Mais Dogmas
por I.
Pequeno
(Antônio
Wantuil de Freitas)
Enquanto os nossos irmãos
protestantes não aceitam sequer a virgindade de Maria, os católicos dia a dia
procuram conduzir aquele Espírito a uma categoria mais elevada. Depois de a
apresentarem como mãe de Deus e de a subdividirem em tantas nossas-senhoras quantas sejam
necessárias aos interesses da Igreja, sob os mais extravagantes nomes, procuram
agora convencer-nos,
baseados numa lenda, de que Maria subiu aos Céus, tal qual Jesus, com o mesmo
corpo apresentado entre nós.
Referindo-se a esse culto prestado a
Maria em que a colocam em superioridade ao próprio Deus, por, ser a genitora de
uma das suas pessoas, disseram-nos os Espíritos que esse culto já ultrapassa ao
que a Igreja rende ao próprio Cristo (Roustaing, IV-221); assim, diante dessa
tendência do clero para deificar a Virgem como já o fizeram com Jesus, julgamos
necessário transcrever o que disseram os Espíritos, quanto à posição espiritual
de Maria, extraindo alguns trechos da 3ª edição da obra "Revelação da
Revelação":
- Maria era Espírito perfeito quando
encarnou em missão. Perfeito, relativamente a nós, ao
nosso planeta; não o era, porém, com relação aos mundos superiores. Espírito
superior, de mui elevada hierarquia espírita, com relação a nós, não tinha
ascendido ainda à perfeição sideral. (1-330) .
- Após uma encarnação fluídica num
planeta mais adiantado que a Terra, encarnação sofrida
corno consequência de pequenina falta, retomou aquele Espírito o caminho simples
e reto
do progresso e até hoje o trilha, pois que ainda não chegou ao cume, à
perfeição sideral. (1-333)
.
- Conquanto não se ache ainda na
categoria dos Espíritos puros, suas atuais encarnações estão de tal forma acima
de nossas inteligências, que não podemos fazer ideia do que sejam. Sabemos,
porém, que Maria é um Espírito inferior, muito inferior a Jesus. (1-334).
- O Senhor estava com Maria, mulher
entre todas bendita, por ser, entre todas, Espírito muito
puro no desempenho de uma missão na Terra. (1-369).
- Recomendando João a Maria e esta aquele,
Jesus deu o testemunho da sua solicitude pelos
encarnados e homenageou os sentimentos que devem animar os filhos com relação
aos pais,
sentimentos que devem ligar a grande família humana. (IV-498).
Como vemos, apesar do muito respeito
e da muita estima que nos merece o elevado Espírito de Maria, ao qual temos
recorrido muitas vezes, não podemos concordar com os dogmas da Igreja, dogmas
que tendem a fazer da Virgem o que já fizeram com o Cristo, deificando-a
igualmente.
Nós espíritas também dirigimos
preces a Maria, como o fazemos igualmente aos nossos guias
e protetores; porém, entre a nossa veneração à Virgem e a outros grandes
Espíritos e
a divinização que lhe quer dar a Igreja, vai um infinito, um abismo quase igual
ao que existe entre a criatura e o Criador, ou entre um planeta e o Universo.
Se assim continuarem, dentro de mais
alguns séculos já não mais terão a Trindade, visto que
se tornará necessário criar um novo termo, no qual possam incluir as atuais
três pessoas e mais
o Espírito de Maria e talvez mesmo o de João Batista.
Até lá, porém, o mundo já estará
recristianizado. Os Espíritos já terão levado a verdade a todos os cantos da
Terra, e os dogmas já não impressionarão a coletividade.
“Reformador” (FEB) Nov 1946
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