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“O Cristianismo do Cristo
e o dos seus Vigários...”
Autor: Padre Alta (Doutor pela Sorbonne)
Tradução de Guillon Ribeiro
1921
Ed. Federação Espírita Brasileira
Direitos cedidos pela Editores Vigot Frères, Paris
Moisés,
o homem de Deus, como lhe chama a Bíblia, merecia, pela transcendente santidade
da sua alma, essa ciência transcendente e a ela seu Espírito se elevara pela
lei mesma do ser, como uma chama muito pura se eleva no ar até ao éter puro,
Ele conscientemente sabia o que a Natureza sabe inconscientemente e, para a
vida física do seu povo, empregou as forças físicas superiores, do mesmo modo
que para a instrução dos 70 profetas e que para o estabelecimento da sociedade
e da religião hebraicas fez brilhar e falar no cume do Sinai a Luz Celestial.
Ao
cabo de alguns dias de marcha através do deserto, esgotaram-se as provisões
trazidas do Egito; os fugitivos sentiam as mordeduras da fome e da sede.
Descobrem água no lago de Mará, que significa "amargor" e o amargor
que, de fato, possuía, a tornava impotável. Moisés, físico mais hábil do que os
nossos doutores em ciências físicas, a transforma e o povo se dessedenta. No
dia seguinte pela manhã, despertando sob os fulgores do esplêndido sol da
África, toda aquela multidão esfomeada vê a areia do deserto juncada de uma
neve singular, que se conservava resistente, sem se fundir, liquefazendo-se,
apesar do intenso calor. Manú'! "Que é isto?" exclamam aqueles
milhões de famintos. "É o pão que Deus vos fará cair do céu todos os dias,
exceto aos sábados, responde Moisés; tomai e comei a provisão do dia; somente
no sexto dia guardareis para o dia seguinte." E todo o povo apanhou o maná e o comeu. E, assim, durante os quarenta anos
do Êxodo (12).
(12) Êxodo, XVI
O
nosso cepticismo talvez se sinta tentado a sorrir zombeteiramente dessa
narrativa da Bíblia. Os mais inteligentes, os mais sábios do Instituto de
França, quando da sua fundação, teriam, também eles, dado de ombros, se algum
vidente lhes anunciara que, cem anos mais tarde, domesticaríamos o raio e lhes
falara da telegrafia sem fio. Então, como hoje, a eletricidade existia na
atmosfera terrestre, mas os sábios lhe ignoravam a manipulação. Como a
eletricidade, como o magnetismo, que ainda por mais tempo a ciência oficial
contestou, a força de vida vegetativa também existe no ar que alimenta as
plantas e as árvores. Os nossos
sábios procuram hoje, sem o encontrarem, um meio
da condensar essa força, para alimentar com ela o homem de um alimento
físico-químico, que suprimisse carnes e legumes, cozinhas e cozinheiros.
Moisés, muito simplesmente iluminado pela luz divina, se antecipou à ciência e
condensou essa força de vida no maná com que nutriu o seu povo, enquanto o conduziu
através do deserto.
Mas,
o maná de Moisés alimentava a vida do corpo nas condições excepcionais criadas
pelo êxodo do povo hebreu através do deserto. Para a vida, o trabalho é uma lei
necessária à formação intelectual e moral dos indivíduos em sociedade humana,
neste mundo. Por isso é que a ciência e a civilização criam mais
necessidades, em vez de as diminuir. A religião igualmente tem por função
desenvolver e satisfazer em nós as exigências superiores da animalidade humana.
Somos almas, Espíritos encerrados em corpos de carne. Tornemo-nos, pois, conscientes, Senhoras e Senhores, eu vos
peço, dessa vida espiritual que se ignora, ah! tão escondida ela se acha no
corpo e tão absorvidos nos encontramos pela vida material. A alma é que é vida
e não o corpo, e o amor de Deus é que é a vida da alma. Tal, Senhoras e
Senhores, a razão cio Cristianismo e tal o Cristianismo da Razão.
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