42 ***
A esse titulo, não será supérfluo
reproduzirmos textualmente a exposição que do primeiro de tais casos faz o Sr.
de Rochas.
"A Sra. Caro - diz ele - é uma moça de 20 anos
(1910), no gozo da mais perfeita saúde. Casou-se aos 17 anos, e seu marido, que
tem predileção pelas ciências psíquicas, um dia me pediu que a adormecesse, a fim
de combater passageiras insônias, de que ela padecia. Obtive ótimo resultado,
logo à primeira aplicação, e restabeleci a normalidade do sono.
"Animados pelo sucesso, continuamos as experiências
e verifiquei que ela manifestava todas as faculdades, de um sensitivo dotado da
maior sensibilidade. Sob a ,influência dos passes longitudinais, o corpo astral
se lhe desprende pela cabeça; desloca-o ela à vontade e lhe faz tomar a forma
que eu desejo. Sente-o, quando eu o toco, ao passo que não experimenta ação
alguma exercida sobre o corpo físico. - Acusa a existência de pontos hipinógenos
e histerógenos nos lugares ordinários. É muito sugestionável, mas unicamente se
o quer. Impossível fazê-la praticar, mesmo adormecida, uma ação que lhe não
agrade; embirra em tal caso
e repele a sugestão. Posso, entretanto, atraí-la por simples sugestão mental.
"Teve um parto absolutamente sem dor, sob a influência
da sugestão, e quando tem qualquer pequeno incomodo, basta-me, para a curar
completamente, exteriorizar seu corpo astral e colocar, por indicação sua, a
mão sobre o duplo da parte afetada, (que ela vê com uma coloração diferente da
do resto do corpo astral). - É extremamente sensível à musica e dá à fisionomia,
de um modo admirável, a expressão de todas as emoções que lhe faz ela experimentar.
"Quando a adormeço até o grau suficiente, por meio
de passes, vê o interior dos corpos e o fluido que de meus dedos se desprende.
Se, nesse estado, olha para sua filhinha, a vê rodeada de uma auréola de cerca
de 2 centímetros, em todo lugar onde a carne está desnudada, especialmente na
cabeça. Se o marido toca então violino, como habitualmente o faz para acalmar a
filhinha, quando chora, vê a auréola se dilatar na direção do instrumento,
desde que as notas são agudas, e retrair-se quando graves. Para lhe permitir contudo
essa observação, é necessário que eu lhe tenha feito a sugestão de não ouvir a
musica, sem o que, estando exteriorizado o seu corpo fluídico, não a pode ela
suportar, porque - diz - é como se alguém lhe operasse nos nervos expostos.
"De várias experiências resulta que ela se reporta
a três vidas anteriores. Na última, que precedera à atual, é um rapazinho João,
nascido numa família miserável, logo depois abandonado e que dormia nos matos,
onde acabou por ser estrangulado, na idade de 15 anos, por uns salteadores.
Nesse momento leva a mão ao pescoço c dá mostras de sufocação . Em relação a
essa vida jamais variou.
"Suas mais antigas recordações, determinadas pela
pressão na fronte, a transportam a uma vida de soldado, a cujo respeito cala
toda particularidade. Foi depois uma senhora, que morava num castelo e
abandonou o marido e o filho, fugindo com um amante. Na velhice e depois da
morte se arrepende e verte lágrimas sinceras.
"Reencarna, sem escolha da sua parte, no corpo de
uma menina, Madalena, cuja mãe parece ter sido uma mulher galante; durante a infância
não vê seu pai senão algumas vezes, à tarde: ele passa a noite em casa e torna
a sair pela manhã. Mora em Paris, para os lados da praça do Trono. Aos 18 anos,
toma um amante, moço , que ama e com quem vive. Alguns anos de felicidade; depois o amante a
abandona e ela vai passando sucessivamente a outros. Era ao tempo do segundo
Império. Acaba por se fazer manteuda de um velho e morre infeliz aos 50 anos .
Aí se insere uma nova personalidade, que nem sempre se apresenta: é um tal
Henrique Charon, proprietário na Côte-d’Or, que vivia no tempo do presidente
Grévy, falecido aos 56 anos e grande apreciador de mulheres.
"Vem, depois, a personalidade João.
"Se a adormeço com os passes
longitudinais, sem interrupção para interrogatório, a fisionomia se lhe
'modifica, para representar quer a infância, quer a idade madura, quer a morte
e a reencarnação, com a atitude peculiar do feto. - Despertando-a por meio dos
passes transversais, noto que passa pelas mesmas fases, em sentido inverso, até
o estado normal. Quando se reencarna no ventre de sua mãe, toma a posição do
feto. Reparando nas posições fetais, pode-se determinar exatamente a vida em
que se encontra ela.
"No intervalo das reencarnações está na semiobscuridade,
sem grande sofrimento; vê em volta espíritos, entre os quais alguns maus se reúnem
para fazer mal.
“A existência desventurada de João lhe fora imposta
como punição de seus desregramentos, na personalidade precedente. - Agora está
paga a sua dívida, sendo-lhe assim possível ter uma vida normal.
"Quando está adormecida até o grau de perceber o
fluido, vê formar-se em torno a si um cilindro luminoso, se por minha vez lhe
ando em volta. - Um dia lhe perguntei se não via então algum espírito; ao cabo
de um instante seu olhar se fixou e adquiriu uma expressão de medo. Levou a mão
ao pescoço. À reiterada pergunta que lhe fiz respondeu que via o espírito do
que a estrangulara, na existência de João.
"O fenômeno de regressão da memória em sua vida
atual é muito positivo, - Até a idade de 7 anos não há reflexo de pudor.
"Para o futuro muito pouco a
impeli. Ela se vê, entretanto aos 26 anos em Paris, o que representa
provavelmente a realização de um desejo. Mas assume então um ar triste e recusa
explicar-se. "
Nenhum comentário:
Postar um comentário