Porque... por quê? JUN 23
O
pontífice interrogou a Jesus sobre os seus discípulos e sobre a sua doutrina.
Respondeu-lhe Jesus: “Tenho falado em público a todo o mundo. Tenho ensinado
sempre nas sinagogas e no templo, aonde concorrem todos os judeus, e não falei
coisa alguma à ocultas. Por que me interrogas a mim? Interroga aos que ouviram
o que lhes disse. Eles bem sabem o que ensinei.”
A estas palavras, um dos servos
assistentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: “Se falei mal, dá prova do mal;
mas, se falei bem, por que me feres?” João 18, 19 ss
De rica seara, fecunda semente foi
esta bofetada.
Depois dela,
infinitas bofetadas têm sido distribuídas a “réus” inocentes por servis
bajuladores de poderosos tiranos.
Sorrir para os de
cima e espezinhar os de baixo – oh! quão humana é esta desumana política!
Mas entre o
direito da força dos potentes lá de cima e dos insolentes cá de baixo está,
qual lúgubre esfinge, a força do direito, que há de um dia responder ao tremendo
“por quê” do Nazareno, a que a injustiça da humana Justiça não deu resposta.
“Por que me feres?...”
Ficou o Sinédrio
devendo até hoje a resposta a esse divino “porquê” – e Israel erra pelo mundo
há vinte séculos, fantástico Ahasver[1],
à procura de resposta a essa lúgubre interrogação do melhor de seus filhos...
E vós, povos
cristãos, por que feris o Cristo? Por que que banis do vosso meio, dos vossos
governos, dos vossos parlamentos, dos vossos tribunais, das vossas escolas, das
vossas repartições públicas, por que banis e expulsais esse homem de Nazaré?
que mal fez ele à humanidade?... se fez mal, provai o mal – mas, se fez bem,
por que o expulsais? Por que?... por que?...”
Huberto
Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista
dos Tribunais, SP – 1941
[1] Entendemos
que o Ahasver de Rohden seja o mesmo Ahasverus citado abaixo. Se negativo...
Corrijam-me!
“A lenda de Ahasverus surgiu no
Século IV e apareceu na Europa a partir de 1228, quando um arcebispo armênio,
visitando a Inglaterra, mais precisamente o convento de Saint’Albans, revelou
conhecer em seu país uma testemunha viva da paixão de Cristo. Tratava-se do
judeu Ahasverus, agora convertido e batizado por Ananias com o nome de
Cartaphilus, o mesmo que esmurrara o Salvador quando este, sob o peso da cruz,
tombara diante de sua porta.
Ahasverus, o judeu errante e
“eterno estrangeiro” aonde quer que vá em sua peregrinação permanente, era um
carpinteiro de Jerusalém que estava em sua tenda de trabalho no dia do santo
suplício. Jesus, humilhado, açoitado e sangrando, deteve-se um mínimo instante
à sua porta, haurindo forças para prosseguir em seu calvário. Ahasverus parou
seus afazeres, chegou-se para perto do divino nazareno e, empurrando-o,
vociferou colérico:
-- Vai andando! Vai logo!
Jesus apenas olhou-o e
respondeu-lhe mansamente:
-- Eu vou e tu ficarás até a
minha volta...
E Ahasverus está até hoje errando
pelo mundo, sem caminho certo, sem morrer, mas sem descanso, esperando e
esperando pela volta do Senhor.....” Fonte: www.flogão.com.br
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