quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Imcompreensão e Lutas




Incompreensão
e Lutas

Ismael Gomes Braga
Reformador (FEB) Abril 1947

            Os pioneiros das ideias novas têm que ser incompreendidos e atacados pelo espírito de rotina do mundo, porque a inércia reage sempre furiosamente a todos os impulsos por lhe mudar a situação. Só por isso os espíritas estariam fadados a sofrer ataques e injustiças, como sofreram os profetas e os discípulos de Jesus, como precursores que foram de grandes ideias novas. Mais uma razão ainda existe para o espírita ser vítima do meio materialista em que vive: além de portador de uma ideia nova, traz ele uma moral incomodativa, exigente, escrupulosa, oposta às grandes vantagens do mundo oportunista e bem acomodado à vida. Reclama mais ação, mais desprendimento, mais amor ao próximo, mais pureza de princípios.

            Verdade que a ninguém obrigamos que aceite os princípios severos da Doutrina, mas a simples divulgação de tais princípios desperta nas consciências uma sensibilidade mais delicada, acorda o remorso, e tudo isso incomoda muito! 

            O homem queria viver feliz e descuidado, mirando-se narcisamente nas águas da sua suposta grandeza, ouvindo louvores aos seus méritos imaginários; mas vem uma voz clamar-lhe que ele é Espírito em prova, está numa penitenciária e não deve cultivar ilusões; que examine melhor sua própria consciência... Essa voz que lhe tira a paz, desfaz pretensões, revive realidades, desacredita os louvores é a Doutrina dos Espíritos. Impossível combater os Autores invisíveis de tais ensinos, mas muito fácil atacar seus portadores humanos e estes são os importunos espíritas.

            Mas os espíritas não são atacados somente pelos que se dizem inimigos do Espiritismo, são-no também pelos que desejariam acomodar a Doutrina às suas conveniências pessoais e enganar a si mesmos e ao mundo. Lutam esses pobres sofredores por uma adaptação impossível de realizar-se: continuar a mesma vida materialista, mas rotulá-la de espírita, crerem e fazerem crer que são espíritas e estão bem com o seu futuro sem prejuízo do presente e do passado.

            Na impossibilidade de realizar essa contradição, irritam-se e acusam as instituições espíritas de não se acomodarem às suas conveniências pessoais, de não lhes darem a paz de consciência que eles desejariam encontrar. Das instituições passam aos servidores da causa e procuram tristemente arrasar a tudo e a todos que não estejam de acordo com o seu ponto de vista falso.

            Tornam-se demolidores de tudo e nada constroem, pois que lhes falta a serenidade da alma para construir. Essa combatividade, porém, não impede o movimento espírita de caminhar com firmeza rumo ao porvir.

            Tais pessoas são o terreno espinhoso a que se refere Jesus, segundo Mateus 1:7 e 22, mas seria muito pior para elas se não houvessem recebido mesmo mal a semente. A luta lhes fica na alma e em futuras encarnações, mudada a situação social, a semente virá a dar frutos.

            Continuemos, pois, quanto esteja em nosso alcance, lançando a boa semente e o Senhor da Seara saberá encontrar os meios de fazê-la germinar e frutificar no tempo oportuno, Para isso, dispõe Ele dos meios adequados dentro da eternidade da vida.            

            Tenhamos paciência e amor e tudo venceremos em favor da Doutrina sublime que nos descortina horizontes infinitos e eternos.







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