O Sermão do Silêncio JUN 30
Herodes folgou muito ao ver Jesus;
porque, desde longo tempo, desejava vê-lo, por ter ouvido falar muito dele, e
esperava vê-lo fazer algum milagre. Fez-lhe, pois, muitas perguntas; Jesus,
porém, não lhe deu resposta.
Estavam presentes os príncipes dos sacerdotes
e escribas, acusando-o sem cessar. Herodes, com os da sua guarda, fez dele
ludíbrio, vestindo-lhe uma veste branca. E reenviou-o a Pilatos.
Neste mesmo dia, tornaram-se amigos
Herodes e Pilatos, quando antes eram inimigos um do outro. Lucas 23, 8ss
Falara Jesus diante de Pilatos.
Diante de Caifás. Diante de Judas até.
Cala-se diante de
Herodes. Também, que diria ele a esse homem? Como compreenderia o vício a
virtude? Que sociedade há entre a luz e as trevas? Entre o filho da virgem e o
escravo da luxúria?
A única resposta
que podia o Home-Deus dar ao homem-animal era o silêncio, o mais profundo
silêncio...
E Herodes fez o
que era de esperar do seu caráter. Ludibriou o Nazareno como um louco. Foi fiel
a si mesmo, esse real comediante...
Desde esse
primeiro carnaval da sexta-feira santa em Jerusalém, atravessa o Nazareno os
séculos da História, coberto com o manto do escárnio, do ludíbrio, da loucura
da cruz.
Têm razão todos
esses Herodes, de todos os tempos, de todos os países. Para o escravo da
luxúria, para os levianos gozadores do mundo, é o Cristo um pobre idiota; e o
seu Evangelho, um aborto do hospício...
“Não compreende o homem animal as coisas do
espírito de Deus; parecem-lhe estultícia; nem as pode compreender, porque devem
ser tomadas em sentido espiritual.” (Paulo,
apóstolo)
Huberto
Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
Edição da Revista
dos Tribunais, SP – 1941
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