Emmanuel pré anunciou
a conflagração mundial
in ‘Reformador’ (FEB) Junho
1945
por
Indalício Mendes
Emmanuel, o bondoso e iluminado
Espírito, que tantas lições evangélicas nos tem oferecido, através da
mediunidade desse humílimo e igualmente bom Francisco Cândido Xavier, pré-anunciou
a grande catástrofe bélica que arrastou a Humanidade à dolorosa situação em que
atualmente se encontra.
Transmitindo ao nosso Chico as
páginas rutilantes de "Emmanuel " , em 1937, cuja primeira edição
apareceu em fevereiro de 1938, o dedicado Guia espiritual apontou, nesse livro
magnífico, a guerra que se aproximava e que rebentou, afinal, em 1939. Fê-lo de
modo inequívoco, embora com a simplicidade dos que, vivendo na verdade, a ela
se referem sem espanto nem surpresa. Transcreveremos
alguns trechos, cujos pontos mais interessantes vão grifados.
No capítulo IV – “Pela revivescência do Cristianismo"
(pág. 45), chama a atenção dos homens
para o estudo e a prática do Evangelho, como único meio de se salvar da
destruição "o patrimônio de conquistas grandiosas da nossa civilização".
Aludiu à “Ausência de unidade espiritual"
(cap. XVIII, pág. 99), razão preponderante do desentendimento dos homens. A
frente única pela paz não poderia estabelecer-se, porque a insinceridade e a
desconfiança dos povos
entre si, trabalhados pelos políticos ambiciosos, cavavam fundo abismo de nação
para nação.
Por isso, "o Tratado de Versalhes caiu com as deliberações políticas do
novo Reich e a Liga
das Nações compreendeu a inaplicabilidade do seu estatuto, no momento decisivo
da campanha italiana na Abissínia".
Este outro trecho mostra bem a
precisão do comentário de Emmanuel, confirmado integralmente pelos acontecimentos
políticos que precederam o conflito mundial: “A paz armada - Todos os "povos entenderam bem essas profundas desilusões.
Mais de 100.000 homens mecanizados estão preparados no velho continente, só
para a ofensiva do ar. Busca-se a todo transe uma solução para os problemas da
guerra. Uma reforma visceral nos estatutos da sociedade de Genebra é
inutilmente sugerida. Estuda-se a possibilidade de um acordo entre a França e a
Itália, no sentido de assegurar-se a paz continental, atendendo-se às
necessidades da região danubiana e equilibrando a Alemanha com o resto da
Europa. Tenta-se a colaboração de todos os gabinetes. Os partidos iniciam a
guerra das ideologias. Mas a Europa, nos
seus conflitos inquietantes, conhece perfeitamente a sua condenação à guerra.
Sociedades
edificadas na pilhagem - A ilação dolorosa que se pode extrair da
situação atual é a que essas sociedades foram edificadas à revelia do
Evangelho, necessitando as suas bases mais profundas transformações. Fundadas
com o rótulo de Cristianismo, elas não o conheceram. À sombra do Deus antropomórfico
que criaram para as suas ComodIdades, inverteram todas as lições do Salvador,
em cujo ideal de fraternidade e pureza, asseveravam progredir
e viver. Distanciadas, porém, como se encontram, de uma identidade perfeita com
os estatutos evangélicos, as sociedades europeias sucumbem sob o peso de sua
opulência miserável. Suas fontes de cultura se acham visceralmente envenenadas,
com as suas descobertas e ciências, que são recursos macabros para a destruição
e para a morte. Não existe, ali, nenhuma unidade espiritual, à base do espírito
religioso, mantenedor do progresso coletivo. Como poderá persistir de pé uma
civilização dessa natureza, se todos os seus trabalhos objetivam o extermínio
dos mais fracos, estabelecendo o condenável critério da força? O Ocidente terá
de conhecer uma vida nova. Um sopro
admirável de verdade há de confundir os seus erros seculares, As sociedades edificadas
na pilhagem hão de se purificar, inaugurando o seu novo regime, à base da
lição fraterna de Jesus. Esperemos, confiantes, a alvorada luminosa que se
aproxima, porque depois das grandes
sombras e das grandes dores que envolverão a face da Terra, o Evangelho há de
criar, no mundo inteiro, a verdadeira Cristandade" (págs. 99-101).
Prosseguindo em suas dissertações mediúnicas,
Emmanuel aprofunda suas valiosas observações. E, no cap. XIX, tratando da
"civilização ocidental", pondera: "É imprescindível não perdermos
de vista os aspectos sociais da civilização moderna, para encontrarmos os
falsos princípios das suas bases e o fim
próximo que a espera inevitavelmente" (pág. 102).
Sublinha os fatos, mostra como se
processa a elaboração da guerra, para afirmar: “Um surto de civilização dessa natureza não pode prescindir da guerra e
é por essa razão que o perigo iminente da carnificina bate de novo à porta da alma
humana, saturada de temores e sofrimentos."
Emmanuel traçou o quadro pavoroso da
conflagração que ainda perdura. Em pinceladas fortes, pintou a realidade da
situação que, dia a dia, hora a hora, se agravava. E, assim, no subtítulo "O
fantasma da guerra" (págs. 104-105), anunciou, sem reticências, a luta
tremenda que haveria de subverter os mais nobres anseios da alma humana: “A Europa, na atualidade, é o gigante
cansado, à beira do seu túmulo. Infelizmente, o senso arraigado do militarismo
envenenou-lhe os centros de força. A Alemanha e a Itália superlotadas apelam
para os recursos que a guerra lhes oferece. Não obstante todos os tratados
e pactos em favor da tranquilidade europeia, nunca, como agora, foi a paz, ali,
tão vilipendiada. O Tratado de Versalhes, o Pacto de Locarno nada mais foram
que fenômenos diplomáticos, da própria guerra em perspectiva. Nunca houve um
propósito sincero de fraternidade e de igualdade nessas alianças. Em 1928, foi
assinado o Pacto Kellog, como se fora uma esperança para todas as nacionalidades.
Entretanto, jamais, como nestes últimos anos, o armamentismo tomou tanto
incremento, em todos os países do planeta. Só a França, nas suas estatísticas
do ano passado, acusava uma despesa de mais de treze bilhões de francos,
invertidos nos programas de sua defesa. E, atrás dos grandes vasos de guerra,
das metralhadoras de pesado calibre, das granadas destruidoras, escondem-se os
novos gases asfixiantes e os terríveis elementos da guerra bacteriológica que
os algozes da ciência engendraram criminosamente para o suplício dos povos. O
momento é de angústia injustificável. A
própria Inglaterra, que nunca se encontrou tão poderosa e rica quanto agora, sente
de perto a catástrofe; a sua missão colonizadora toca igualmente a seu fim. Ao lado dos bens que os ingleses
prodigalizaram a diversas regiões do planeta, houve de sua parte um lamentável
esquecimento, o de que cada povo tem a sua personalidade independente."
Então, depois de conhecermos o fim
trágico dos homens que dirigiram o nazi-fascismo, compreendemos melhor o
sentido destas palavras de Emmanuel (pág. 107): "De cada vez que os homens
se querem impor, arbitrários e despóticos, diante das leis divinas, há uma força misteriosa
que os faz cair, dentro dos seus enganos e de suas próprias fraquezas. A impenitência
da civilização moderna, corrompida de vícios e mantida nos seus maiores centros,
à custa das indústrias das armas, não é diferente do império babilônico que
caiu, apesar do seu fastígio e da sua grandeza. No banquete dos povos ilustres
da atualidade terrestre, leem-se as três palavras fatídicas do festim de
Baltazar. Uma força invisível gravou novamente o Mane - Thecel - Phares" na festa do mundo. Que Deus,
na sua misericórdia, ampare os humildes e os justos."
Um dos capítulos mais
impressionantes do livro que vimos comentando é o XX -(A decadência intelectual dos tempos modernos". Emmanuel
desenvolve uma tese brilhante e incisiva. Mostra que o exercício despótico do
poder, com a consequente anulação ou redução das liberdades públicas, é índice
iniludível de decadência intelectual e moral. Todo o cortejo de restrições impostas
pelos chamados "governos fortes" revela a intranquilidade dos tempos
em curso. E na parte subordinada ao tópico "Ditaduras e problemas econômicos", Emmanuel frisa pontos de importância
inegável. Diz ele : "Os governos fortes, fatores da decadência espiritual
dos povos, que guardavam consigo a vanguarda evolutiva do mundo, não podem
trazer uma solução satisfatória aos problemas profundos que vos interessam.
Afigura-se-nos que a função das ditaduras é preparar as reações incendiárias
das coletividades. A atualidade do mundo necessita criar um novo mecanismo de
justiça econômica entre os povos" (págs. 109-110).
No capítulo XXI - "Na dependência da guerra",
"Sentença de destruição" e “O futuro pertencerá ao Evangelho" - Emmanuel
conclui suas considerações a respeito da guerra que deflagraria dois anos
depois de suas comunicações a Chico Xavier. Vamos concluir estes apressados reparos
com mais uma citação do livro que traz o nome de Emmanuel:
“Vê-se,
mais que nunca, que toda a vida do Ocidente depende da guerra. Milhares de
operários têm suas atividades postas ao serviço da manufatura das armas
homicidas. Milhares de homens estão empregados no trabalho ativo da militarização.
Milhares de criaturas se movimentam e ganham o pão cotidiano nas indústrias
guerreiras."
“A
civilização está em crise porque conheceu a sua sentença de destruição. A
guerra, no seu mecanismo industrial, econômico e
político, é imprescindível e inevitável. Comunismo e fascismo, nas suas
oposições ideológicas, só poderão apressá-la. "
“A
civilização em crise, organizada para a guerra e vivendo para a guerra, há de
cair inevitavelmente, mas o futuro nascerá dos seus escombros, para viver o
novo ciclo da humanidade, sem os extremismos anti racionais, na época gloriosa
da justiça econômica."
Meditemos as palavras proféticas de
Emmanuel, mas não nos esqueçamos jamais destas suas recomendações:
"- Os homens não devem permanecer embevecidos,
diante das nossas descrições. O essencial é meter mãos à obra, aperfeiçoando,
cada qual, o seu próprio coração primeiramente, afinando-o com a lição de
humildade e de amor do Evangelho, transformando em seguida os seus lares, as
suas cidades e os seus países, afim de que tudo na Terra respire a mesma
felicidade e a mesma beleza dos orbes elevados, conforme as nossas narrativas
do Infinito."
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