Política
e Religião
Hábito inveterado e condenável é
esse dos oradores de comícios procurarem envolver questões de consciência
religiosa nas campanhas políticas.
Padres e pastores falam nos
púlpitos, nos comícios, envolvendo a religião e acusando candidatos contrários
de estarem a serviço de inimigos da sua igreja; outros, mais imaginosos,
organizam procissões e festejos e lá se derramam pelas ruas da cidade, exibindo
andores e cantores, que passam a ser elemento eleitoral, pedindo votos para
adeptos do vigário, do pastor, bispo ou apóstolo (quando não para os próprios) e
ainda pragas para os "inimigos" da sua (deles) religião.
Imitando agrupamentos políticos que
defendem interesses comuns como, por exemplo, a bancada ruralista, surgiu
também a ‘bancada evangélica’ com se o Cristo de Deus necessitasse de
representantes seus no Congresso Nacional. Nosso Governador governa e não se
submete às miudezas daqueles que buscam a matéria através de negociações nem
sempre muito claras e oriundas dos calabouços da política.
A errada e perigosa mania de usar-se
dessa ferramenta de paz e amor para fins eleitorais, suporta o que há de condenável
e desenfreado no processo partidarista. O bispo disse,
o arcebispo não disse, quem disse foi o pastor, a Cúria negou...
É assim que se costuma fazer política
partidária, vingativa, odienta, sectarista e intolerante,
deseducando o povo, habituando a mocidade e as crianças que leem ou vão ouvir
oradores nos comícios, a desrespeitar o direito de voto, a desprestigiar o regime democrático, a estimular mentiras, a nutrir desavenças, a robustecer
ódios.
Entendemos que, trocando o púlpito
por uma tribuna de achincalhes partidários, estarão os sacerdotes e pastores se
nivelando a qualquer pecador, não lhes sendo mais razoável falar como Pastores
de Almas mas sim como caçadores de votos mundanos .
As igrejas – a de Roma ou as
reformadas - vão mal com sacerdotes que mais se entregam à paixão política do
que à beleza espiritual de seu magistério divino.
Espíritas, amai-vos, eis o primeiro
mandamento. Instruí-vos, eis o segundo. No mais, oremos para que nossas
escolhas políticas acertem em seus mandatos de forma a refletirem os
ensinamentos do Mestre Jesus em seus atos e palavras.
Decalcado de um
artigo de Reformador (FEB) de Jan
1948
Nenhum comentário:
Postar um comentário