segunda-feira, 27 de agosto de 2012

14. "Amor à Verdade"


14
“Amor à Verdade”
por Alpheu Gomes O. Campos
Marques Araújo & C. – R. S. Pedro, 216
1927


Pedras do caminho


            É voz comum que os desígnios de Deus são impenetráveis.

            Confessamos que, antes da comunicação espontânea de um dos nossos instrutores espirituais - dedicado trabalhador, que não se cansa de subsidiar em suas pesquisas, os que estudam - entendíamos serem realmente inacessíveis os institutos divinos. Ignorávamos, porém, qual era disso o impedimento.

            A mensagem seguinte aclara algum tanto o assunto. É de Pedro II. Um intentava impedi-la, conforme se vai ver:

            “A luz do Pai celestial seja contigo.

            “Nada receies enquanto na doutrina empregardes o tempo a fim de te esclareceres e ao teu próximo.

            “As lutas prosseguirão, cada vez mais acessas, porque assim o quer o Pai, para aperfeiçoamento da humanidade.

            “Aplicar o tempo no trabalho, que sustente o corpo, e na doutrina, que eleva a alma, é aproveitar bem uma encarnação, que servirá de ponto de apoio a todas as bonanças celestiais.

            “Nenhum homem, conduzido embora pelos Amigos do passado, jamais penetrará os desígnios de Deus, sem que, pela operosidade, pelo amor e pela dedicação à causa divina, alcance o necessário mérito.

            “As almas ínfimas, que só veem o que circunda a Terra e sofrem a dor de fortes decepções, são os elementos de que Deus se utiliza para que o homem não desvende suas vistas, sem primeiro vencê-los. Tal o preço, aliás suavíssimo, de todo progresso e, pois, da gradativa compreensão dos planos celestiais: esforço, amor e fé.

            “Sentinela avançada, a alma infeliz trabalha incessantemente por sobrepujar tudo; o que, todavia, não deixa de ser produtivo, porquanto nada se desaproveita: os maus precisam de ser melhorados; e os bons, de exercitar, para desenvolve-las, suas inúmeras faculdades. Uns e outros são obreiros do Senhor e, caminhando sempre, um dia se encontrarão felizes.

            “Quando um encarnado tem a noção de seus deveres, é permitido que a guerrilha das trevas o ataque, por isso que ao que muito tem, muito se lhe dará. E a razão é porque, sabendo ele que deve amar seu próximo, terá gosto em auxiliar os que lhe baterem à porta. Sofrendo a agressão, expia faltas; com doutrinar os agressores, eleva-se. E vai assim desbastando caminho para decifrar os intentos do Pai, pondo empenho concomitantemente em cumpri-los o mais a ponto que puder.

            “A maravilha da criação é objeto de grandes estudos por parte de filósofos, que não logram ainda apreciá-la em toda sua magnificência. Ligações perfeitas, em perene solidariedade, eis o que são as leis divinas, cuja execução nada embargará.

            “O progresso aperfeiçoa; a lei nada sofre; uma coisa é consequência da outra. A evolução, a melhoria, resultantes lógicas do trabalho, jamais modificarão a lei, que é de todos os tempos e para todos os homens.

            “Quando um espírito ainda preso na carne compreende o que tem diante de si tudo para fazer e obter, esse espírito é feliz porque vinga as barreiras erguidas pelas almas infelizes, ensinando-as a amar, e a caminhar, portanto.

            “Assim vem a humanidade, nos diversos mundos, cujos habitantes, em graus diferentes de evolução, mas sujeitos à lei de solidariedade, mutuamente se completam.

            “Notarias hoje certo espírito buscando com insistência, perturbar-nos... Sabes o motivo? Deus, em sua infinita misericórdia, consente que certas almas, muito orgulhosas, sirvam às vezes, de empecilho entre um encarnado, que se instrui, e o desencarnado, que ensina. Constitui semelhante interposição, provança (prova) até para o Protetor chamado, o qual, assim, precisa empregar maior esforço para transmitir com segurança o ditado e mostrar, por igual lanço (oferta), ao encarnado, que a fé mais a perseverança são as grandes e insubstituíveis alavancas do progresso. E com isso também sai lucrando o infeliz, o inimigo da Verdade; pois, não obstante a liberdade de ação, nada poderá fazer contra os arestos (decisão) do Pai, servindo-lhe essa mesma impotência sua para guiá-lo a meditações e compreender, ao cabo, que o Amor tudo vence.

            “Agradeço teu esforço; ele valeu-nos a ambos para resgate de passadas faltas, visto como, deste modo, preparamos o perturbador, que é nossa vítima, para uma próxima conversão. Fizemos mais um amigo, salvamos uma barreira mais - o que é para nós, muito significativo.

            “Adeus, meu filho; a luz do Pai celestial fique contigo. Pedro.”


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