É
incontável o número de religiões espalhadas pela Terra. Todas contêm adeptos
fervorosos e falsos crentes. Todas se apresentam como únicas portadoras da
Verdade. Quase todas se odeiam e se guerreiam, empregando armas que o bom senso
rejeita e os ensinamentos do Cristo repelem.
Cristo,
o Mestre, o Salvador, deve sentir-se mal ao ver que seus Evangelhos. são
interpretados tão diferentemente, provocando lutas em seu nome.
Entre
os chamados cristãos encontraremos centenas de seitas e de religiões, crendo
umas que o mau irá para o purgatório ou diretamente para o inferno; outras, que
não existe purgatório, mas só inferno, lugar onde o Pai de Bondade atira os
filhos que erram; outras, finalmente, que admitem sofrimentos durante a vida
corpórea e depois desta, até que o Espírito se purifique.
Assim,
para o católico-romano o indivíduo mau irá para o purgatório ou para o inferno.
Se for para aquele, com missas e preces pagas poder-se-lhe-á apressar a ida
para o Céu, mas, se for para o inferno,
neste ficará eternamente, entregue às perversidades do demônio.
Para
o protestante, o indivíduo mau irá diretamente para o inferno, sem escala pelo
purgatório, que eles asseveram não existir. É ruim, fogo nele.
Para
o espírita, o homem mau ficará sofrendo no espaço ou reencarnará para expiar suas faltas e repará-las, até que, em
reencarnações sucessivas, possa alcançar a sua felicidade. Uns apresentam o Senhor como severo e inflexível;
outros o têm como Pai de misericórdia e amor, Pai que observa os erros dos seus
filhos, mas, ao invés de castigá-los pela eternidade sem fim, oferece-lhes os meios de
salvação.
De
qualquer forma, porém, diz-nos a própria razão que os que seguirem contritos as
recomendações da sua religião, seja ela qual for, apesar de tais ameaças, terão
as bênçãos de Deus, sempre oferecidas para que nenhuma de suas criaturas fique
eternamente entregue à dor.
Não
basta, porém, dar dinheiro para construções de igrejas, de templos ou de
asilos, não basta que se passe o tempo a bater no peito ou frequentar reuniões
religiosas, é preciso, sim, que não façamos aos outros o que não queremos que
nos façam, fazendo-lhes, antes, o que queríamos que nos fizessem a nós.
Pratiquemos
o Bem. Combatamos o Mal e toleremo-nos reciprocamente.
Virgínia
in ‘Reformador’
(FEB) Janeiro 1946
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