Voz do Além JUL 03
Quando Pilatos estava sentado no
tribunal, mandou-lhe sua mulher este recado: “Nada tenhas que ver com esse
justo; porque muito padeci hoje, em sonho, por causa dele.” Mateus 27, 19
Qual relâmpago em plena noite, cai
esta cena ao meio do processo contra Cristo.
Uma mulher pagã,
que talvez nunca vira a Jesus, recebe em sonho a advertência de que o acusado é
inocente, é um santo.
Quando todos
condenam o Nazareno; quando os sacerdotes o declaram blasfemo, e Pilatos o
condena como rebelde, uma mulher tem a coragem de proclamar, em plena sessão do
tribunal, a santidade do réu...
Ela conhece – e
sofre. Não se pode conhecer a Deus sem o amar.
Não se pode amar
sem sofrer.
Sofrer, com a
própria insuficiência.
Sofrer, com a
distância entre o excelso ideal e a triste realidade.
Sofrer, com as
injúrias que os homens irrogam ao nosso ideal.
Como um brado das
regiões do além repercute a voz de Claudia Prócula por entre o fragor do
processo.
Pilatos, porém,
sufoca a voz sagrada do além com o ruído profano do aquém...
E o “justo” é
condenado pelos injustos...
E desde esse dia,
se guiam todos os Pilatos por esta norma...
Desde esse dia,
são condenados os justos...
E nada conseguem
as vozes suaves das Cláudias...
Existe, porém, um
Deus de justiça...
Huberto
Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista
dos Tribunais, SP – 1941
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