Não admitem os materialistas a
existência do espírito. O homem, para eles, não passa daquilo que veem, sentem,
apalpam e examinam com o bisturi; todavia, já admitem a desagregação do átomo e
já conseguiram demonstrar que a matéria de um metal, aparentemente morta contém
alta dose de uma energia de que já conhecem o efeito, somente o efeito.
Admitem, pois, uma energia viva que
não veem, não sentem, não apalpam e não podem examinar.
E a aceitam, porque lhe viram o efeito, destruindo cidades..
Anteriormente, quando os Espíritos
nos revelavam a existência da matéria una, da qual provinham
todos os corpos existentes na terra, riam-se os nossos sábios. Hoje, porém, que
já foram
além da molécula e já conseguiram transpor o átomo, por lhe conhecerem a
formação e
lhe verificarem a possível transformação através de bombardeamentos de um ou
mais elétrons, caminham os homens para a unicidade que sempre apregoamos.
Ainda não conhecem a energia que movimenta
os elétrons em torno do núcleo, mas já lhe
sentem o poder e já admitem que essa partícula infinitesimal da matéria encerra
o poder de
destruir cidades e nações.
Por outro lado, ainda porque veem e
assistem aos seus efeitos, não negam que a luz possua a força e o poder da
matéria, apesar de a concepção atual da Ciência não admitir que a luz
seja matéria. Admitem a força da luz, porque a veem atuar no radiômetro de
Crookes e fazê-lo
girar, e por observarem que ela decompõe os sais contidos na chapa fotográfica
e que pode
apressar as reações químicas e até mesmo ocasionar explosões violentas.
Não aceitam a eletricidade como
matéria, mas já não negam que ela possua propriedades da matéria visível e
palpável, aproveitando-se--lhe a força, a energia, o poder.
Como vemos, o homem só crê naquilo
que lhe fere os sentidos e crê pelo efeito, apenas pelo
efeito, visto que desconhece a causa de todos esses fenômenos.
Assim tem sido, também, com a
existência do espírito. Quase todos os que o admitiram, só
se renderam depois de sentirem o seu poder. Alguns, porém, que já lhe
observaram o poder, que assistiram à levitação de móveis pesados, que já
catalogaram longa série de fatos demonstrativos
de que. o espírito é matéria intelectualizada e quintessenciada, ainda se
deixam ficar no meio do caminho, à espera de que se lhes apresente a composição
química do espírito.
Aceitam a força da luz, da
eletricidade e do átomo, sem lhes conhecer a fórmula química, ainda mesmo
apenas qualitativa. Aceitam-na porque é oriunda da matéria não
intelectualizada, obediente ao homem e por ele manejável; porém, ao se lhes
deparar uma força maior, que lhes não obedece à ordem, que se lhes não subordina, os homens,
orgulhosos, revoltam-se e exigem, da cátedra de príncipes da Criação, que lhes
deem a composição química do espírito e que este se lhes subordine, como
aparentemente lhes são obedientes todas as forças da matéria não
intelectualizada.
Ora, se um móvel se levanta e se
sustém no ar e se um espírito se deixa fotografar, impressionando a chapa, é
porque existe uma força produzindo o levantamento daquele e um corpo
material que pousou diante da objetiva fotográfica.
Há, portanto, força e matéria;
invisíveis, sim, mas força inteligente, que se não deixa dirigir
pelo homem, e matéria quintessenciada, que só se torna visível pela ação da
vontade do seu possuidor.
Força invisível, mas real. Força que
pode proteger ou perseguir, conforme a afinidade espiritual entre o agente
emissor e o agente receptivo, transmitindo inspirações e fluidos benéficos,
quando merecidos, ou maléficos, como nos casos de obsessão.
Quando os homens, menos presunçosos,
se voltarem para o estudo e observação dessa força, teremos realizado na Terra
a maior conquista dos séculos, maior que as descobertas da eletricidade
e da energia atômica, porque nos conduzirá a conhecimentos que nos acompanharão
extra fronteiras, através dos séculos, além, muito além do túmulo que encerra o
amontoado de átomos componentes do nosso corpo transitório.
Esperemos.
assina G.
Mirim
(Antônio Wantuil de Freitas)
in ‘Reformador’ (FEB)
em Outubro 1945
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