terça-feira, 10 de julho de 2012

Dai a Deus o que é de Deus


Dai a Deus 
o que é de Deus (II)



            Quis Jesus, com essas palavras, lembrar os deveres espirituais do homem.

            Dever de educar-se convenientemente para a vida do espírito, dirigindo o pensamento para o Criador; dever de "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo" .

            Esse mandamento, que, aliás, segundo Jesus, resume a Lei e os Profetas, foi por ele desenvolvido no belo poema do Sermão da Montanha - poema que poderá ser condensado num só termo: Amor.

            "Dai a Deus o que é de Deus".

            Quis Jesus, com essas palavras, mostrar ao homem que ele não é apenas matéria, mas que possui a parte espiritual, mais digna de atenção, porque é imperecível;

            Quis que o homem pudesse compreender que a sua vida material nada mais é que veículo de elevação de espírito e que, para elevar-se, é necessário cumprir as leis que regulam a vida espiritual;

            Quis fixar a sua atenção nos bens espirituais que recebemos do Criador e que ao Criador deveremos devolver.        

            As frases de Jesus, aparentemente simples, ingênuas até, encerram sempre maravilhosos poemas espirituais. São doces, puras, e, às vezes, tão elevadas que escapam à nossa percepção.

            É verdade que certos trechos do Evangelho nos parecem confusos à primeira vista, mas é preciso compreender que Jesus não poderia falar claramente, porque não seria entendido pelos rudes povos da época.

            O judeu intransigente, preso à estrela de David, recitando mandamentos ao pé da letra e, ao pé da letra, exemplificando-os, não poderia aceitar a reforma suave trazida por Jesus.

            O perdão integral não poderia ser por ele compreendido e a caridade moral era desconhecida.

            Na frase em estudo: "Dai a Deus o que é de Deus" é elástico o sentido. Todo o mundo espiritual nela está contido e dificilmente poderá o homem material explicá-la convenientemente.

            É preciso sentir Deus, na plenitude dos seus poderes, para compreende-la com acerto e, dentro do estreito círculo do nosso raciocínio, apenas de pequena parcela de compreensão do Infinito poderemos dispor, mais que insuficiente, portanto, para sentir Deus.

            Assim, não quero nem posso tentar explicar realmente a frase em questão, mas apenas lembrar ao homem que os bens materiais são parcelas ínfimas e não podem interessar ao Todo; lembrar que eterna é a essência do espírito (única à semelhança de Deus) e, consequentemente, única que interessa ao Criador.

            Todas as coisas que existem materialmente, são apenas efeitos de transformações e, fatalmente, serão destruídas por novas transformações. Só a parte espiritual permanecerá, porque pertence à essência divina.

            Caminhemos, pois, "com o coração cerrado para o ódio e, de par em par aberto para o Amor", como disse um poeta -sul-americano .

            Caminhemos com os olhos fitos no Alto, tendo escritos nos lábios e no coração os versículos dos Evangelhos de Jesus:

            Caminhemos exemplificando os conselhos do Mestre, pois será certo o dia em que - "Daremos a Deus o que é de Deus, dando ao próximo o que é do próximo".



Alves de Farias Filho
Reformador (FEB) Abril 1950







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