os iniciar no verdadeiro estado das coisas...”
“Ele -Jesus- limitou-se a falar
vagarosamente da vida bem aventurada, dos castigos reservados aos culpados, sem
referir-se jamais nos seus ensinos a castigos e suplícios corporais, que constituíram
para os cristãos um artigo de fé...”
“Eis aí como as ideias do inferno
pagão se perpetuaram até aos nossos dias. E foi preciso a difusão das modernas
luzes, o desenvolvimento geral da inteligência humana para se lhe fazer
justiça...”
“Localizados
o céu e o inferno, as seitas cristãs foram levadas a não admitir para as almas
senão duas situações extremas: a felicidade
perfeita e o sofrimento absoluto. O
purgatório é apenas uma situação intermediária e passageira, ao sair da qual as
almas passam, sem transição, à mansão dos justos. Outra não pode ser a
hipótese, dada a crença na sorte definitiva da alma após a morte. Se não há
mais de duas habitações, a dos eleitos e a dos condenados, não se podem admitir
muitos graus em cada uma sem admitir a possibilidade de os franquear e,
conseguintemente, o progresso. Ora se há progresso, não há sorte definitiva,
e se há sorte definitiva, não há progresso. Jesus resolveu a questão quando
disse: - “ Há muitas moradas na casa
de meu Pai ” .”
“É verdade que a igreja admite uma
posição especial em casos particulares. As crianças falecidas em tenra idade,
não podem ser condenadas ao fogo eterno. Mas, também, não tendo feito o bem,
não lhes assiste direito à felicidade suprema. Ficam nos limbos, diz-nos a igreja, nessa situação jamais definida, na qual,
se não sofrem, também não gozam da bem-aventurança.”
“Tal privação importa, assim, um
suplício eterno e tanto mais imerecido, quanto é certo não ter dependido dessas
almas que as coisas assim sucedessem. O mesmo se dá quanto ao selvagem que não
tendo recebido a graça do batismo e as luzes da religião, “peca por
ignorância”, entregue aos instintos naturais.”
“A simples lógica repele uma tal
doutrina em nome da justiça de Deus, que se contém integralmente nestas
palavras do Cristo: “A cada um, segundo
as suas obras.””
“O
Evangelho não faz menção alguma do purgatório,
que só foi admitido pela igreja no ano de 593.
É incontestavelmente, um dogma mais racional e mais conforme com a justiça de
Deus que o inferno, porque estabelece penas menos rigorosas e resgatáveis para
as faltas de gravidade mediana.”
“Sendo o dogma das pena eternas
incompatível com o progresso, as almas do purgatório não se livram dele por
efeito do seu adiantamento, mas em virtude das preces que se dizem ou que se
mandam dizer em sua intenção. E se foi bom o primeiro pensamento, outro tanto
não acontece quanto às consequências dele decorrentes, pelos abusos que
originaram. As preces pagas transformaram o purgatório em mina mais rendosa que
o inferno. (O purgatório originou o
comércio escandaloso das indulgências, por intermédio das quais se vende a
entrada no céu. Este abuso foi a causa primária da Reforma, levando Lutero a
rejeitar o purgatório).”
“Jamais foram determinados e
definidos claramente o lugar do purgatório e a natureza das penas aí sofridas.
À Nova Revelação estava reservado o preenchimento dessa lacuna,
explicando-nos a causa das terrenas misérias da vida, das quais só a
pluralidade das existências poderia mostrar-nos a justiça.”
“O Espiritismo não nega, pois, antes
confirma, a penalidade futura. O que ele destroi é o inferno localizado com
suas fornalhas e penas irremissíveis. Não nega, outrossim, o purgatório, pois prova que nele nos achamos, e definindo-o
precisamente, e explicando a causa das misérias terrestres, conduz à crença
aqueles mesmos que o negam.”
“O
Cristo serviu-se da palavra inferno, a única usada, como termo genérico, para
designar as penas futuras, sem distinção. Colocasse Ele, ao lado da palavra inferno, uma equivalente a purgatório e não poderia precisar-lhe o verdadeiro
sentido sem ferir uma questão reservada ao futuro...”
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