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“O Cristianismo do Cristo
e o dos seus Vigários...”
Autor: Padre Alta (Doutor pela Sorbonne)
Tradução de Guillon Ribeiro
1921
Ed. Federação Espírita Brasileira
Direitos cedidos pela Editores Vigot Frères, Paris
PREFÁCIO
"Qual
será a religião do futuro?" A Revista
Contemporânea, que todos os meses regista, de um ponto de vista imparcial e
por intermédio de especialistas bem informados, o movimento das ideias e dos
fatos, propôs recentemente, aos seus leitores, essa questão que, com efeito,
solicita a atenção dos espíritos refletidos e inteligentes, em face das
multiplicadas defecções e das imperfeições obstinadas que dia a dia apoucam a
eficácia moral e a autoridade intelectual das igrejas e das seitas religiosas
no mundo e, particularmente, na França.
Interessantes
respostas foram dirigidas ao Sr. d'Osmons,
excelente diretor dessa revista. A que ela publicou em primeiro lugar, em seu
número de Outubro (1921), escrita por mim, parece-me ser o prefácio que mais
convém ao volume que hoje entrego ao público.
Será,
na realidade, preciso, disse-lhe eu, cogitar-se de uma nova religião, após
tantas religiões que, ou já morreram, ou vivem vida vegetativa? Não! não o
creio. Penso que uma análise imparcial, não imperfeita, poderia descobrir uma
mesma Religião fundamental, por baixo de todas as formas das diversas religiões
que há tantos e tantos séculos disputam a docilidade humana. Poder-se-ia
descobrí-la, do mesmo modo que se descobre positivamente a mesma espécie
humana, com caracteres comuns e idênticos, sob todas as variedades de raças, de
climas, de civilizações, ou de barbáries. Essa era, creio, a ideia dos
primeiros filósofos cristãos: Clemente de Alexandria, Anmonius Saccas, Orígenes,
e deverá ser, logicamente, a doutrina de todo espírito que crê num Deus único,
sobretudo dos que atribuem a origem da Religião - eles dizem acertadamente
"da Religião", no singular - a uma Revelação única, feita, segundo também eles declaram, pelo mesmo Deus único,
à mesma única raça humana, logo no primeiro dia da história humana neste mundo.
Inútil
discutir a realidade desse fato, por demais distante para ser verificado e, em
todo caso, completamente submerso hoje no dilúvio das múltiplas revelações,
cuja exclusividade cada uma das diversas religiões reclama para si, desde os
tempos históricos mais ou menos comprovados. Não! não é da história, nem mesmo
da atual, que podemos esperar a união de todos os povos sob o pálio de uma
religião universal.
Mas,
então, de quem ou de que o esperaremos? Unicamente da Razão, que é, afirmando
assim os antropologistas, como os teólogos, a nota característica do animal
humano, entre todos os animais.
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