Momento Culminante
para
a Humanidade
Um dos assuntos que mais têm
preocupado os estudiosos das coisas religiosas, no presente como no passado, é,
sem dúvida, o que se relaciona com o que se convencionou chamar "O dia do
Juízo Final". Referido no Novo como no Velho Testamento, o julgamento
final teve o seu sentido deturpado pela incompreensão dos que se julgavam
intérpretes únicos das Sagradas Escrituras, resultando daí teorias absurdas
logo acrescidas de lendas e mitos que mais lhe acentuaram o contra senso. Essa
situação, vinda do mais remoto passado, tomou novos rumos com o ensinamento dos
Espíritos que vieram esclarecer as Inteligências com explicação mais lógica e
racional, hoje geralmente aceita, e segundo a qual o Juízo Final nada mais é do
que o grande movimento seletivo que ora se opera no Universo, não pelos meios
violentos de um mundo devorado pelas chamas, reduzindo a cinzas todos os seus
habitantes, mas pelos meios mansos e pacíficos de uma seleção de Espíritos a
reencarnarem neste planeta, que assim passaria da sua condição de esfera de
expiação, à de planeta de regeneração. Não se trata, pois, da destruição do
mundo físico, mas da reforma, vamos dizer, do mundo moral.
Até então, somente as Escrituras e
as Comunicações recebidas de Espíritos mais elevados referiam-se ao fato, sendo
que os últimos não cessavam de advertir-nos que "os tempos são
chegados". Agora, porém, vão-se
tornando evidentes os primeiros sinais da. concretização do grande
acontecimento. Ao observador atento não escapam certos fatos que, analisados à
luz dos conhecimentos espíritas, e convenientemente encadeados, levam-nos à
convicção de que está em pleno curso o outrora tão temido julgamento final.
Certo, não é esse um assunto para
ser explanado numa crônica de dimensões tão reduzidas. Cem crônicas iguais a
esta não o esgotariam. O nosso objetivo, ferindo o assunto, é chamar
para ele a atenção dos que nos leem acentuando a significação do momento que passa.
*
É comum ouvir-se referências
elogiosas à precocidade demonstrada pelas crianças de hoje. Cada um de nós -
principalmente os que estão em condições, pela sua idade, de estabelecer confronto
entre a geração que nasce para o mundo e a que inicia os primeiros passos no
ocaso da vida - pode observar o espírito de vivacidade, o poder de assimilação,
a capacidade intelectual e até mesmo o grau de elevação moral das crianças de
hoje. Com especialidade no que se refere à Divina Arte - a Música- é extraordinário
o que se vem observando. Tal fato tem-se tornado tão evidente que o seu conhecimento
de há muito deixou de pertencer aos estudiosos do assunto para pertencer ao conhecimento
geral. A propósito, quero aqui narrar um diálogo estabelecido, há pouco, entre
o autor desta crônica e um velho educador de um dos maiores estabelecimentos de
ensino desta cidade, homem que já lecionou a várias gerações, materialista
ferrenho. Falávamos sobre assuntos escolares quando o velho mestre passou a
referir-se aos jovens de hoje que, segundo sua própria expressão, parecem
"já nascer sabendo". Discorreu longamente sobre a ‘boa qualidade do
metal’ que tem aparecido nos bancos escolares, terminando por tecer um hino à
inteligência, capacidade e qualidades morais da geração que desponta. Ouvi sua
narração com a satisfação de quem compreende a causa do fato, narrado com tão
vivas cores. Ao terminar, não pude furtar-me ao desejo de fazer-lhe uma pergunta,
que não tinha a finalidade de embaraçar o meu materialista interlocutor, mas
saber, apenas, como encaram o fato os homens das suas ideias.
- A que atribui, professor, esse extravasamento
intelectual e moral dos nossos jovens?
A resposta não se fez esperar:
- "Ao amadurecimento da
espécie".
Sem entrar em indagações sobre o que
será o tal "amadurecimento", resolvemos sorrir como que a dizer:
"Sim, compreendemos ... "
*
O grande cataclismo que durante seis
anos ininterruptos, ceifou milhões de vidas, levando para o plano astral tão
elevado número de Espíritos que aqui se achavam encarnados, é
para nós um fato que vem reforçar a nossa tese, sabido como é que tão grande
migração de
Espíritos favoreceria extraordinariamente o movimento seletivo que se opera no
momento.
É pelas reencarnações sucessivas que
o Espírito se aperfeiçoa. A volta ao
mundo espiritual, de tantas criaturas humanas[1], e
o que acima ficou dito acerca do progresso moral e intelectual dos Espíritos
que agora voltam ao mundo material, são para nós outras tantas provas objetivas
de que, enfim, cumpre-se o que está consignado na letra das Escrituras e nos,
ensinamentos dos Espíritos.
Ante a magnitude do momento que
passa e a grandiosidade da hora presente, que cada um
de nós, num largo exame de consciência, responda, do fundo da sua alma se pode
prescindir a advertência de S. João (Apoc. 22-12):
"Eis que venho à pressa".
por Juvenil
in ‘Reformador’ (FEB) Junho 1945
[1] Neste
momento, a 2ª Guerra Mundial ainda não havia terminado. Segundo alguns, as perdas humanas no conflito
superaram 60 milhões de pessoas. Outros, indicam números ainda maiores. Do
Blog.
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