Satanás ou Amigo? JUN 21
Ainda
estava Jesus a falar, quando chegou Judas, um dos doze, acompanhado duma
multidão de gente armada de espadas e varapaus, por ordem dos príncipes dos
sacerdotes e anciãos do povo. Tinha o seu traidor combinado com eles este
sinal: A quem eu beijar, esse é; prendei-o!”Logo se aproximou de Jesus com as
palavras: “Salve, Mestre!”e o beijou.
Respondeu-lhes
Jesus: “Amigo, a que viestes?”
Nisto
se aproximaram eles, deitaram as mãos a Jesus e o prenderam. Um dos
companheiros de Jesus puxou da espada e, vibrando-a contra um servo do sumo
sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Disse-lhe Jesus: “Mete a espada na bainha!
Todos os que manejarem espada à espada perecerão. Cuidas então que meu Pai não
me mandaria em auxílio, agora mesmo, mais de doze legiões de anjos, se lho
pedisse? Mas como se cumpririam, neste caso, as Escrituras, segundo as quais
assim deve acontecer? (Mateus 26,
47 ss)
Simão Pedro quer
dissuadir o Mestre do sofrimento – e tem de ouvir a acerba repreensão:
“Retira-te de mim, Satanás, que me dás escândalo!”
Judas Iscariotes
lança o Mestre ao abismo do mais atroz dos martírios – e percebe a suave
interrogação: “Amigo, a que vieste?”
O aliado do
sofrimento é amigo...
O inimigo da dor
é Satã...
Estranha e
profunda, essa intuição do Nazareno.
Ah! Ele bem o
sabia...
O gozo profana –
a dor santifica...
O prazer afasta
de Deus – o sofrimento aproxima da Divindade...
As delícias
mancham – o martírio redime...
Fogem da
fantástica visão da cruz os analfabetos da espiritualidade.
E o Sumo
Sacerdote da Nova Aliança ascende a ara do grande sacrifício, ele só, muito
sozinho... Nenhum ministro. Nenhum levita... Nenhum acólito.
Redentor – ele
só...
Huberto
Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista
dos Tribunais, SP – 1941
Nenhum comentário:
Postar um comentário