Amor Enlutado JUL 11
Ao anoitecer, José de
Arimatéia – que era discípulo de Jesus, porém às ocultas, com medo dos judeus –
foi requerer permissão a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos
permitiu-o. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus. Apareceu também Nicodemos –
que outrora visitara Jesus, de noite – e trouxe uma mistura de mirra e aloe, de
quase cem libras. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em lençóis de linho,
juntamente com os aromas, segundo a maneira de sepultar usada entre os judeus.
Havia no lugar onde Jesus foi crucificado um horto, e nesse horto um sepulcro
novo, no qual ainda ninguém fora sepultado. Aí depositaram o corpo de Jesus,
por ser dia de preparativos dos judeus; porque o sepulcro se achava a pouca
distância. João
19, 38 ss
José de Arimatéia,
“ilustra senador”, e Nicodemos, “mestre em Israel”, não ousam professar-se
abertamente discípulos do taumaturgo vivo – e proclamam com desassombro a sua
adesão ao Nazareno morto como blasfemo e revolucionário...
Do naufrágio da
esperança e da fé saiu incólume, e ainda mais vigoroso, o amor.
Amortalhadas em
negra crepe jazem as suas esperanças no reino messiânico, a sua fé na divindade
de Cristo – mas sobre as ruínas da fé e da esperança canta o amor a sua epopeia
imortal...
“O coração tem razões
de que a razão nada sabe...”
O ludibrio da
sinagoga, a crueldade do pretório, as infâmias dos fariseus, o universal
opróbrio, que desabou sobre o Crucificado, varreram, qual impetuoso vendaval,
as cinzas da timidez e do respeito humano – e eis que deflagrou em poderosa
labareda o amor latente da alma de Arimatéia e Nicodemos.
O que não valera
o Cristo taumaturgo valeu o Cristo vítima...
Huberto
Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista
dos Tribunais, SP – 1941
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