Os Guias
A primeira comunicação de Sir Oliver Lodge traz um verdadeiro curso
de Espiritismo que bem o identifica. Como aqui ele já era nosso Mestre, e com a
sua reconhecida prudência estudou quatro anos antes de comunicar-se, devemos
estudar atentamente suas palavras. Diz-nos ele:
"Recordo-me
de ouvir falar muito a respeito dos Guias nas minhas mais antigas sessões. De
fato estou um pouco incomodado com os guias. Mas agora compreendo; tenho-os
encontrado e reconhecido como velhos amigos, e aprecio a lealdade e paciência
que têm comigo.
Segundo a minha forma de ver, nos fatos
concernentes à encarnação e aos processos ordinários da evolução física como a
Ciência tem compreendido, nada há que contradiga o precedente. Os
processos físicos da evolução humana não implicam com isso, pois todos nós atingimos um
certo lugar antes de começar a reencarnar. Tempo virá em que a Ciência ultrapassará
o que temos chamado metafísica. Tem de
ser assim. Deve haver uma verdadeira ciência do espírito, do pensamento e do
físico. Não podemos separa-las; nenhuma das três pode atuar sem as outras. Isto
tem sido o nosso erro, Thomas. Temos monopolizado uma delas, isto é, concentramo-nos numa e
separamo-nos das outras.
Em geral, admitimos duas: a física e a
mental; e excluímos a terceira, a espiritual, por causa do que
chamamos investigação e verdade científica. Não pode ser assim. Não fica completo. Mesmo
os que acham que assim devem proceder, veem que há certas condições, certos fatos que os
iludem, certas questões, certos problemas que não podem resolver.
Enquanto se limitarem a estes dois, os
processos da vida não podem ser resolvidos integralmente. Podemos desenvolver
certos problemas automáticos
transitórios, mas não temos a memória eterna, o imortal processo da vida que
vem de Deus.
Devemos estudar as leis, as leis
espirituais, as leis divinas e cooperar com elas. Então haverá maior esperança
para nós; haverá maior perfeição em qualquer coisa que fizermos ou tentarmos
fazer, no que respeita às outras duas.
Estou satisfeito - se me permitem falar
de mim próprio - tenho toda a razão para estar
extremamente grato, porque me foi consentido passar do material ao espiritual, através do mental. Os que me injuriavam, chamavam-me lunático, mas eu tinha a
firme convicção de que existia um Ser inteligente e benéfico, sem o qual nada
poderíamos fazer e que, se havia coisas em que não o desejávamos, essas coisas
não podiam ser boas.
Eu queria abandona-las. Mas, se havia
coisas em que me parecia que Ele podia cooperar ou desejaria
cooperar, sentia-me impaciente por fazê-las. Deus estava na minha vida, nos
meus planos e nas minhas ideias, e tenho toda a razão em estar contente por
assim ter feito.
Isso deu-me grandes vantagens nas minhas
condições pessoais e na minha capacidade de cumprir o
que me sentia inclinado a fazer, ou seja, maior interesse pelo mundo donde
viera recentemente, maior possibilidade, maior possibilidade de gozar a
companhia de outros que estiveram aí
mais tempo do que eu, maior deleite da vida. As minhas faculdades pareciam extremamente
agudas e claras.
Comparo a minha condição com as
condições de certa gente, gente que viveu muito tempo na
Terra, gente que atingiu certa importância na sua profissão ou no seu trabalho, e assim que
aqui chega tem de arrastar-se, enquanto outros podem passear, correr e saltar.
Venci com alegria de viver; e vejo
outros - pobres criaturas! - voltar do que chamavam triunfos materiais e sentir
grandes prejuízos. É a única gente que deseja voltar à Terra."
Como se vê, Lodge continua religioso como sempre foi, respeitoso pelos Guias,
mas agora não cessa de falar sobre a reencarnação. Parece que a sua nova missão
é convencer a todos dessa eterna verdade.
Redação Reformador (FEB) Novembro 1946
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