Porquê das Parábolas
13,10 Os
discípulos aproximaram-se dele, então, para dizer-lhe: - Por que lhes falas em
parábolas?
13,11 Respondeu Jesus: “ -A vós outros é dado
conhecer os mistérios do reino dos céus mas, a eles, não.
13,12 Ao que se tem, se lhe dará e terá em
abundância; mas, ao que não tem, será tirado até mesmo o que tem.
13,13
Eis porque lhes falo em parábolas: Para que vendo, não vejam e ouvindo,
não ouçam nem compreendam.
13,14
Assim se cumpre para eles o que foi dito pelo profeta Isaías; “Ouvireis com
vossos ouvidos e não entendereis, olhareis com vossos olhos e não vereis,
13,15 Porque o coração deste povo se endureceu:
Taparam os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos para que seus olhos não
vejam, e seus ouvidos não ouçam, nem seu coração compreenda; para que não se
convertam e eu os sare.” ( Is.6,9s )
13,16
Mas, quanto a vós, bem aventurados os vossos olhos, porque vêem! Ditosos os
vossos ouvidos, porque ouvem!
13,17 Eu
vos declaro, em verdade: Muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e
não viram; ouvir o que ouvis e não ouviram.”
Para Mt (13,10-17) -Porquê das Parábolas?, encontramos a palavra de Joanna de Ângelis, no Cap. XVIII de “O
Evangelho...”:
“Tira-se
aquele que nada tem, ou tem pouco;- tomai isto como uma oposição figurada.
Deus não retira às suas criaturas o bem que se dignou fazer-lhes. Homens cegos
e surdos! Abri vossas inteligências e vossos corações; vede pelo vosso
espírito; ouvi pela vossa alma, e não interpreteis de maneira tão
grosseiramente injusta as palavras daquele que fez resplandecer, aos vossos
olhos, a justiça do Senhor.
Não
é Deus que retira daquele que havia recebido pouco, é o próprio espírito, ele
mesmo, que, pródigo e negligente, não sabe conservar o que tem, e aumentar, na
fecundidade, o óbolo que lhe caiu no coração.
Aquele que não cultiva o campo que o
trabalho de seu pai lhe ganhou, e o qual ele herda, vê esse campo se cobrir de
ervas parasitas. É seu pai quem lhe toma as colheitas que não quis
preparar? Se deixou as sementes destinadas a produzir nesse
campo, mofar por falta de cuidado, deve acusar seu pai, se elas não produzem
nada? Não, não; em lugar de acusar aquele que tinha tudo preparado para ele, de
retomar seus dons, que acuse o verdadeiro autor das suas misérias e que então,
arrependido e ativo, se lance à obra com coragem; que rompa o solo ingrato com
o esforço da sua vontade; que o lavre a fundo com a ajuda do arrependimento e
da esperança; que nele jogue com confiança a semente que tiver escolhido como
boa entre as más, que a regue com o seu amor e a sua caridade, e Deus, o Deus
de amor e de caridade, dará aquele que já recebeu. Então, ele verá os seus
esforços coroados de sucesso, e um grão produzir cem, e um outro mil.
Coragem,
lavradores; tomai as vossas grades e as vossas charruas; lavrai os vossos
corações; arrancai dele o joio; semeai ai a boa semente que o Senhor vos confia
e o orvalho do amor o fará produzir os frutos da caridade.”
Para Mt (13,11) -A vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus - escolhemos texto de Roque Jacintho, conforme apresentado em “Jesus
e Kardec”:
“Em Espiritismo-cristão, na atualidade, vencida a fase da
Codificação, quando a Doutrina deita raízes nos corações humanos, temos duas
classes de colaboradores:
* os que se ajustam diariamente aos
ideais Espíritas;
* os que intentam, com o nome do
Espiritismo, consagrar os seus próprios ideais.
Os primeiros são aqueles que, dia a
dia, assenhoreando-se, pelo estudo e pelo trabalho, dos postulados básicos do
Cristianismo redivivo, procuram modificar-se, renunciando seu modo de pensar e
de sentir, para pensar e sentir segundo os princípios transmitidos pelo
Espírito da Verdade. Ouvimo-los humildemente afirmar: - Sobre este assunto eu
pensava assim. Mas, a Doutrina espírita ensinou-me a compreendê-lo de modo mais
claro e, hoje, aceito desta forma... A
Doutrina, para eles, significa renovação contínua.
Os segundos são daqueles que,
tomando contato com a fenomenologia mediúnica, sem ocupar-se de suas
conseqüências morais; ou ocupando-se dos postulados doutrinários como
ilustração mental, sem as implicações decorrentes em nosso comportamento
diário; ou sensibilizados pelas instituições assistenciais que se erigem em
nome do amor - procuram realizar, nas fileiras Espíritas e nos seus núcleos de
estudos e trabalhos, as suas próprias e pessoais aspirações.
Acreditam-se tão Espíritas que
dispensam a revisão de si mesmos, no dia a dia. Crêem-se representantes da
espiritualidade maior e agem qual se tivessem recebido delegação de autoridade,
opinando, agindo e reagindo sem outras reflexões, como se não tocasse aos
Espíritos experimentar sucessivos polimentos psíquicos até sentirem-se
ajustados ao clima mental de Jesus. Sondando os seus corações, ouviremos dizer:
-Eu penso assim. Logo, tem que ser
assim! Fazem-se, com o tempo, os açambarcadores do pão da vida. Transformam-se
em duros sacerdotes da nova fé.
Sustentam à força de verdadeira
manobras políticas a sua posição diretora, obstando que os quadros de serviço
das instituições em que estagiam sofram a necessária progressão; quando não
podem acompanhar o progresso, habituam-se a denegrir os que se encontram na
vanguarda, a fim de retardar-lhes a marcha e viverem na ilusão de que estão na
frente; são pródigos em sorrisos gentis
pela frente, deitando fogoso veneno pela retaguarda, criando em muitos a
suspeição sobre outros seareiros da Vinha do Senhor; sustentam teatrais
demonstrações de piedade por co-participantes de tarefas espíritas, afirmando
sobre os que não lhes endossam os propósitos: São pobres obsidiados; fiscalizam
as portas de nossos templos de fé e só franqueiam tarefas aos que consideram
puros de coração, distanciando-se horrorizados e pudicamente dos enfermos da alma,
olvidando que o Mestre já nos advertiu: “Os doentes é que precisam de remédio.”
À sorrelfa informam que o
Espiritismo não é feito para o povo, pois que nem todos podem compreendê-lo,
qual se a luz fosse seu privilégio exclusivo; tornam-se amantes da maledicência,
enlameando a honra e a vida daqueles que não se curvam à sua prepotência; agem quais proprietários da Verdade,
herdeiros únicos do entendimento celestial, pondo a correr de sua área de
influência os que não louvam sua sapiência e que pedem o ajuste de todos os
programas do Senhor Jesus; cultivam a beneficência, sem consagrar a caridade,
porquanto, socorrendo materialmente os pobres, não deixam de louvaminhar os
endinheirados do Mundo, criando posições de privilégio nos quadros do movimento
doutrinário; as suas opiniões recendem o dogmatismo, sensibilizando-se
doentiamente com aqueles que lembrem a urgência de ajustar-nos à Doutrina, sem
pretender temperar a doutrina ao nosso
paladar; não suportam o livre exame, mesmo feito na intimidade, dos atos
coletivos e procuram criar uma sucessão incabida de cargos, delegando a amigos
e familiares alguns postos diretores, desde que estes se façam instrumentos
dóceis de suas determinações.
Fanatizam-se pelo encargo que lhes
foi confiado pela misericórdia do Mais Alto, ironizando aqueles outros que se
dedicam a outros núcleos e a outros setores do Espiritismo cristão; sentem, nos
demais agrupamentos de trabalho, não a presença de postos de socorro espiritual
e, sim, concorrentes que podem empanar o brilho de sua vaidade; negam a
colaboração fraterna aos outros, mas aqueles que não possam circunstancialmente
colaborar com seus programas e com seus propósitos, são estigmatizados por
perturbadores e usurpadores na Doutrina...
Ninguém poderá negar que se encontram
na Doutrina. Evidentemente, porém, eles se comprazem em ignorar a revisão
periódica que devemos fazer em nós mesmos, podando um a um todos os
comportamentos e todas as soluções que, mesmo consagrados pelos homens, não se
ajustem ao Cristianismo redivivo. Não impedem o progresso, mas retardam a sua
marcha.
À frente de companheiros tais,
cabe-nos pregar e exemplificar os princípios Doutrinários, sem desfalecimento e
sem deter-nos em longas e improfícuas porfias verbalísticas. No crescimento do
bem, na ação Espírita contínua, está o antídoto do mal de todo egoísmo e de
todo orgulho. Sem alijá-los de nossas
fileiras, porque são carentes de tolerância e de fraternidade, um dia eles se
renderão à necessidade inadiável de todos procurarmos ajustar-nos ao clima
mental do cristianismo, sem obstinar-nos em pretender que a luz do Alto tenha a
nossa coloração.
Trabalhemos mais ainda para não
sermos um deles.”
Complementando, a palavra de Emmanuel para Mt (13,12) - Até
o que tem lhe será tirado - conforme
“Benção de Paz” por Chico Xavier:
“Quanto mais tiveres: posses sem utilidade; títulos sem
aplicação; conhecimento sem
trabalho; poder sem benevolência; objetos sem uso; relações sem proveito; menos
livre te reconhecerás para ser feliz.
Decerto que a independência não quer
dizer impassibilidade à frente da vida; é razoável possuas reservas amoedadas,
mas é importante se mantenham colocadas a serviço de amparo e do progresso
comunitários; que te exornes com lauréis terrenos, entretanto, mobilizando-o em
auxílio dos semelhantes; que entesoures cultura, todavia, utilizando-lhe as
possibilidades em benefício do próximo; que disponhas de autoridade, contudo,
manejando-a na administração da bondade e da justiça; que conserves pertences
individuais, doando, porém, o supérfluo no socorro aos que sofrem na
retaguarda; que contes com legiões de amigos, mas buscando motivá-los para as
obras da beneficência e da educação.
Quanto mais retivermos do que somos e temos,
em louvor do egoísmo, eis-nos mais escravos da sombra em que se expressa o
domínio do eu; estejamos, porém, convencidos de que, quanto mais dermos do que
somos e temos, em apoio dos outros, mais livres nos tornamos para assimilar e
esparzir a luz que entretece o Reino de Deus.”
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