quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Fermento (a palavra de Mateus)




O Fermento   

13,33 Disse-lhes, por fim, esta outra parábola: “O reino de Deus é comparado ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha e que faz fermentar toda a massa.”
13,34  Tudo isso disse Jesus a multidão, em forma de parábolas. De outro modo não lhes falava,
13.35 Para que se cumprisse a profecia: “Abrirei a boca para ensinar em parábolas. Revelarei coisas ocultas desde a criação.” (Salmo 77,2)

            Para Mt (13,33-35) - O Fermento- , leiamos  a  Sayão,  em  “Elucidações  Evangélicas”:   

            “Na parábola em que comparou o reino de Deus ao fermento que se lança na massa de farinha para levedá-la e torná-la em pão, figurou Jesus o trabalho de transformação e purificação das almas, por efeito da doutrina de amor e bondade que Ele lançava nos corações - único fermento apropriado à preparação do pão espiritual, que alimenta para a vida eterna.”


            Para  Mt (13,35) - Revelarei Coisas ocultas...- tomemos  síntese  do que  Kardec escreveu sobre...

O Inferno    
            “Desde todas as épocas o homem acreditou, por intuição, que a vida futura seria feliz ou infeliz, conforme o bem ou o mal praticado neste mundo. A idéia que ele faz, porém, dessa vida está em relação com o seu desenvolvimento, senso moral e noções mais ou menos justas do bem e do mal.”

            “Não podendo compreender senão o que vê, o homem primitivo naturalmente moldou o seu futuro pelo presente; para compreender outros tipos, além dos que tinha à vista, ser-lhe-ia preciso um desenvolvimento intelectual que só o tempo deveria completar.”

            “O inferno pagão, descrito e dramatizado pelos poetas, foi o modelo mais grandioso do gênero, e perpetrou-se no seio dos cristãos, onde, por sua vez, houve poetas e cantores. Comparando-os, encontram-se neles - salvo os nomes e variantes de detalhe - numerosas analogias; ambos têm o fogo material por base de tormentos, como símbolo dos sofrimentos mais atrozes. Mas, coisa singular! os cristãos exageraram em muitos pontos o inferno dos pagãos. Se estes tinham o tonel das Danaides, a roda de Íxion, o rochedo de Sísifo, eram estes suplícios individuais; os cristãos, ao contrário, têm para todos, sem distinção, as caldeiras ferventes cujos tampos os anjos levantam para ver as contorções dos supliciados (Sermão pregado em Montpeillier em 1860); e Deus, sem piedade, ouve-lhes os gemidos por toda a eternidade.”

            “Os cristãos têm, como os pagãos, o seu rei dos infernos - satã - com a diferença, porém, de que Plutão se limitara a governar o sombrio império, que lhe coubera em partilha, sem ser mau; retinha em seus domínios os que haviam praticado o mal, porque essa era a sua missão, mas não induzia os homens ao pecado para desfrutar, tripudiar dos seus sentimentos. Satã, no entanto, recruta vítimas por toda parte e regozija-se ao atormentá-las com uma legião de demônios armados de forcados a revolvê-las no fogo.”

            “As mesmas considerações que, entre os antigos, tinham feito localizar o reino da felicidade, fizeram circunscrever igualmente o lugar dos suplícios. Tendo-se colocado o primeiro nas regiões superiores, era natural reservar ao segundo os lugares inferiores, isto é, o centro da Terra.”

            “Esta mistura de ideias cristãs e pagãs nada tem de surpreendente. Jesus não podia de um só golpe destruir inveteradas crenças, faltando aos homens conhecimentos necessários para conceber a infinidade do Espaço e o número infinito dos mundos; a Terra para eles era o centro do Universo, não lhes conheciam a forma nem o centro do Universo, não lhe conheciam a forma nem a estrutura interna...”

            “Jesus encontrava-se, pois, impossibilitado de os iniciar no verdadeiro estado das coisas...”

            “Ele -Jesus- limitou-se a falar vagarosamente da vida bem aventurada, dos castigos reservados aos culpados, sem referir-se jamais nos seus ensinos a castigos e suplícios corporais, que constituíram para os cristãos um artigo de fé...”

            “Eis aí como as ideias do inferno pagão se perpetuaram até aos nossos dias. E foi preciso a difusão das modernas luzes, o desenvolvimento geral da inteligência humana para se lhe fazer justiça...”

            “Localizados o céu e o inferno, as seitas cristãs foram levadas a não admitir para as almas senão duas situações extremas: a felicidade perfeita e o sofrimento absoluto. O purgatório é apenas uma situação intermediária e passageira, ao sair da qual as almas passam, sem transição, à mansão dos justos. Outra não pode ser a hipótese, dada a crença na sorte definitiva da alma após a morte. Se não há mais de duas habitações, a dos eleitos e a dos condenados, não se podem admitir muitos graus em cada uma sem admitir a possibilidade de os franquear e, conseguintemente, o progresso. Ora se há progresso, não há sorte definitiva, e se há sorte definitiva, não há progresso. Jesus resolveu a questão quando disse: -Há muitas moradas na casa de meu Pai ” .”

            “É verdade que a igreja admite uma posição especial em casos particulares. As crianças falecidas em tenra idade, não podem ser condenadas ao fogo eterno. Mas, também, não tendo feito o bem, não lhes assiste direito à felicidade suprema. Ficam nos limbos, diz-nos a igreja, nessa situação jamais definida, na qual, se não sofrem, também não gozam da bem-aventurança.”

            “Tal privação importa, assim, um suplício eterno e tanto mais imerecido, quanto é certo não ter dependido dessas almas que as coisas assim sucedessem. O mesmo se dá quanto ao selvagem que não tendo recebido a graça do batismo e as luzes da religião, “peca por ignorância”, entregue aos instintos naturais.”

            “A simples lógica repele uma tal doutrina em nome da justiça de Deus, que se contém integralmente nestas palavras do Cristo: “A cada um, segundo as suas obras.””

            “O  Evangelho não faz menção alguma do purgatório, que só foi admitido pela igreja no ano de 593. É incontestavelmente, um dogma mais racional e mais conforme com a justiça de Deus que o inferno, porque estabelece penas menos rigorosas e resgatáveis para as faltas de gravidade mediana.”

            “Sendo o dogma das pena eternas incompatível com o progresso, as almas do purgatório não se livram dele por efeito do seu adiantamento, mas em virtude das preces que se dizem ou que se mandam dizer em sua intenção. E se foi bom o primeiro pensamento, outro tanto não acontece quanto às consequências dele decorrentes, pelos abusos que originaram. As preces pagas transformaram o purgatório em mina mais rendosa que o inferno. (O purgatório originou o comércio escandaloso das indulgências, por intermédio das quais se vende a entrada no céu. Este abuso foi a causa primária da Reforma, levando Lutero a rejeitar o purgatório).”

            “Jamais foram determinados e definidos claramente o lugar do purgatório e a natureza das penas aí sofridas. À Nova Revelação estava reservado o preenchimento dessa lacuna, explicando-nos a causa das terrenas misérias da vida, das quais só a pluralidade das existências poderia mostrar-nos a justiça.”

            “O Espiritismo não nega, pois, antes confirma, a penalidade futura. O que ele destroi é o inferno localizado com suas fornalhas e penas irremissíveis. Não nega, outrossim, o purgatório, pois prova que nele nos achamos, e definindo-o precisamente, e explicando a causa das misérias terrestres, conduz à crença aqueles mesmos que o negam.”

            “O Cristo serviu-se da palavra inferno, a única usada, como termo genérico, para designar as penas futuras, sem distinção. Colocasse Ele, ao lado da palavra inferno, uma equivalente a purgatório e não poderia precisar-lhe o verdadeiro sentido sem ferir uma questão reservada ao futuro...”             
                        

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